|País Basco

Sete mortes em acidentes de trabalho desde o início do ano no País Basco

Um trabalhador faleceu em Orereta, esta quinta-feira, ao cair de um edifício em obras. O LAB lembra a elevada sinistralidade na construção, denuncia as condições de trabalho e exige mais fiscalização.

Sete trabalhadores perderam a vida em acidentes de trabalho no País Basco, dois dos quais no sector da Construção, nos primeiros 18 dias do ano 
Créditos / LAB

De acordo com os primeiros dados recolhidos pelos sindicatos ELA e LAB, o acidente ocorreu ontem de manhã, quando o trabalhador – da empresa Proteclan, que se dedica à instalação de redes de segurança – caiu do último andar numa obra de construção da empresa Gailur, na zona de Altzate, em Orereta (Guipúscoa).

Trata-se do primeiro acidente laboral mortal registado na província guipuscoana este ano e o sétimo no País Basco – dois dos quais no sector da Construção.

O ano passado, 59 pessoas perderam a vida no seu posto de trabalho em Euskal Herria (que abrange a Comunidade Autónoma Basca e Navarra), a maior parte das quais em situação de precariedade, num contexto de ausência de medidas básicas de segurança e, denunciam os sindicatos, de impunidade patronal.

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Sindicatos bascos alertam para precariedade após morte de camionista

O trabalhador da empresa Cisternas de Alsasua perdeu o controlo do camião que conduzia, em Santurtzi (Biscaia), e veio a falecer. Trata-se do primeiro acidente laboral mortal de 2024 no País Basco.

No cartaz lê-se: «A precariedade mata. Mais acidentes de trabalho não!» 
Créditos / LAB

Segundo revela o sindicato ELA, o trabalhador perdeu o controlo da viatura, que chocou contra um muro, à saída do túnel de Mamariga, e se incendiou. O trabalhador da empresa Cisternas de Alsasua, não identificado, faleceu no local.

Trata-se do primeiro caso registado este ano de morte em acidente de trabalho no País Basco, onde o ano passado perderam a vida 58 trabalhadores enquanto trabalhavam, dez dos quais condutores de transportes de mercadorias, indica o sindicato LAB.

A propósito do acidente, ambas as organizações sindicais apontam a dureza das condições de trabalho e os riscos existentes neste sector, propiciados por ritmos de trabalho agressivos, horas de trabalho sem fim, isolamento, stress, pressões ou dificuldades para ter uma vida e uma alimentação saudáveis, entre outros factores.

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Sindicatos bascos concentram-se em Gasteiz contra a sinistralidade laboral

Diversas organizações sindicais promoveram uma concentração, esta quinta-feira, junto à fábrica onde, na semana passada, um trabalhador de 33 anos perdeu a vida, apanhado por uma máquina.

Créditos / LAB

Numa nota divulgada no seu portal, o sindicato LAB sublinha que, em 2014, também ocorreu um acidente laboral mortal na mesma fábrica e que, em ambos os casos, os trabalhadores, apanhados por máquinas, eram subcontratados.

Neste sentido, denuncia que as verdadeiras causas destes acidentes são «a ganância e a irresponsabilidade de uns quantos».

O acidente que vitimou o trabalhador na Talleres Aratz, em Gasteiz, foi o quarto sinistro laboral mortal no País Basco no espaço de uma semana. No domingo anterior, um trabalhador de 61 anos perdeu a vida em Erandio (Biscaia), num acidente ocorrido numa empresa de distribuição de pão.

Na segunda-feira, um trabalhador da construção civil faleceu em Arrasate (Guipúscoa), quando trabalhava numa obra; na terça-feira, um condutor de uma empresa de transportes perdeu a vida num acidente grave em Erribera (Navarra).

Mil mortos em acidentes de trabalho desde 2008

De acordo com os dados recolhidos pelo LAB, desde 2008, mil pessoas perderam a vida no trabalho no País Basco, facto que a organização sindical classifica como «absolutamente inadmissível».

Pelo facto, responsabiliza as empresas e as instituições dos diversos níveis da administração, «que continuam a olhar para o lado face a um problema social e laboral tão grave como são os acidentes de trabalho mortais».

Neste sentido, aponta o dedo ao governo Urkullu, «que conta com competências para fazer cumprir a norma da saúde laboral». «O facto de não atribuir recursos para a fiscalização do cumprimento representa "via livre" para o patronato», que «sabe que não será sancionado se não cumprir a lei».

Para o LAB, trata-se de uma decisão política. «No patronato não se toca», denuncia.

Por isso, exige medidas eficazes e sanções para quem põe em risco a vida dos trabalhadores, e pergunta até quando vai ser preciso ver «como os nossos colegas perdem a vida por causa da ganância e da irresponsabilidade de uns quantos».

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«A integração de empresas de âmbito estatal que não cumprem o Acordo de Transporte de Mercadorias da Biscaia reduz as margens de lucro e as empresas tentam recuperá-las obrigando [os trabalhadores] a trabalhar longas horas», afirma o sindicato ELA, destacando que a precariedade fustiga este sector, «agravando as condições de trabalho e de saúde dos trabalhadores dos transportes».

Por seu lado, o LAB frisa que a maior parte dos acidentes de trabalho que ocorrem no sector do transporte de mercadorias «é totalmente evitável», sendo necessária «vontade política», bem como «o envolvimento de todas as instituições públicas e empresas para adoptar medidas que garantam e respeitem os direitos» destes trabalhadores. Neste sentido, considera fundamental acabar com a precariedade e com a impunidade patronal.

Já o ELA anuncia que, em protesto contra a precariedade e este novo acidente de trabalho, promove uma concentração, esta tarde (16h), na rotunda de Aparcavisa, em Barakaldo.

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«É evidente que o operário não tinha arnês de segurança, nem cordas face a eventuais quedas», afirma propósito do sinistro o sindicato LAB no seu portal, lembrando que tem vindo a denunciar reiteradamente que as normas relativas às obras não são cumpridas pelo patronato.

Além disso, os técnicos de prevenção que devem supervisionar cada fase não estão no local, afirma a estrutura sindical, considerando especialmente grave a falta de controlo ou de recursos de prevenção num trabalho ou processo em altura.

«É intolerável que, perante um tipo de acidente laboral tão frequente, não sejam colocados à disposição os meios necessários», acrescenta o LAB, que critica a falta de empenho da Inspecção do Trabalho, do Osalan – Instituto Basco de Segurança e Saúde Laborais, e dos vários governos no controlo destas acções.

Alertando para as más condições de trabalho no sector – longas jornadas, subcontratação, precariedade, falta de formação, falta de recursos de prevenção –, o sindicato sublinha a necessidade de maior pressão e mobilização da parte dos trabalhadores, porque as suas vidas «estão em jogo».

Neste sentido, o LAB anuncia que, juntamente com os sindicatos bascos STEILAS, ESK, HIRU e EHNE, agendou uma concentração para próxima segunda-feira, dia 22, às 11h30, na rotunda de Altamira, entre as localidades de Lezo e Orereta.

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