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A um ano do assassinato de Marielle, a questão é: «quem mandou matar?»

Apesar dos avanços na investigação e da detenção recente de 2 presumíveis envolvidos na execução da vereadora carioca do PSOL, continua sem se saber quem mandou matar Marielle Franco.

Marielle Franco destacou-se como feminista, defensora dos direitos dos negros e dos habitantes das favelas do Rio de Janeiro
Créditos / odia.ig.com.br

Eleita em 2016 à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, como quinta candidata mais votada, pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Marielle Franco tinha acabado de participar no debate «Jovens negras movendo a estrutura», no bairro da Lapa, e, quando passava perto da Câmara Municipal, a viatura em que seguia foi atingida por vários disparos efectuados a partir de outro carro, que se pôs imediatamente em fuga. Ocorreram os factos em 14 de Março de 2018.

Para além da vereadora, atingida com pelo menos quatro tiros, foi também morto o motorista, Anderson Pedro Gomes, atingido com três tiros, segundo revelou então o Brasil de Fato.

Marielle Franco, que se destacou pela sua intervenção como feminista e defensora dos direitos dos negros, e pela denúncia da actuação policial nas favelas, integrava a comissão que acompanhava a intervenção militar no Rio, decretada pelo governo golpista de Temer a 16 de Fevereiro de 2018 e que foi alvo de inúmeras críticas, nomeadamente da Associação Juízes para a Democracia, que a classificou como uma ruptura do Estado Democrático.

No passado dia 12, elementos da Polícia Civil e Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado prenderam o polícia militar reformado Ronnie Lessa – acusado de ter efectuado os disparos que mataram Marielle Franco – e o ex-polícia militar Élcio Vieira de Queiroz, suspeito de ser o condutor da viatura de onde partiram os tiros.

De acordo Simone Sibílio e Letícia Petriz, promotoras do Ministério Público do Rio de Janeiro que estão à frente da investigação do caso, há indícios de que Lessa esteja ligado a grupos paramilitares e de que o assassinato de Marielle e Anderson esteja ligado a causas que a vereadora defendia, ou seja, tenha «motivação política», segundo refere o Brasil de Fato.

Mobilizações no Brasil e no estrangeiro

Para exigir respostas para o caso de Anderson e Marielle – que se definia nas redes sociais como «Mulher negra, criada na Maré [favela] e defensora dos Direitos Humanos» – e justiça para os milhares de crimes que ocorrem nas periferias, principalmente contra negros e pobres, estão agendados para hoje actos políticos em diversas cidades brasileiras e também no estrangeiro, informa o portal Brasil 247.

Em São Paulo, para assinalar o primeiro aniversário do crime e exigir justiça, terá lugar na Praça Oswaldo Cruz a mobilização «Justiça para Marielle – vidas negras e periféricas importam».

Além de uma aula pública sobre o legado de Marielle, dada por Jupiara Castro, do Núcleo de Consciência Negra, e pela deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL), o acto na capital paulista contará com a presença de múltiplos artistas, como o grupo Clarianas, Sarau das Pretas, Coletivo Negro, Cabaré Feminista, Bloco do Fuá e Luana Hansen.

Numa entrevista recente ao Brasil de Fato, a viúva de Marielle, Monica Benício, valorizou os avanços alcançados na investigação e a importância das detenções efectuadas. Sublinhou, no entanto, que «a resposta mais importante ainda não foi dada»: quem mandou matar Marielle.

«Mais importante do que termos ratos mercenários a serem responsabilizados pelo que fizeram, é a questão urgente e necessária [de] saber quem foi que mandou matar Marielle», frisou Benício.

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