No final de um longo debate, os 600 delegados do Partido Social-Democrata (SPD), reunidos em congresso em Berlim, decidiram encetar com os conservadores negociações cujo resultado, insistem, continua em aberto.
A partir da próxima semana, o presidente do SPD, Martin Schulz, irá reunir-se com a chanceler e presidente da União Democrata-Cristã (CDU) e com o líder do partido irmão da Baviera, CSU, Horst Seehofer.
Quase três meses após as eleições legislativas no país, Angela Merkel ainda procura um parceiro de governo. Prudente por ter sofrido uma derrota eleitoral nas legislativas de 24 de Setembro, o SPD acabou no entanto por deixar todas as portas abertas.
«Nós não devemos governar a qualquer preço, mas não devemos recusar a qualquer preço governar», defendeu antes da votação Schulz, antigo presidente do Parlamento Europeu, que fora horas antes reeleito líder do partido a que preside há menos de um ano, com mais de 81% dos votos.
A «grande coligação» dos democratas-cristãos de Merkel e dos sociais-democratas de Schulz foi a principal derrotada das eleições. Os partidos que estiveram juntos no governo federal alemão nos últimos quatro anos perderam, em conjunto, quase uma centena de lugares no parlamento federal (Bundestag).
Os dois partidos partilharam responsabilidades governativas nos últimos quatro anos, numa solução conhecida como «grande coligação» na Alemanha, uma espécie de «bloco central», como sucedeu em Portugal entre 1983 e 1985.
Logo após as eleições, Martin Schulz recusou uma reedição da «grande coligação», afirmando não querer deixar à Alternativa para a Alemanha (AfD, partido de extrema-direita que subiu consideravelmente nos resultados) o papel de principal partido de oposição. A mudança de postura agora demonstrada confirma que o SPD tem revelado muita dificuldade em demarcar-se da estratégia de Merkel para a qual, afinal de contas, contribuiu decisiva e activamente.
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