Teerão reage com ironia às acusações de Trump

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano rejeitou, com ironia, as acusações dirigidas contra o seu país, este domingo, pelo presidente norte-americano, Donald Trump, numa cimeira em Riade.

Na sua primeira viagem ao estrangeiro, o presidente norte-americano elegeu a Arábia Saudita como grande parceiro de negócios e atacou o Irão
Créditos / bussinessinsider.com

Usando a sua conta de Twitter, Mohammad Javad Zarif afirmou que «o Irão – que acabou de realizar eleições reais – é atacado pelo presidente dos Estados Unidos nesse bastião da democracia e da moderação. Política externa ou simplesmente ordenhando 480 milhões de dólares à Arábia Saudita?»

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano reagiu assim, com ironia, ao discurso ontem proferido por Donald Trump na cimeira realizada na capital saudita – em que participaram mais de 50 representantes de países árabes e islâmicos –, no qual acusou o Irão de exportar e promover o terrorismo, e de «espalhar o caos e a destruição na região», nomeadamente na Síria, informam a Prensa Latina e a RT.

Farpas contra o Irão foi, de resto, coisa que não faltou numa cimeira que apregoava nos seus propósitos a promoção da «cultura da tolerância, da coexistência e da construção da cooperação entre diferentes países, religiões e culturas».

Na «Declaração de Riade», emanada do encontro, uma boa parte do texto é dedicada a atacar o Irão. Regista-se ainda o compromisso dos 55 países «em combater o terrorismo em todas as suas formas», bem como o de criar «uma força de reserva com 34 mil tropas para apoiar operações contra organizações terroristas no Iraque e na Síria quando for caso disso».

O rei saudita, Salman bin Abdulaziz, também aproveitou a ocasião para investir contra os iranianos, afirmando que o Irão – país aliado do governo legítimo da Síria na luta contra as forças terroristas que operam no país levantino – «é a ponta de lança do terrorismo global».

Negócio de armas de muitos milhões

Numa declaração à parte, o chefe da Casa Branca, que escolheu a Arábia Saudita como primeiro destino da sua primeira viagem oficial ao estrangeiro, agradeceu ao rei saudita pelo «investimento massivo na América» e «por investir no futuro» do Médio Oriente, referindo-se aos acordos comerciais firmados no dia anterior entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita, no valor de 350 mil milhões de dólares, ao longo de dez anos, em que se inclui, no imediato, venda de armamento ao país árabe no valor de 110 mil milhões de dólares.

Diversas organizações já criticaram este acordo, lembrando que, nos dois anos de agressão ao Iémen, os sauditas mataram milhares de civis e são acusados de crimes de guerra.

A Arábia Saudita é, para além disso, reiteradamente apontada pelas autoridades sírias como um dos principais financiadores e instigadores do terrorismo no país.

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