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Madeira tem a segunda maior taxa de risco de pobreza ou exclusão do país

Apesar do recuo face a 2023, a Madeira continuou a apresentar registos alarmantes no que à taxa de risco de pobreza ou exclusão do país diz respeito. Miguel Albuquerque chegou a sacudir as responsabilidades, dizendo ser «normal» por se tratar de ilhas.

CréditosUnião de Sindicatos da Madeira/CGTP-IN / União de Sindicatos da Madeira/CGTP-IN

Os dados de Dezembro de 2024 não dão margem para dúvidas: na Madeira há enormes diferenças sociais. De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e publicado pela Direcção Regional de Estatística da Madeira (DREM), a Região Autónoma apresenta uma taxa de risco de pobreza ou exclusão social (rendimentos de 2023) de 22,9%, superior à média do país

Os dados, apesar de ficarem abaixo dos resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (ICOR), revelam uma dura realidade. Em 2023 Miguel Albuquerque relativizou as evidências, considerando os dados como normais por se tratar de ilhas. «É normal porque somos ilhas. As ilhas têm sempre um risco superior», disse, acrescentando que «nos territórios continentais, em termos de risco de pobreza, quer as ilhas italianas, quer as ilhas espanholas, têm sempre média superior a 10%».

Segundo o noticiado pelo Diário de Notícias, em Dezembro do ano passado, a média nacional da taxa de risco de pobreza ou exclusão social situou-se nos 19,7%, diminuindo 0,4 p.p. face ao ano anterior, o que demonstra bem um contraste entre a Madeira e o resto do país.

Quanto à taxa de privação material e social severa na Madeira está nos 5,4%, um valor que está acima da média do País onde esta taxa se fixou em 4,3% e que, apesar de ser o valor mais baixo desde 2015, ilustra bem o que tem sido a política do PSD na região, tendo sido direccionada para os mais ricos, criando cada vez mais contrastes. 

Recentemente, o relatório intercalar Portugal, Balanço Social 2024, intitulado Quem consegue pagar as despesas essenciais? Uma análise da pobreza absoluta em Portugal, elaborado por uma equipa da Nova SBE, concluiu que na  Madeira há maior risco de pobreza absoluta, situando-se os indicadores nos 15%.

Estes dados ficam mais alarmantes quando se sabe, de acordo com os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), em Julho de 2024 a Região Autónoma da Madeira teve uma redução de 11,3% no número de desempregados face ao período homólogo do ano anterior.

O que podia ser positivo, traz consigo uma outra camada de dados. Também no passado ano, a 10 de Maio, a Direcção Regional de Estatística da Madeira revelou que entre o 4.º trimestre de 2022 e  o 1.º trimestre de 2023 o número de trabalhadores com contrato a termo aumentou 10%, totalizando mais de 20 mil trabalhadores. 

Os mesmos dados confirmam também o aumento de 9,2% do subemprego, registando-se mais de 4,3 mil os madeirenses nesta condição laboral. A isto pode-se ainda juntar os trabalhadores com falsos recibos verdes e verifica-se que mais de 25% dos madeirenses e porto-santenses que têm trabalho encontram-se numa situação de instabilidade laboral e baixos salários.
 

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