Numa entrevista à CBS, o presidente dos EUA, Donald Trump, recusou responder sobre o que o levaria a recorrer ao exército, limitando-se a afirmar que a possibilidade de uma intervenção militar em solo venezuelano «é definitivamente uma opção».
A ideia já tinha saído da boca do conselheiro de Trump, John Bolton, que recentemente admitiu numa entrevista os interesses estratégicos dos EUA na Venezuela.
«Fará uma grande diferença [para os EUA] se levarmos as empresas petrolíferas americanas a investir e a produzir petróleo na Venezuela», afirmou Bolton, que foi recentemente apanhado numa conferência de imprensa sobre as sanções à petrolífera estatal da Venezuela com um bloco de notas onde se lia: «5000 para a Colômbia».
Um golpe orquestrado por Washington
O insuspeito El País publica este domingo uma breve cronologia do golpe cozinhado por Washington. A 21 de Janeiro, o congressista Mario Díaz-Balart e o senador Marco Rubio foram convocados por Donald Trump para uma reunião com o vice-presidente, Mike Pence, para falarem sobre a Venezuela.
Na noite de 22 de Janeiro, após o encontro, Rubio escreve na sua conta do Twitter: «Amanhã será um dia muito bom (e importante) para a democracia e a ordem constitucional na Venezuela.» A confirmar os desígnios dos EUA, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, aparece no dia seguinte a autoproclamar-se presidente interino da Venezuela.
Pressão e assédio
De imediato, Washington reconheceu Guaidó e aprofundou as sanções económicas para tentar forçar Maduro a abandonar o poder, apelando às forças armadas da Venezuela para se juntarem a Guaidó.
O Parlamento Europeu também reconheceu Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela e seis países europeus, incluindo Portugal, deram um prazo de oito dias, que termina hoje, a Nicolás Maduro para aceitar a realização de novas eleições presidenciais, sob pena de reconhecerem o não eleito Juan Guaidó.
Ontem, na Avenida Bolívar, em Caracas, e perante milhares de pessoas que se concentraram para assinalar o XX aniversário da revolução bolivariana iniciada por Hugo Chávez e repudiar a tentativa de golpe, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse apoiar uma eventual proposta da Assembleia Constituinte (AC) de convocar eleições antecipadas.
«A AC tem a sua agenda de avaliação para convocar uma antecipação das eleições parlamentares ainda este ano. Estou de acordo em relegitimar o poder legislativo do país e que seja o povo a decidir», disse, apelando aos países para que «deixem de apoiar um golpe de estado que já fracassou».
Nicolás Maduro foi eleito nas presidenciais de Maio de 2018, seguidas por cerca de 200 observadores internacionais, entre os quais José Luis Zapatero. Numa entrevista em Novembro, o antigo presidente do governo espanhol admitiu que a «obsessão com a Venezuela se deve a um gigantesco interesse económico e político».
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