Num comunicado emitido esta segunda-feira, Jamie McGoldrick afirmou que «a fome ainda ameaça milhões» e que «as doenças evitáveis atacam de forma contínua uma população fragilizada» em todos os pontos do território iemenita.
O bloqueio imposto pelos sauditas ao mais pobre dos países árabes «está a limitar o abastecimento de combustível, alimentos e medicamentos», fazendo com que o número de pessoas vulneráveis que necessitam de ajuda aumente «drasticamente».
«As vidas de milhões de pessoas, incluindo 8,4 milhões de iemenitas que estão a um passo da fome, dependem da nossa capacidade para continuar as nossas operações e proporcionar assistência médica, água potável, alimentação, refúgio e nutrição», lê-se no texto, em que se destaca que a «solução política» é a única via para acabar com o sofrimento do povo iemenita.
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla inglesa), em que McGoldrick se enquadra, tem chamado a atenção, de forma reiterada, para a situação no Iémen. Num relatório publicado no final de Outubro, alertava-se para a epidemia de cólera – sem precedentes –, que matou mais de 2100 pessoas desde Abril deste ano, e infectou mais de 900 mil.
Também consequência da campanha militar liderada pela Arábia Saudita, iniciada em Março de 2015, cerca de 17 milhões de iemenitas passam fome ou necessitam de ajuda humanitária urgente e cerca de 3 milhões de crianças enfrentam o risco de má-nutrição aguda grave.
A guerra de agressão contra o Iémen – com o objectivo, declarado, de esmagar a resistência do movimento Ansarullah e recolocar no poder Abd Rabbuh Mansur Hadi, um aliado próximo de Riade – provocou mais de 12 mil mortos. Em meados de Agosto, representantes das Nações Unidas caracterizaram a situação no Iémen como uma «tripla tragédia», referindo-se à fome, ao arrastar da guerra e à epidemia de cólera.
No domingo passado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou à CNN que a guerra no Iémen é «estúpida» e que «vai contra os interesses da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos e do povo do Iémen».
Lembrando que a guerra saudita – apoiada pelos EUA e o Reino Unido – «está a provocar um sofrimento terrível ao povo iemenita», Guterres defendeu uma «solução política» para o conflito.
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