|Nicarágua

A Nicarágua não voltará a tolerar a violência e a ingerência, afirma Ortega

No dia em que o Congresso da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) aprovou a candidatura de Ortega a um novo mandato, a UE decretou novas sanções contra altos funcionários do país.

Daniel Ortega foi nomeado candidato presidencial no Congresso da Frente Sandinista 
Créditos / El Periódico

No encerramento do congresso, esta segunda-feira, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, que foi nomeado candidato da FSLN à Presidência da República nas eleições gerais de 7 de Novembro próximo, advertiu que o seu país não voltará a tolerar cenas de violência e morte como as vividas em 2018, nem tão-pouco acções de ingerência estrangeira nos seus assuntos internos.

«Apesar de todos os benefícios que o governo sandinista trouxe a todos os sectores económicos e sociais, os mais poderosos procuraram destruí-los e arrebatá-los», afirmou o dirigente da FSLN, sublinhando que «conseguimos derrotar essa agressão terrorista que violava os direitos humanos dos nicaraguenses».

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O dinheiro da Usaid na Nicarágua, a ingerência e a luta pela soberania

Com a abertura de uma investigação sobre alegada lavagem de dinheiro, o «vespeiro» da oposição nicaraguense e meios que lhe são afins andam numa grande agitação.

A comissão mista, integrada por três elementos do governo e três da oposição, fez um apelo ao fim imediato da violência na Nicarágua
A violência golpista na Nicarágua, entre meados de Abril e finais de Julho de 2018, provocou mais de 200 vítimas mortais Créditos / noticiasvenezuela.org

No âmbito do processo lançado pelo Ministério do Interior (Migob) e pelo Ministério Público, foram notificados, no passado dia 20, três ex-directores da auto-dissolvida Fundación Violeta Barrios de Chamorro para la Reconciliación y la Democracia, para que respondam pelas «inconsistências» detectadas nos relatórios financeiros correspondentes ao período 2015-2019.

Deste modo, afirma o jornalista Francisco G. Navarro numa peça publicada na passada segunda-feira, voltou à tona um assunto que, porventura, a oposição julgava esquecido.

O que está em causa, explica, é o financiamento que, proveniente sobretudo de instituições norte-americanas – tendo como bandeira a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) –, entrou às mãos cheias na última década nas arcas de organizações não governamentais (ONG) da Nicarágua, que foram instrumentos políticos para a aplicação do chamado golpe brando contra o governo liderado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

Numa nota de imprensa, o Ministério do Interior afirmou que «a Fundación Violeta Barrios de Chamorro incumpriu gravemente as suas obrigações perante a entidade reguladora e, da análise aos estados financeiros [do] período 2015-2019, obtiveram-se claros indícios de lavagem de dinheiro; pelo que o Migob informou o Ministério Público com vista à investigação correspondente».

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A trama do golpe: os milhões da NED e «estudantes» a pedir apoio em Washington

O jornalista Max Blumenthal trouxe mais luz sobre a ingerência norte-americana na Nicarágua, centrando-se na ajuda de NED-USAID à «insurreição» e no giro de dirigentes estudantis do golpe em Washington.

Onda de violência alimentada pela oposição de direita com o apoio dos EUA já provocou quase 200 mortos na Nicarágua, desde 18 de Abril
Créditos / annurtv.com

No artigo intitulado «Máquina intervencionista da administração norte-americana vangloria-se de "preparar o terreno para a insurreição" na Nicarágua», publicado recentemente pelo jornalista norte-americano Max Blumenthal em The Gray Zone Project, as teorias conspirativas do golpe com apoio gringo – para o qual o governo sandinista tem chamado a atenção – ganham densidade.

«Se alguma imprensa mainstream tem procurado retratar o violento movimento de protesto na Nicarágua como uma corrente progressista de base, os líderes estudantis do país deixaram entender outra coisa», afirma-se no texto, que lembra como, no início deste mês, os líderes estudantis nicaraguenses, com papel destacado no movimento de oposição a Daniel Ortega, se deslocaram a Washington, sendo acolhidos pela Freedom House, ONG de direita que financiou a sua viagem, e procurando o apoio no seio da administração dos EUA e da fina flor da extrema-direita intervencionista – vide Ted Cruz ou Mark Rubio –, com quem se reuniram e posaram para a fotografia.

Também foram recebidos por altos funcionários do Departamento de Estado e por Mark Green, presidente da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), caracterizada por Blumenthal como a organização do soft power da administração norte-americana.

Maradiaga na OEA

Na mesma altura, a investir contra a «ditadura de Ortega», fez-se representar na Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, uma delegação da oposição liderada por Félix Maradiaga, presidente do Instituto de Estudos Estratégicos e Políticas Públicas (IEEPP) de Manágua, que, segundo Blumenthal, recebeu pelo menos 260 mil dólares da Fundação Nacional para a Democracia (NED, na sigla em inglês) desde 2014.

As subvenções destinavam-se a apoiar o trabalho do IEEPP na área da educação de activistas, com vista «a fomentar o debate e gerar informação sobre segurança e violência». O financiamento também se destinava a cobrir os esforços para monitorizar a «presença crescente da Rússia e da China na região», refere-se no texto.

Sobre Maradiaga, Max Blumenthal afirma que a sua agenda veio à tona mal se iniciaram os protestos violentos na Nicarágua contra Ortega. «Ex-líder do Young World Forum, educado em Yale e Harvard, foi elogiado por La Prensa por "suar, sangrar e chorar ao pé dos jovens estudantes que lideraram os protestos na Nicarágua"», que, de acordo com a informação ontem divulgada pela Comissão da Verdade, Justiça e Paz, já provocaram 194 vítimas mortais.

Enquanto Maradiaga estava em Washington, a Polícia nicaraguense acusou-o de supervisionar uma rede criminiosa organizada que assassinou várias pessoas durante os ataques violentos no país centro-americano. Maradiaga afirmou ser vítima de uma «perseguição política» e classificou as acusações como «ridículas», mas, entretanto, adiou o regresso à Nicarágua, recebendo total apoio do Departamento de Estado dos EUA.

O grupo Hagamos Democracia é o que mais fundos recebe da NED – 525 mil dólares desde 2014. De acordo com Blumenthal, o presidente do grupo, Luciano García, que supervisiona uma rede de repórteres e activistas, declarou que Ortega transformou a Nicarágua num «Estado falido», tendo exigido a «sua demissão imediata».

O autor afirma que a NED procurou esconder bem a identidade das organizações que financiava para alimentar a oposição a Daniel Ortega, mas estas eram bem conhecidas na Nicarágua. No entanto, quem mais dinheiro «investe» contra os governos de «orientação socialista na América Latina» é a USAID. Só na Nicarágua, o orçamento desta organismo centrado na ingerência, no intervencionismo e na desestabilização «ultrapassou os 5,2 milhões de dólares em 2018», na sua maioria destinados ao «treino da sociedade civil e de meios de comunicação social».

A ingerência, dita sem rodeios

No dia 1 de Maio, cerca de um mês antes do giro da direita em Washington, Benjamin Waddell, director académico da School for International Training in Nicaragua, afirmou sem rodeios numa publicação financiada pela NED que «organizações apoiadas pela NED passaram anos e milhões de dólares a "criar as bases para a insurreição" na Nicarágua».

Publicado no Global Americans – um portal noticioso centrado na América Latina –, o artigo de Waddell «vangloria-se abertamente da ingerência dos EUA», afirma Blumenthal, que sublinha o carácter «francamente sincero da avaliação do impacto dos investimentos realizados pela NED» na sociedade nicaraguense.

De «forma inadvertida», as conclusões do autor fazem eco das do presidente sandinista Daniel Ortega e seus apoiantes, que «enquadraram os protestos no âmbito de um golpe cuidadosamente montado e apoiado até aos dentes por Washington», frisa Blumenthal.

Numa publicação financiada pela NED, Benjamin Waddell salienta o «engano» da imprensa internacional ao descrever a «rápida escalada de distúrbios» na Nicarágua «como uma explosão espontânea de descontentamento colectivo», desencadeada, entre outros factores, pelas mudanças do governo no sistema de Segurança Social. Waddell esclarece: «Se é verdade que havia causas subjacentes à confusão enraizadas na má administração e na corrupção do governo, é cada vez mais claro que o apoio dos Estados Unidos teve um papel no fomento dos levantamentos actuais.»

Noutra passagem igualmente esclarecedora e «sem rodeios», destacada por Blumenthal, Waddell afirma que «o actual envolvimento da NED na alimentação de grupos da sociedade civil na Nicarágua deita luz sobre o poder do financiamento transnacional de influir nos resultados políticos no século XXI».

Waddell defende os resultados da NED e nem se esquece do seu papel nas Primaveras Árabes... Ainda em relação à Nicarágua, afirma que o organismo intervencionista norte-americano gastou 4,1 millhões de dólares entre 2014 e 2017, financiando 54 «projectos» para «criar as bases para a insurreição» – a «mudança», em versão posterior, alterada do texto.

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Assim, foram intimados a depor Cristiana Chamorro, Walter Antonio Gómez e Marco Antonio Fletes, que eram, respectivamente, representante, administrador financeiro e contabilista geral no momento em que a fundação decidiu encerrar as operações.

No passado dia 5 de Fevereiro, Chamorro, filha da ex-presidente nicaraguense Violeta Barrios, anunciou a suspensão das actividades da fundação, negando-se a aceitar a Lei de Regulação de Agentes Estrangeiros, aprovada pela Assembleia Nacional a 15 de Outubro do ano passado.

Essa legislação regulamenta «as pessoas naturais e jurídicas que respondam a interesses e financiamento estrangeiros e o utilizem para realizar actividades que derivem em ingerência de governos ou organizações nos assuntos internos da Nicarágua». Dois meses depois, o Parlamento aprovou a «Lei de defesa dos direitos do povo à independência, à soberania e autodeterminação para a paz».

Chamorro, que entretanto lançara, sem apoio partidário, a sua candidatura à Presidência da República, com vista às eleições de Novembro próximo, tinha de depor no Ministério Público pela presumível prática do «crime de lavagem de dinheiro e de activos em prejuízo do Estado e da sociedade», de acordo com o exposto pelo Migob.

Dinheiro para a subversão

Entre Abril e Julho de 2018, lembra Navarro no texto publicado pela Prensa Latina, o governo nicaraguense teve de enfrentar uma tentativa de golpe de Estado, que, «longe do carácter conjuntural com que foi apresentada pelos grandes órgãos de comunicação social, fez parte de uma estratégia de derrube traçada e executada pela Usaid para o período 2010-2020».

Um relatório publicado pela organização Behind Back Doors revela que, nessa fase, a agência governamental dos EUA destinou inicialmente 68,4 milhões de dólares ao financiamento da preparação do golpe e, em 2016, juntou-lhe mais 7,9 milhões, de modo a reforçar a implementação de vários programas.

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Intentona na Nicarágua provocou danos no valor de 1100 milhões de dólares

O presidente do Banco Central da Nicarágua informou os participantes na 4.ª edição do Fórum de Amor, Paz e Solidariedade sobre os avultados danos económicos provocados pela «crise política» no ano passado.

A maioria dos nicaraguenses defende a paz
Créditos / Twitter

Intervindo no Quarto Fórum de Amor, Paz e Solidariedade, que teve lugar recentemente em Manágua, Ovidio Reyes, presidente do Banco Central da Nicarágua (BCN), sublinhou que quando a intentonta golpista teve início, a 18 de Abril, o país centro-americano mostrava «indicadores económicos encorajadores», nomeadamente um investimento externo de 12% e exportações acima dos 5000 milhões de dólares.

No que respeita ao sector do Turismo, a indústria estava em franco crescimento, tendo o país acolhido cerca de 500 mil visitantes nos três primeiros meses de 2018. A expectativa era de que se ultrapassasse os 2 milhões de turistas. «Uma coisa tremenda, mas que estancou», disse, precisando que, dos «960 milhões de dólares previstos, o sector apenas deve registar um lucro de 540 milhões».

Reyes disse que as acções violentas associadas à intentona golpista, orquestrada por Washington, levaram a um decréscimo para metade no investimento estrangeiro (cerca de 700-800 milhõe de dólares). Para além disto, o BCN estima que a tentativa de golpe contra o governo legítimo do país tenha provocado danos económicos globais no valor de 1110 milhões de dólares. O número de desempregados disparou para 130 mil, revela a Prensa Latina.

Apesar de tudo, valorizou a capacidade de resistência da Nicarágua e o seu «sólido sistema financeiro», já que «dez anos seguidos de progresso e muita poupança» tinham permitido «acumular forças», disse.

«Com três meses de agitação social e pressão, as pessoas ficaram nervosas e os depósitos diminuíram 27%», disse, explicando que, noutros países, isso teria significado «o descalabro».

A este propósito, lembrou o que aconteceu na Argentina quando houve uma quebra de 15% nos depósitos: colapso e desvalorização da moeda. «E receberam uma injecção substancial por parte de organismos internacionais – 60 mil milhões de dólares – e a Nicarágua zero, o que significa que o país estava mais bem preparado que qualquer outro», frisou, citado pelo portal tn8.tv.

«Direito a viver em paz»

A quarta edição do Fórum de Amor, Paz e Solidariedade decorreu na capital do país, Manágua, nos dias 10 e 11 de Janeiro, tendo contado com a participação de mais de 50 representantes de cerca de duas dezenas de países.

Presente no encontro, o deputado da Duma Estatal russa e vice-presidente do Partido Comunista da Federação Russa, Dimitri Novikov, disse à Prensa Latina que testemunhou o apoio do povo ao governo sandinista.

Lembrou que, para a Casa Branca, a Nicarágua faz parte do «triângulo do mal» em que se incluem a Venezuela e Cuba, e defendeu a necessidade de expressar a solidariedade a estes países – que «desejam manter a sua soberania» – face à «agressividade do imperialismo norte-americano».

Por seu lado, o presidente do Instituto Cubano de Amizade com os Povos, o herói cubano Fernando González, defendeu o direito da Nicarágua a viver em paz.

Também em declarações à Prensa Latina, González afirmou que a tentativa de golpe levada a cabo entre Abril e Julho do ano passado no país centro-americano se enquadra na estratégia de ataques contra o governo bolivariano na Venezuela, do golpe parlamentar contra a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff e do encarceramento injusto de Lula da Silva.

Sobre o Fórum, este herói cubano, que passou mais de 17 anos nos cárceres dos EUA e foi libertado em 2014, valorizou a informação recebida da parte de membros do governo nicaraguense, de deputados, académicos e comunicadores acerca do que se passou no país em 2018 – uma violência aparentemente anárquica, mas que foi bem orquestrada e que apresenta semelhanças com as «guarimbas» na Venezuela em 2017.

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Em declarações à imprensa, Wilfredo Navarro, deputado e segundo secretário da Junta Directiva da Assembleia Nacional, não hesitou em denunciar a utilização do financiamento recebido pela ONG de Chamorro. «Através da sua fundação, lavaram e fizeram entrar mais de 15 milhões de dólares para financiar o falhado golpe de 2018 e jornalistas mercenários», disse.

«Entre a Fundación Chamorro, Cinco (ONG de outro filho da ex-presidente, Carlos Fernando) e outras, lavaram e fizeram entrar mais de 30 milhões de dólares para pagar aos assassinos e torturadores, autores da dor, destruição e morte no golpe falhado de 2018. Nem a justiça divina, nem a da terra os perdoará. As suas mãos estão cheias de sangue», acrescentou o presidente do Movimiento Liberal Constitucionalista Independiente, aliado da FSLN.

Abrigo de meios de comunicação contra a Frente Sandinista

No contexto da tentativa de golpe e à sombra da fundação, surgiram vários órgãos de comunicação que tinham como arma a desinformação e objectivo o ataque à FSLN, afirma Francisco Navarro, lembrando a «curiosidade» – bastante destacada pela militância de esquerda nos últimos dias – de nenhum desses meios de comunicação contar com publicidade e estarem localizados num dos edifícios mais «luxuosos» da capital.

Neste contexto, que envolve uma ONG que servia de ponta de lança à tentativa de derrubar o governo constitucional da Nicarágua, o presidente Daniel Ortega, numa das suas intervenções públicas, «pôs os pontos nos i».

«Aqui, o embaixador yanqui anda de cima para baixo a vender os seus candidatos, como se fosse nicaraguense. […] Se quer vender candidatos, que os vá vender aos Estados Unidos […]. O embaixador yanqui que não se meta aqui. […] para que os partidos políticos aceitem o candidato que o yanqui quer, deve pensar que ainda estamos nos tempos da ocupação», disse o chefe de Estado, lembrando que os representantes diplomáticos da União Europeia trabalham na mesma linha.

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Disse ainda que o povo da Nicarágua se pode «pôr de acordo respeitando a instituições para avançar no caminho do desenvolvimento económico do país» e «levando aos nicaraguenses os verdadeiros direitos humanos, mais saúde, mais educação, mais electricidade, estradas, escolas, bem-estar».

De acordo com a Constituição do país centro-americano, há eleições gerais de cinco em cinco anos, sendo a data fixa no primeiro domingo de Novembro, informa a Prensa Latina.

O Conselho Supremo Eleitoral informou que, segundo a última actualização dos cadernos eleitorais, existem 4,7 milhões de cidadãos com direito a voto no país, podendo assim participar numa contenda para a qual se inscreveram 17 partidos políticos, alguns unidos em alianças.

Venezuela condena agressão mais recente da UE à Nicarágua

O Ministério venezuelano dos Negócios Estrangeiros emitiu um comunicado, esta segunda-feira, em que condena as medidas coercivas impostas pela União Europeia (UE) contra oito altos funcionários do país centro-americano.

Entre os visados pelas medidas unilaterais do bloco europeu estão a vice-presidente, Rosario Murillo; a presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Alba Luz Ramos; o presidente da Assembleia Nacional, Gustavo Porras; e a procuradora-geral da Nicarágua, Ana Julia Porras.

Foram ainda punidos dois dirigentes da Polícia Nacional, Fidel Domínguez e Juan Antonio Valle; o assessor presidencial Bayardo Arce e o director do Canal 8, Juan Carlos Ortega Murillo.

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Com bicadas a gringos, Ortega destaca economia «estável» no aniversário da revolução

No 42.º aniversário do triunfo da Revolução Sandinista, o presidente nicaraguense homenageou os combatentes, destacou a estabilidade da economia, apesar dos ataques, e instou à defesa da soberania.

Mesmo no contexto da pandemia, com um formato reduzido, as celebrações do aniversário da Revolução Sandinista levaram alegria a muitos pontos do país centro-americano 
Créditos / France 24

O chefe de Estado recordou, esta segunda-feira, a luta do general Augusto Sandino pela soberania e autodeterminação do país centro-americano, e sublinhou o papel de vanguarda assumido pelas mulheres na revolução.

«Sinto que me encho de energia do general Sandino (...). As mulheres nunca retrocederam na luta contra a hegemonia, nem se renderam, defenderam a Pátria», disse, citado pela TeleSur.

As comemorações – ainda em formato reduzido devido à pandemia – encheram de alegria e cor as ruas de Manágua e muitas outras localidades onde os sandinistas festejaram a gesta libertadora contra a ditadura de Anastasio Somoza.

A 19 de Julho de 1979, a guerrilha da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) e o povo nicaraguense que a apoiou entraram na capital e consolidaram o triunfo revolucionário, dois dias depois de o ditador ter fugido do país para Miami e a Guarda Nacional se ter rendido.

O dia 17 de Julho, hoje Dia da Alegria, ficou marcado pelo «trilho de botas, uniformes e espingardas dos que abandonavam o traje [militar] para se disfarçarem de civis e fugirem», como lembrou o escritor e advogado nicaraguense Alejandro Bravo.

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Face a sanções dos EUA, vários países unidos na defesa da Nicarágua

Síria, Cuba, Venezuela e ALBA expressaram solidariedade com o país centro-americano, depois de a administração dos EUA ter reforçado a pressão e a ingerência com a imposição de novas sanções.

Onda de violência alimentada pela oposição de direita com o apoio dos EUA já provocou quase 200 mortos na Nicarágua, desde 18 de Abril
O governo nicaraguense está a fazer frente à trama golpista que a «ajuda» de NED-Usaid promoveu e promove no país Créditos / annurtv.com

Num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a Síria condenou a ingerência norte-americana nos assuntos internos da Nicarágua e expressou a total solidariedade com o povo e o governo do país centro-americano, alvo de «uma flagrante tentativa de intromissão da administração» dos EUA com o propósito de o «desestabilizar».

Na semana passada, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos decretou sanções unilaterais contra quatro funcionários nicaraguenses: a coordenadora da Comissão de Economia Criativa, Camila Ortega Murillo; o presidente do Banco Central, Leonardo Reyes; o deputado Edwin Castro e o general de brigada Julio Rodríguez, informa a agência Prensa Latina.

A medida foi denunciada por Manágua como uma interferência de Washington nos seus assuntos internos, depois de o Ministério Público ter levado a cabo acções judiciais contra sete membros da oposição, pela alegada prática dos crimes de lavagem de dinheiro e de acções contra a soberania, de acordo com a Constituição e o edifício legal do país, segundo divulgaram as autoridades.

Venezuela repudia «política hostil» norte-americana

Num encontro que manteve em Caracas com a embaixadora da Nicarágua, Yaosca Calderón, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Rander Peña, denunciou a «agressão» de que o país centro-americano é alvo, para «instigar uma implosão social».

O diplomata questionou a pretensão da administração de Joe Biden de invalidar a «acção soberana de abrir investigações contra criminosos financiados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid)», revelou o Ministério numa nota.

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O dinheiro da Usaid na Nicarágua, a ingerência e a luta pela soberania

Com a abertura de uma investigação sobre alegada lavagem de dinheiro, o «vespeiro» da oposição nicaraguense e meios que lhe são afins andam numa grande agitação.

A comissão mista, integrada por três elementos do governo e três da oposição, fez um apelo ao fim imediato da violência na Nicarágua
A violência golpista na Nicarágua, entre meados de Abril e finais de Julho de 2018, provocou mais de 200 vítimas mortais Créditos / noticiasvenezuela.org

No âmbito do processo lançado pelo Ministério do Interior (Migob) e pelo Ministério Público, foram notificados, no passado dia 20, três ex-directores da auto-dissolvida Fundación Violeta Barrios de Chamorro para la Reconciliación y la Democracia, para que respondam pelas «inconsistências» detectadas nos relatórios financeiros correspondentes ao período 2015-2019.

Deste modo, afirma o jornalista Francisco G. Navarro numa peça publicada na passada segunda-feira, voltou à tona um assunto que, porventura, a oposição julgava esquecido.

O que está em causa, explica, é o financiamento que, proveniente sobretudo de instituições norte-americanas – tendo como bandeira a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) –, entrou às mãos cheias na última década nas arcas de organizações não governamentais (ONG) da Nicarágua, que foram instrumentos políticos para a aplicação do chamado golpe brando contra o governo liderado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

Numa nota de imprensa, o Ministério do Interior afirmou que «a Fundación Violeta Barrios de Chamorro incumpriu gravemente as suas obrigações perante a entidade reguladora e, da análise aos estados financeiros [do] período 2015-2019, obtiveram-se claros indícios de lavagem de dinheiro; pelo que o Migob informou o Ministério Público com vista à investigação correspondente».

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A trama do golpe: os milhões da NED e «estudantes» a pedir apoio em Washington

O jornalista Max Blumenthal trouxe mais luz sobre a ingerência norte-americana na Nicarágua, centrando-se na ajuda de NED-USAID à «insurreição» e no giro de dirigentes estudantis do golpe em Washington.

Onda de violência alimentada pela oposição de direita com o apoio dos EUA já provocou quase 200 mortos na Nicarágua, desde 18 de Abril
Créditos / annurtv.com

No artigo intitulado «Máquina intervencionista da administração norte-americana vangloria-se de "preparar o terreno para a insurreição" na Nicarágua», publicado recentemente pelo jornalista norte-americano Max Blumenthal em The Gray Zone Project, as teorias conspirativas do golpe com apoio gringo – para o qual o governo sandinista tem chamado a atenção – ganham densidade.

«Se alguma imprensa mainstream tem procurado retratar o violento movimento de protesto na Nicarágua como uma corrente progressista de base, os líderes estudantis do país deixaram entender outra coisa», afirma-se no texto, que lembra como, no início deste mês, os líderes estudantis nicaraguenses, com papel destacado no movimento de oposição a Daniel Ortega, se deslocaram a Washington, sendo acolhidos pela Freedom House, ONG de direita que financiou a sua viagem, e procurando o apoio no seio da administração dos EUA e da fina flor da extrema-direita intervencionista – vide Ted Cruz ou Mark Rubio –, com quem se reuniram e posaram para a fotografia.

Também foram recebidos por altos funcionários do Departamento de Estado e por Mark Green, presidente da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), caracterizada por Blumenthal como a organização do soft power da administração norte-americana.

Maradiaga na OEA

Na mesma altura, a investir contra a «ditadura de Ortega», fez-se representar na Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, uma delegação da oposição liderada por Félix Maradiaga, presidente do Instituto de Estudos Estratégicos e Políticas Públicas (IEEPP) de Manágua, que, segundo Blumenthal, recebeu pelo menos 260 mil dólares da Fundação Nacional para a Democracia (NED, na sigla em inglês) desde 2014.

As subvenções destinavam-se a apoiar o trabalho do IEEPP na área da educação de activistas, com vista «a fomentar o debate e gerar informação sobre segurança e violência». O financiamento também se destinava a cobrir os esforços para monitorizar a «presença crescente da Rússia e da China na região», refere-se no texto.

Sobre Maradiaga, Max Blumenthal afirma que a sua agenda veio à tona mal se iniciaram os protestos violentos na Nicarágua contra Ortega. «Ex-líder do Young World Forum, educado em Yale e Harvard, foi elogiado por La Prensa por "suar, sangrar e chorar ao pé dos jovens estudantes que lideraram os protestos na Nicarágua"», que, de acordo com a informação ontem divulgada pela Comissão da Verdade, Justiça e Paz, já provocaram 194 vítimas mortais.

Enquanto Maradiaga estava em Washington, a Polícia nicaraguense acusou-o de supervisionar uma rede criminiosa organizada que assassinou várias pessoas durante os ataques violentos no país centro-americano. Maradiaga afirmou ser vítima de uma «perseguição política» e classificou as acusações como «ridículas», mas, entretanto, adiou o regresso à Nicarágua, recebendo total apoio do Departamento de Estado dos EUA.

O grupo Hagamos Democracia é o que mais fundos recebe da NED – 525 mil dólares desde 2014. De acordo com Blumenthal, o presidente do grupo, Luciano García, que supervisiona uma rede de repórteres e activistas, declarou que Ortega transformou a Nicarágua num «Estado falido», tendo exigido a «sua demissão imediata».

O autor afirma que a NED procurou esconder bem a identidade das organizações que financiava para alimentar a oposição a Daniel Ortega, mas estas eram bem conhecidas na Nicarágua. No entanto, quem mais dinheiro «investe» contra os governos de «orientação socialista na América Latina» é a USAID. Só na Nicarágua, o orçamento desta organismo centrado na ingerência, no intervencionismo e na desestabilização «ultrapassou os 5,2 milhões de dólares em 2018», na sua maioria destinados ao «treino da sociedade civil e de meios de comunicação social».

A ingerência, dita sem rodeios

No dia 1 de Maio, cerca de um mês antes do giro da direita em Washington, Benjamin Waddell, director académico da School for International Training in Nicaragua, afirmou sem rodeios numa publicação financiada pela NED que «organizações apoiadas pela NED passaram anos e milhões de dólares a "criar as bases para a insurreição" na Nicarágua».

Publicado no Global Americans – um portal noticioso centrado na América Latina –, o artigo de Waddell «vangloria-se abertamente da ingerência dos EUA», afirma Blumenthal, que sublinha o carácter «francamente sincero da avaliação do impacto dos investimentos realizados pela NED» na sociedade nicaraguense.

De «forma inadvertida», as conclusões do autor fazem eco das do presidente sandinista Daniel Ortega e seus apoiantes, que «enquadraram os protestos no âmbito de um golpe cuidadosamente montado e apoiado até aos dentes por Washington», frisa Blumenthal.

Numa publicação financiada pela NED, Benjamin Waddell salienta o «engano» da imprensa internacional ao descrever a «rápida escalada de distúrbios» na Nicarágua «como uma explosão espontânea de descontentamento colectivo», desencadeada, entre outros factores, pelas mudanças do governo no sistema de Segurança Social. Waddell esclarece: «Se é verdade que havia causas subjacentes à confusão enraizadas na má administração e na corrupção do governo, é cada vez mais claro que o apoio dos Estados Unidos teve um papel no fomento dos levantamentos actuais.»

Noutra passagem igualmente esclarecedora e «sem rodeios», destacada por Blumenthal, Waddell afirma que «o actual envolvimento da NED na alimentação de grupos da sociedade civil na Nicarágua deita luz sobre o poder do financiamento transnacional de influir nos resultados políticos no século XXI».

Waddell defende os resultados da NED e nem se esquece do seu papel nas Primaveras Árabes... Ainda em relação à Nicarágua, afirma que o organismo intervencionista norte-americano gastou 4,1 millhões de dólares entre 2014 e 2017, financiando 54 «projectos» para «criar as bases para a insurreição» – a «mudança», em versão posterior, alterada do texto.

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Assim, foram intimados a depor Cristiana Chamorro, Walter Antonio Gómez e Marco Antonio Fletes, que eram, respectivamente, representante, administrador financeiro e contabilista geral no momento em que a fundação decidiu encerrar as operações.

No passado dia 5 de Fevereiro, Chamorro, filha da ex-presidente nicaraguense Violeta Barrios, anunciou a suspensão das actividades da fundação, negando-se a aceitar a Lei de Regulação de Agentes Estrangeiros, aprovada pela Assembleia Nacional a 15 de Outubro do ano passado.

Essa legislação regulamenta «as pessoas naturais e jurídicas que respondam a interesses e financiamento estrangeiros e o utilizem para realizar actividades que derivem em ingerência de governos ou organizações nos assuntos internos da Nicarágua». Dois meses depois, o Parlamento aprovou a «Lei de defesa dos direitos do povo à independência, à soberania e autodeterminação para a paz».

Chamorro, que entretanto lançara, sem apoio partidário, a sua candidatura à Presidência da República, com vista às eleições de Novembro próximo, tinha de depor no Ministério Público pela presumível prática do «crime de lavagem de dinheiro e de activos em prejuízo do Estado e da sociedade», de acordo com o exposto pelo Migob.

Dinheiro para a subversão

Entre Abril e Julho de 2018, lembra Navarro no texto publicado pela Prensa Latina, o governo nicaraguense teve de enfrentar uma tentativa de golpe de Estado, que, «longe do carácter conjuntural com que foi apresentada pelos grandes órgãos de comunicação social, fez parte de uma estratégia de derrube traçada e executada pela Usaid para o período 2010-2020».

Um relatório publicado pela organização Behind Back Doors revela que, nessa fase, a agência governamental dos EUA destinou inicialmente 68,4 milhões de dólares ao financiamento da preparação do golpe e, em 2016, juntou-lhe mais 7,9 milhões, de modo a reforçar a implementação de vários programas.

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Intentona na Nicarágua provocou danos no valor de 1100 milhões de dólares

O presidente do Banco Central da Nicarágua informou os participantes na 4.ª edição do Fórum de Amor, Paz e Solidariedade sobre os avultados danos económicos provocados pela «crise política» no ano passado.

A maioria dos nicaraguenses defende a paz
Créditos / Twitter

Intervindo no Quarto Fórum de Amor, Paz e Solidariedade, que teve lugar recentemente em Manágua, Ovidio Reyes, presidente do Banco Central da Nicarágua (BCN), sublinhou que quando a intentonta golpista teve início, a 18 de Abril, o país centro-americano mostrava «indicadores económicos encorajadores», nomeadamente um investimento externo de 12% e exportações acima dos 5000 milhões de dólares.

No que respeita ao sector do Turismo, a indústria estava em franco crescimento, tendo o país acolhido cerca de 500 mil visitantes nos três primeiros meses de 2018. A expectativa era de que se ultrapassasse os 2 milhões de turistas. «Uma coisa tremenda, mas que estancou», disse, precisando que, dos «960 milhões de dólares previstos, o sector apenas deve registar um lucro de 540 milhões».

Reyes disse que as acções violentas associadas à intentona golpista, orquestrada por Washington, levaram a um decréscimo para metade no investimento estrangeiro (cerca de 700-800 milhõe de dólares). Para além disto, o BCN estima que a tentativa de golpe contra o governo legítimo do país tenha provocado danos económicos globais no valor de 1110 milhões de dólares. O número de desempregados disparou para 130 mil, revela a Prensa Latina.

Apesar de tudo, valorizou a capacidade de resistência da Nicarágua e o seu «sólido sistema financeiro», já que «dez anos seguidos de progresso e muita poupança» tinham permitido «acumular forças», disse.

«Com três meses de agitação social e pressão, as pessoas ficaram nervosas e os depósitos diminuíram 27%», disse, explicando que, noutros países, isso teria significado «o descalabro».

A este propósito, lembrou o que aconteceu na Argentina quando houve uma quebra de 15% nos depósitos: colapso e desvalorização da moeda. «E receberam uma injecção substancial por parte de organismos internacionais – 60 mil milhões de dólares – e a Nicarágua zero, o que significa que o país estava mais bem preparado que qualquer outro», frisou, citado pelo portal tn8.tv.

«Direito a viver em paz»

A quarta edição do Fórum de Amor, Paz e Solidariedade decorreu na capital do país, Manágua, nos dias 10 e 11 de Janeiro, tendo contado com a participação de mais de 50 representantes de cerca de duas dezenas de países.

Presente no encontro, o deputado da Duma Estatal russa e vice-presidente do Partido Comunista da Federação Russa, Dimitri Novikov, disse à Prensa Latina que testemunhou o apoio do povo ao governo sandinista.

Lembrou que, para a Casa Branca, a Nicarágua faz parte do «triângulo do mal» em que se incluem a Venezuela e Cuba, e defendeu a necessidade de expressar a solidariedade a estes países – que «desejam manter a sua soberania» – face à «agressividade do imperialismo norte-americano».

Por seu lado, o presidente do Instituto Cubano de Amizade com os Povos, o herói cubano Fernando González, defendeu o direito da Nicarágua a viver em paz.

Também em declarações à Prensa Latina, González afirmou que a tentativa de golpe levada a cabo entre Abril e Julho do ano passado no país centro-americano se enquadra na estratégia de ataques contra o governo bolivariano na Venezuela, do golpe parlamentar contra a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff e do encarceramento injusto de Lula da Silva.

Sobre o Fórum, este herói cubano, que passou mais de 17 anos nos cárceres dos EUA e foi libertado em 2014, valorizou a informação recebida da parte de membros do governo nicaraguense, de deputados, académicos e comunicadores acerca do que se passou no país em 2018 – uma violência aparentemente anárquica, mas que foi bem orquestrada e que apresenta semelhanças com as «guarimbas» na Venezuela em 2017.

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Em declarações à imprensa, Wilfredo Navarro, deputado e segundo secretário da Junta Directiva da Assembleia Nacional, não hesitou em denunciar a utilização do financiamento recebido pela ONG de Chamorro. «Através da sua fundação, lavaram e fizeram entrar mais de 15 milhões de dólares para financiar o falhado golpe de 2018 e jornalistas mercenários», disse.

«Entre a Fundación Chamorro, Cinco (ONG de outro filho da ex-presidente, Carlos Fernando) e outras, lavaram e fizeram entrar mais de 30 milhões de dólares para pagar aos assassinos e torturadores, autores da dor, destruição e morte no golpe falhado de 2018. Nem a justiça divina, nem a da terra os perdoará. As suas mãos estão cheias de sangue», acrescentou o presidente do Movimiento Liberal Constitucionalista Independiente, aliado da FSLN.

Abrigo de meios de comunicação contra a Frente Sandinista

No contexto da tentativa de golpe e à sombra da fundação, surgiram vários órgãos de comunicação que tinham como arma a desinformação e objectivo o ataque à FSLN, afirma Francisco Navarro, lembrando a «curiosidade» – bastante destacada pela militância de esquerda nos últimos dias – de nenhum desses meios de comunicação contar com publicidade e estarem localizados num dos edifícios mais «luxuosos» da capital.

Neste contexto, que envolve uma ONG que servia de ponta de lança à tentativa de derrubar o governo constitucional da Nicarágua, o presidente Daniel Ortega, numa das suas intervenções públicas, «pôs os pontos nos i».

«Aqui, o embaixador yanqui anda de cima para baixo a vender os seus candidatos, como se fosse nicaraguense. […] Se quer vender candidatos, que os vá vender aos Estados Unidos […]. O embaixador yanqui que não se meta aqui. […] para que os partidos políticos aceitem o candidato que o yanqui quer, deve pensar que ainda estamos nos tempos da ocupação», disse o chefe de Estado, lembrando que os representantes diplomáticos da União Europeia trabalham na mesma linha.

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Num comunicado emitido dia 11, o governo venezuelano já tinha condenado as medidas punitivas, «uma nova expressão da soberba imperialista» que visa evitar que o Estado nicaraguense tome decisões soberanas para garantir a paz e a estabilidade nacional.

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez, condenou as sanções impostas pelos Estados Unidos à Nicarágua e a «ingerência nos seus assuntos internos», tendo reafirmado a solidariedade para com o povo nicaraguense e o seu presidente, Daniel Ortega.

Em declarações à imprensa, o secretário-geral da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA), Sacha Llorenti, denunciou que as medidas impostas pelos EUA violam o direito internacional e a Carta das Nações Unidas, e classificou-as como «intervencionistas, abusivas e extraterritoriais».

Direito à soberania e autodeterminação

O governo da Nicarágua protestou há uma semana, de forma veemente, contra as sanções impostas ao país. Num comunicado, o executivo nicaraguense – alvo frequente de sanções norte-americanas – classificou as medidas como «ilegais, arbitrárias, coercivas e unilaterais», e defendeu o direito legítimo do país à soberania, à autodeterminação e à autodefesa «perante os Estados Unidos da América e qualquer outra entidade colonialista e neocolonialista».

«Esta nova violação da soberania da Nicarágua só confirma o que temos denunciado sobre o vendepatrismo e as pretensões e acções terroristas e usurpadoras, que desde a tentativa de golpe de Estado de 2018 se têm vindo a acentuar», lê-se na nota.

O Parlamento da Nicarágua aprovou uma resolução de condenação contra a ingerência dos EUA, sublinhando a legalidade das acções promovidas pelo Ministério Público contra os cúmplices e promotores do golpe.

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A constante ingerência e os ataques dos Estados Unidos ao país não foram esquecidos por Daniel Ortega, que afirmou que o país continua em luta. «Apesar das tentativas do império para nos destruir, aqui estamos de pé e avançando (...). A nossa economia continua a crescer por entre os golpes do imperialismo», frisou.

O presidente destacou ainda que, mesmo com as tentativas de golpe de Estado, as sanções ilegais impostas ao país – económicas, financeiras e comerciais ­– e a pandemia, a Nicarágua continua a desenvolver-se. «Aqui, na Nicarágua, a tendência da economia é para ser cada vez mais estável», referiu.

Ao ilustrar essa «estabilidade» e a obra feita pela Revolução Sandinista na sua segunda etapa (2007-2021), Ortega referiu-se à entrega de 501 380 títulos de propriedade, urbana e rural, e, o que é mais importante, a sua inscrição no registo, para que nenhum latifundiário ou terratenente a possa arrebatar.

Ortega dirigiu-se à administração dos EUA para lhe recordar que a época da hegemonia sobre o mundo já acabou, instou à defesa da soberania nacional e lembrou que, no país, estão em curso várias investigações contra «as famosas organizações não governamentais», que «lavaram dinheiro para espalhar o terrorismo na Nicarágua».

Presidente da Assembleia Nacional destaca que o poder depende do povo, da vontade do povo

Gustavo Porras, deputado da FSLN e presidente do Parlamento da Nicarágua, disse ao Canal Cuatro que, no modelo nicaraguense, a forma de exercer o poder «depende do povo, está sobre os ombros e a vontade do povo nicaraguense, e estamos a demonstrá-lo».

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O dinheiro da Usaid na Nicarágua, a ingerência e a luta pela soberania

Com a abertura de uma investigação sobre alegada lavagem de dinheiro, o «vespeiro» da oposição nicaraguense e meios que lhe são afins andam numa grande agitação.

A comissão mista, integrada por três elementos do governo e três da oposição, fez um apelo ao fim imediato da violência na Nicarágua
A violência golpista na Nicarágua, entre meados de Abril e finais de Julho de 2018, provocou mais de 200 vítimas mortais Créditos / noticiasvenezuela.org

No âmbito do processo lançado pelo Ministério do Interior (Migob) e pelo Ministério Público, foram notificados, no passado dia 20, três ex-directores da auto-dissolvida Fundación Violeta Barrios de Chamorro para la Reconciliación y la Democracia, para que respondam pelas «inconsistências» detectadas nos relatórios financeiros correspondentes ao período 2015-2019.

Deste modo, afirma o jornalista Francisco G. Navarro numa peça publicada na passada segunda-feira, voltou à tona um assunto que, porventura, a oposição julgava esquecido.

O que está em causa, explica, é o financiamento que, proveniente sobretudo de instituições norte-americanas – tendo como bandeira a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) –, entrou às mãos cheias na última década nas arcas de organizações não governamentais (ONG) da Nicarágua, que foram instrumentos políticos para a aplicação do chamado golpe brando contra o governo liderado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

Numa nota de imprensa, o Ministério do Interior afirmou que «a Fundación Violeta Barrios de Chamorro incumpriu gravemente as suas obrigações perante a entidade reguladora e, da análise aos estados financeiros [do] período 2015-2019, obtiveram-se claros indícios de lavagem de dinheiro; pelo que o Migob informou o Ministério Público com vista à investigação correspondente».

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A trama do golpe: os milhões da NED e «estudantes» a pedir apoio em Washington

O jornalista Max Blumenthal trouxe mais luz sobre a ingerência norte-americana na Nicarágua, centrando-se na ajuda de NED-USAID à «insurreição» e no giro de dirigentes estudantis do golpe em Washington.

Onda de violência alimentada pela oposição de direita com o apoio dos EUA já provocou quase 200 mortos na Nicarágua, desde 18 de Abril
Créditos / annurtv.com

No artigo intitulado «Máquina intervencionista da administração norte-americana vangloria-se de "preparar o terreno para a insurreição" na Nicarágua», publicado recentemente pelo jornalista norte-americano Max Blumenthal em The Gray Zone Project, as teorias conspirativas do golpe com apoio gringo – para o qual o governo sandinista tem chamado a atenção – ganham densidade.

«Se alguma imprensa mainstream tem procurado retratar o violento movimento de protesto na Nicarágua como uma corrente progressista de base, os líderes estudantis do país deixaram entender outra coisa», afirma-se no texto, que lembra como, no início deste mês, os líderes estudantis nicaraguenses, com papel destacado no movimento de oposição a Daniel Ortega, se deslocaram a Washington, sendo acolhidos pela Freedom House, ONG de direita que financiou a sua viagem, e procurando o apoio no seio da administração dos EUA e da fina flor da extrema-direita intervencionista – vide Ted Cruz ou Mark Rubio –, com quem se reuniram e posaram para a fotografia.

Também foram recebidos por altos funcionários do Departamento de Estado e por Mark Green, presidente da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), caracterizada por Blumenthal como a organização do soft power da administração norte-americana.

Maradiaga na OEA

Na mesma altura, a investir contra a «ditadura de Ortega», fez-se representar na Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, uma delegação da oposição liderada por Félix Maradiaga, presidente do Instituto de Estudos Estratégicos e Políticas Públicas (IEEPP) de Manágua, que, segundo Blumenthal, recebeu pelo menos 260 mil dólares da Fundação Nacional para a Democracia (NED, na sigla em inglês) desde 2014.

As subvenções destinavam-se a apoiar o trabalho do IEEPP na área da educação de activistas, com vista «a fomentar o debate e gerar informação sobre segurança e violência». O financiamento também se destinava a cobrir os esforços para monitorizar a «presença crescente da Rússia e da China na região», refere-se no texto.

Sobre Maradiaga, Max Blumenthal afirma que a sua agenda veio à tona mal se iniciaram os protestos violentos na Nicarágua contra Ortega. «Ex-líder do Young World Forum, educado em Yale e Harvard, foi elogiado por La Prensa por "suar, sangrar e chorar ao pé dos jovens estudantes que lideraram os protestos na Nicarágua"», que, de acordo com a informação ontem divulgada pela Comissão da Verdade, Justiça e Paz, já provocaram 194 vítimas mortais.

Enquanto Maradiaga estava em Washington, a Polícia nicaraguense acusou-o de supervisionar uma rede criminiosa organizada que assassinou várias pessoas durante os ataques violentos no país centro-americano. Maradiaga afirmou ser vítima de uma «perseguição política» e classificou as acusações como «ridículas», mas, entretanto, adiou o regresso à Nicarágua, recebendo total apoio do Departamento de Estado dos EUA.

O grupo Hagamos Democracia é o que mais fundos recebe da NED – 525 mil dólares desde 2014. De acordo com Blumenthal, o presidente do grupo, Luciano García, que supervisiona uma rede de repórteres e activistas, declarou que Ortega transformou a Nicarágua num «Estado falido», tendo exigido a «sua demissão imediata».

O autor afirma que a NED procurou esconder bem a identidade das organizações que financiava para alimentar a oposição a Daniel Ortega, mas estas eram bem conhecidas na Nicarágua. No entanto, quem mais dinheiro «investe» contra os governos de «orientação socialista na América Latina» é a USAID. Só na Nicarágua, o orçamento desta organismo centrado na ingerência, no intervencionismo e na desestabilização «ultrapassou os 5,2 milhões de dólares em 2018», na sua maioria destinados ao «treino da sociedade civil e de meios de comunicação social».

A ingerência, dita sem rodeios

No dia 1 de Maio, cerca de um mês antes do giro da direita em Washington, Benjamin Waddell, director académico da School for International Training in Nicaragua, afirmou sem rodeios numa publicação financiada pela NED que «organizações apoiadas pela NED passaram anos e milhões de dólares a "criar as bases para a insurreição" na Nicarágua».

Publicado no Global Americans – um portal noticioso centrado na América Latina –, o artigo de Waddell «vangloria-se abertamente da ingerência dos EUA», afirma Blumenthal, que sublinha o carácter «francamente sincero da avaliação do impacto dos investimentos realizados pela NED» na sociedade nicaraguense.

De «forma inadvertida», as conclusões do autor fazem eco das do presidente sandinista Daniel Ortega e seus apoiantes, que «enquadraram os protestos no âmbito de um golpe cuidadosamente montado e apoiado até aos dentes por Washington», frisa Blumenthal.

Numa publicação financiada pela NED, Benjamin Waddell salienta o «engano» da imprensa internacional ao descrever a «rápida escalada de distúrbios» na Nicarágua «como uma explosão espontânea de descontentamento colectivo», desencadeada, entre outros factores, pelas mudanças do governo no sistema de Segurança Social. Waddell esclarece: «Se é verdade que havia causas subjacentes à confusão enraizadas na má administração e na corrupção do governo, é cada vez mais claro que o apoio dos Estados Unidos teve um papel no fomento dos levantamentos actuais.»

Noutra passagem igualmente esclarecedora e «sem rodeios», destacada por Blumenthal, Waddell afirma que «o actual envolvimento da NED na alimentação de grupos da sociedade civil na Nicarágua deita luz sobre o poder do financiamento transnacional de influir nos resultados políticos no século XXI».

Waddell defende os resultados da NED e nem se esquece do seu papel nas Primaveras Árabes... Ainda em relação à Nicarágua, afirma que o organismo intervencionista norte-americano gastou 4,1 millhões de dólares entre 2014 e 2017, financiando 54 «projectos» para «criar as bases para a insurreição» – a «mudança», em versão posterior, alterada do texto.

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Entre Abril e Julho de 2018, lembra Navarro no texto publicado pela Prensa Latina, o governo nicaraguense teve de enfrentar uma tentativa de golpe de Estado, que, «longe do carácter conjuntural com que foi apresentada pelos grandes órgãos de comunicação social, fez parte de uma estratégia de derrube traçada e executada pela Usaid para o período 2010-2020».

Um relatório publicado pela organização Behind Back Doors revela que, nessa fase, a agência governamental dos EUA destinou inicialmente 68,4 milhões de dólares ao financiamento da preparação do golpe e, em 2016, juntou-lhe mais 7,9 milhões, de modo a reforçar a implementação de vários programas.

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O presidente do Banco Central da Nicarágua informou os participantes na 4.ª edição do Fórum de Amor, Paz e Solidariedade sobre os avultados danos económicos provocados pela «crise política» no ano passado.

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No que respeita ao sector do Turismo, a indústria estava em franco crescimento, tendo o país acolhido cerca de 500 mil visitantes nos três primeiros meses de 2018. A expectativa era de que se ultrapassasse os 2 milhões de turistas. «Uma coisa tremenda, mas que estancou», disse, precisando que, dos «960 milhões de dólares previstos, o sector apenas deve registar um lucro de 540 milhões».

Reyes disse que as acções violentas associadas à intentona golpista, orquestrada por Washington, levaram a um decréscimo para metade no investimento estrangeiro (cerca de 700-800 milhõe de dólares). Para além disto, o BCN estima que a tentativa de golpe contra o governo legítimo do país tenha provocado danos económicos globais no valor de 1110 milhões de dólares. O número de desempregados disparou para 130 mil, revela a Prensa Latina.

Apesar de tudo, valorizou a capacidade de resistência da Nicarágua e o seu «sólido sistema financeiro», já que «dez anos seguidos de progresso e muita poupança» tinham permitido «acumular forças», disse.

«Com três meses de agitação social e pressão, as pessoas ficaram nervosas e os depósitos diminuíram 27%», disse, explicando que, noutros países, isso teria significado «o descalabro».

A este propósito, lembrou o que aconteceu na Argentina quando houve uma quebra de 15% nos depósitos: colapso e desvalorização da moeda. «E receberam uma injecção substancial por parte de organismos internacionais – 60 mil milhões de dólares – e a Nicarágua zero, o que significa que o país estava mais bem preparado que qualquer outro», frisou, citado pelo portal tn8.tv.

«Direito a viver em paz»

A quarta edição do Fórum de Amor, Paz e Solidariedade decorreu na capital do país, Manágua, nos dias 10 e 11 de Janeiro, tendo contado com a participação de mais de 50 representantes de cerca de duas dezenas de países.

Presente no encontro, o deputado da Duma Estatal russa e vice-presidente do Partido Comunista da Federação Russa, Dimitri Novikov, disse à Prensa Latina que testemunhou o apoio do povo ao governo sandinista.

Lembrou que, para a Casa Branca, a Nicarágua faz parte do «triângulo do mal» em que se incluem a Venezuela e Cuba, e defendeu a necessidade de expressar a solidariedade a estes países – que «desejam manter a sua soberania» – face à «agressividade do imperialismo norte-americano».

Por seu lado, o presidente do Instituto Cubano de Amizade com os Povos, o herói cubano Fernando González, defendeu o direito da Nicarágua a viver em paz.

Também em declarações à Prensa Latina, González afirmou que a tentativa de golpe levada a cabo entre Abril e Julho do ano passado no país centro-americano se enquadra na estratégia de ataques contra o governo bolivariano na Venezuela, do golpe parlamentar contra a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff e do encarceramento injusto de Lula da Silva.

Sobre o Fórum, este herói cubano, que passou mais de 17 anos nos cárceres dos EUA e foi libertado em 2014, valorizou a informação recebida da parte de membros do governo nicaraguense, de deputados, académicos e comunicadores acerca do que se passou no país em 2018 – uma violência aparentemente anárquica, mas que foi bem orquestrada e que apresenta semelhanças com as «guarimbas» na Venezuela em 2017.

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«Entre a Fundación Chamorro, Cinco (ONG de outro filho da ex-presidente, Carlos Fernando) e outras, lavaram e fizeram entrar mais de 30 milhões de dólares para pagar aos assassinos e torturadores, autores da dor, destruição e morte no golpe falhado de 2018. Nem a justiça divina, nem a da terra os perdoará. As suas mãos estão cheias de sangue», acrescentou o presidente do Movimiento Liberal Constitucionalista Independiente, aliado da FSLN.

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Neste contexto, que envolve uma ONG que servia de ponta de lança à tentativa de derrubar o governo constitucional da Nicarágua, o presidente Daniel Ortega, numa das suas intervenções públicas, «pôs os pontos nos i».

«Aqui, o embaixador yanqui anda de cima para baixo a vender os seus candidatos, como se fosse nicaraguense. […] Se quer vender candidatos, que os vá vender aos Estados Unidos […]. O embaixador yanqui que não se meta aqui. […] para que os partidos políticos aceitem o candidato que o yanqui quer, deve pensar que ainda estamos nos tempos da ocupação», disse o chefe de Estado, lembrando que os representantes diplomáticos da União Europeia trabalham na mesma linha.

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Porras destacou que o país centro-americano irá acabar o ano de 2021 com um crescimento económico próximo dos 4% do produto interno bruto (PIB) e defendeu que na Nicarágua existem possibilidades para todos.

A garantia dos direitos à Saúde, à Educação e ao trabalho, bem como o programa de construção de novas escolas e hospitais, foi destacado pelo responsável político, para quem o 19 de Julho representa, também, o início da celebração da resistência indígena face ao colonialismo espanhol e da luta contra os filibusteiros norte-americanos, informa a Prensa Latina.

Conquistas da Revolução Sandinista

Vários dirigentes políticos mundiais – de Cuba, da Venezuela, da Bolívia, da Rússia, da ALBA-TCP, entre outros – saudaram o governo da Nicarágua por ocasião do 42.º aniversário do triunfo de uma revolução que, como a cubana, foi ganha de armas na mão em defesa do povo oprimido e empobrecido pela ditadura.

Nestas mais de quatro décadas, os avanços são inegáveis, a vários níveis. A Educação gratuita e de qualidade, a cobertura universal da Saúde, a democratização da propriedade da terra e o combate à pobreza são algumas das grandes transformações levadas a cabo pelos governos sandinistas.

Na área da Saúde, houve uma grande aposta na construção de infra-estrusturas (ao nível dos cuidados primários, hospitais nacionais e departamentais); a mortalidade materna diminuiu 59% entre 2006 e 2018, e a mortalidade infantil, 58%, segundo refere a TeleSur.

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Pandemia não faz esquecer conquistas da Revolução Sandinista

A 19 de Julho de 1979, as forças da Frente Sandinista de Libertação Nacional entraram em Manágua, pondo fim a décadas de ditadura apoiada pelos EUA. Desde então, o país sofreu um grande desenvolvimento.

Este ano, devido ao contexto de pandemia, não se realizou a habitual concentração de celebração do triunfo da Revolução Sandinista em Manágua, mas o legado e os desafios continuam bem presentes no país da América Central
Créditos / Barricada

O 41.º aniversário da revolução que pôs fim à ditadura sangrenta da dinastia Somoza calhou a um domingo e, assim, de acordo com o artigo 66.º do Código do Trabalho, o feriado nacional é gozado hoje.

Este ano, a efeméride esteve marcada pela pandemia de Covid-19 no país centro-americano, não tendo sido convocada a concentração que, por norma, reúne muitos milhares de pessoas em Manágua.

Numa cerimónia mais simples, o presidente nicaraguense, Daniel Ortega, dirigiu-se este domingo aos seus compatriotas a partir da Praça da Revolução, tendo exortado o povo a combater unido a Covid-19 e a manter o país a funcionar nas actuais condições, mas cumprindo as medidas decretadas pelas autoridades de saúde, indica a Prensa Latina.

No dia anterior, um canal da televisão nacional transmitiu, a partir do Teatro Nacional Rubén Darío, o concerto virtual «Cantos a la Revolución», uma antologia de mais de duas horas de canções e hinos que foram a narrativa musical da gesta da revolução desde a fase da insurreição até ao presente.

O leque de canções enalteceu as figuras do herói anti-imperialista Augusto César Sandino, que liderou a expulsão da Nicarágua das tropas intervencionistas norte-americanas em 1933, e Carlos Fonseca Amador, líder da luta contra a ditadura de Anastasio Somoza.

Avanços sociais e económicos

Já passaram 41 anos deste o triunfo da Revolução Sandinista e os avanços que o país latino-americano conheceu são inegáveis. Os desafios do actual governo de Daniel Ortega passam pela erradicação da pobreza extrema e por manter a senda do progresso económico, apesar das sanções, da ameaça de golpe por parte dos EUA e do forte abalo que a Nicarágua sofre com a tentativa fracassada de golpe de Estado de Abril-Julho de 2018, também alimentado por Washington.

A Educação gratuita e de qualidade, a cobertura universal da Saúde, a democratização da propriedade da terra e o combate à pobreza destacam-se entre as grandes transformações levadas a cabo pelos governos sandinistas.

Na área da Saúde, verificou-se uma grande aposta na construção de infra-estruturas (ao nível dos cuidados primários, hospitais nacionais e departamentais); a mortalidade materna diminiu 59% entre 2006 e 2018, e a mortalidade infantil, 58%, refere a TeleSur.

A gratuitidade da saúde para todo o povo da Nicarágua foi declarada com a chegada ao poder da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), em 1979. Com o novo modelo, foi possível acabar com a poliomelite (em 1982) e controlar doenças como a tosse convulsa e o sarampo.

A área da Educação fica marcada pela Cruzada Nacional de Alfabetização, promovida pelo governo sandinista logo após o triunfo da revolução e que permitiu reduzir o analfabetismo no país de níveis superiores a 50% para 12% – um avanço que foi reconhecido pela Unesco em 1981.

A par do carácter gratuito e de qualidade, a partir de 2007 o governo de Daniel Ortega apostou na valorização profissional dos docentes, bem como numa série de programas de apoio social aos estudantes.

O combate à pobreza (que foi reduzida de 48% para metade) e à pobreza extrema (que diminuiu 20%, passando para 6,3%, segundo dados da TeleSur) esteve e continua a estar entre as metas dos sandinistas.

Com o triunfo da revolução e as políticas a favor do povo, muitos nicaraguenses tiveram acesso à habitação, a água potável e saneamento. Para além disso, foi construída uma extensa rede rodoviária, de estradas e caminhos, e alargou-se a cobertura da rede eléctrica nacional, que hoje abrange mais de 97% do território.

As mulheres passaram a assumir um papel mais destacado na sociedade, a nível social, político e económico, e a segurança aumentou – ao ponto de a Nicarágua ocupar o primeiro lugar entre os países centro-americanos, segundo refere a TeleSur.

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A área da Educação fica marcada pela Cruzada Nacional de Alfabetização, promovida pelo governo sandinista logo após o triunfo da revolução e que permitiu reduzir o analfabetismo no país de níveis superiores a 50% para 12% – um avanço que foi reconhecido pela Unesco em 1981.

A par do carácter gratuito e de qualidade, a partir de 2007 o governo de Daniel Ortega apostou na valorização profissional dos docentes, bem como numa série de programas de apoio social aos estudantes.

O combate à pobreza (que foi reduzida de 48% para metade) e à pobreza extrema (que diminuiu 20%, passando para 6,3%, segundo dados da TeleSur) esteve e continua a estar entre as metas dos sandinistas.

Com o triunfo da revolução e as políticas a favor do povo, muitos nicaraguenses tiveram acesso à habitação, a água potável e saneamento. Além disso, foi construída uma extensa rede rodoviária, de estradas e caminhos, e alargou-se a cobertura da rede eléctrica nacional, que hoje abrange a quase totalidade do território.

As mulheres passaram a assumir um papel mais destacado na sociedade, a nível social, político e económico, e a segurança aumentou – ao ponto de a Nicarágua ocupar o primeiro lugar entre os países centro-americanos, de acordo com a TeleSur.

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Na sua conta de Twitter, o porta-voz dos Assuntos Externos da UE, Peter Stano, afirmou que as sanções eram impostas a oito indivíduos responsáveis pela violação de direitos humanos e por minarem a democracia.

Também no Twitter, o deputado espanhol ao Parlamento Europeu José Ramón Bauzá, dos Ciudadados, escreveu: «Hoje, por fim, estamos um passo mais perto da justiça. A Europa será o pesadelo da tirania de Ortega.»

O governo da Venezuela não poupou palavras para a decisão da UE, sublinhando que «se coloca novamente à margem do direito internacional, do respeito pela soberania e da autodeterminação dos povos».

Caracas destacou ainda o «seguidismo» do bloco europeu às políticas intervencionistas dos Estados Unidos, que continuam a pressionar o povo nicaraguense, assim como «governos e instituições internacionais para que cumpram os seus desígnios».

Para a Venezuela, as autoridades de Manágua têm o direito de tomar as medidas que acharem pertinentes para «salvaguardar a independência e a dignidade nacional».

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