Num discurso transmitido ontem à tarde pela televisão, Sayyed Hassan Nasrallah, secretário-geral do movimento de resistência libanês Hezbollah (xiita), sublinhou o ambiente de «segurança e estabilidade» que presidiu à realização das eleições legislativas no Líbano, este domingo, e congratulou-se com o acto eleitoral em si mesmo, que havia sido adiado várias vezes desde 2013 – alegadamente por questões de segurança relacionadas com a guerra de agressão à vizinha Síria.
Nasrallah destacou o facto de estas eleições terem mostrado o grande apoio de que o Hezbollah goza nas várias camadas da sociedade libanesa, apesar das «campanhas de descrédito» lançadas contra o movimento de resistência libanês pelos Estados Unidos da América, com o apoio de Israel, da Arábia Saudita e de outros estados do Golfo Pérsico. «Os seus esforços não deram em nada», frisou, citado pela PressTV.
Outro aspecto central no seu discurso foi o apelo lançado às várias facções políticas libanesas para abandonarem os «discursos sectários e inflamatórios que mantiveram durante a campanha eleitoral», abrindo espaço à «reconciliação». «O espírito de cooperação deve prevalecer na próxima fase», declarou, referindo-se ao processo, que se avizinha, de escolha de um presidente para o Parlamento, de um novo primeiro-ministro e de um novo governo.
Movimento Futuro perde deputados
Também na segunda-feira à tarde, Saad al-Hariri, o actual primeiro-ministro e líder do Movimento Futuro, reconheceu que a sua força política tinha obtido apenas 21 dos 128 assentos parlamentares, perdendo cerca um terço dos eleitos em 2009 (33).
Em todo o caso, Al-Hariri poderá liderar o próximo governo do Líbano, na medida em que, ao que tudo indica, o Movimento Futuro deverá ser a organização política sunita com mais força no Parlamento e, por inerência, o cargo de primeiro-ministro é atribuído a um muçulmano sunita. Já o presidente da República deverá ser sempre um cristão e o presidente do Parlamento um muçulmano xiita.
Resultados ainda não oficiais
De acordo com os resultados divulgados até ao momento pela imprensa libanesa, o Hezbollah e os seus aliados do Movimento Amal (liderado pelo actual presidente parlamentar, Nabih Berri) e do Movimento Patriótico Livre (cristão, liderado pelo actual presidente do país, Michel Aoun) devem obter 67 dos 128 deputados – onde têm assento 64 parlamentares cristãos e 64 muçulmanos.
Ainda de acordo com a imprensa libanesa, terão participado no acto eleitoral deste domingo cerca de 49% dos 3,6 milhões de eleitores inscritos.
Irão felicita libaneses pelo «êxito» das eleições
Num comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Irão congratulou-se pela realização «com êxito» das eleições legislativas no Líbano, que classificou como uma «vitória para toda a nação».
Por seu lado, o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, enviou uma mensagem ao presidente libanês, Michel Aoun, ao secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e ao presidente do Parlamento em Beirute, Nabih Berri.
«Os libaneses mostraram aos Estados Unidos e a Israel que as suas políticas sujas e de ingerência fracassaram», disse, citado pela Prensa Latina.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui