Nos últimos dias, têm sido frequentes, em vários pontos do México, as manifestações, os cortes de estradas e os bloqueios a gasolineiras; também alguns saques e actos de vandalismo, tanto em bombas de gasolina como em lojas, segundo referem a TeleSur e a HispanTV. Para os manifestantes, a subida dos preços dos combustíveis, entre os 16% e os 20%, não tem justificação, ainda para mais num país rico em petróleo.
Além de exigirem ao Governo que retroceda na promulgação do «gasolinazo», os manifestantes querem ainda que o presidente Enrique Peña Nieto renuncie ao cargo, acusando-o de levar a cabo políticas «contra o povo».
Partidos políticos, sindicatos, associações de empresários e muitas outras organizações já expressaram o seu repúdio por este aumento de preços, que, segundo sublinham, irá provocar a subida da inflação, diminuir o poder de compra, estancar a economia e deteriorar as condições de vida das camadas mais desfavorecidas, agravando o problema da pobreza no México.
Num comunicado, a Petróleos Mexicanos (Pemex) informa que os bloqueios estão a gerar situações críticas no abastecimento em diversos estados do país, como Chihuahua, Morelos, Baixa Califórnia e Durango. A empresa estatal alertou que, a prolongar-se a situação de bloqueio, poderão estar em causa as operações em vários aeroportos.
Silêncio de Peña Nieto e mais protestos
O presidente mexicano tem sido acusado de permanecer calado face às críticas que chovem sobre ele e a decisão governamental. Para os próximos dias estão previstas mais mobilizações, que contarão com a participação do sector agrário, fortemente punido por este aumento, bem como pelos elevados preços à produção.
A Central Independente dos Trabalhadores Agrícolas e Camponeses do México e o movimento «El Campo Es de Todos» já criticaram a subida de preços e anunciaram a sua adesão às mobilizações unitárias de protesto convocadas para este mês, informam a Prensa Latina e o Brasil de Fato.
«Gasolinazo», privatização e Clinton
Em Outubro último, o Senado mexicano aprovou a liberalização «gradual e ordenada» dos preços da gasolina e do gasóleo, com efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2017. Contudo, em plena época festiva, o aumento «gradual» foi até 20%. Os protestos foram imediatos.
A medida enquadra-se na reforma do sector energético mexicano, debatida já desde 2013 e com a qual se pôs fim ao monopólio estatal, que durava desde 1938. Recorde-se que a Pemex era responsável por toda a cadeia, da detecção à extracção e à venda de gasolina.
Em Agosto de 2015, veio a público um conjunto de e-mails que envolvem Hillary Clinton, antiga secretária de Estado e ex-candidata à presidência dos Estados Unidos da América, na privatização do sector mexicano da indústria energética, concretizada por Peña Nieto, segundo revelou o periódico La Jornada.
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