|Ambiente

PEV atribui bandeira negra a assoreamento no Parque Natural de Montesinho

Há mais de dez anos que o assoreamento nos cursos de água a jusante das minas de Portelo (Bragança) afecta gravemente as ribeiras e os ecossistemas nas aldeias de Aveleda e Portelo, denunciam os ecologistas.

Créditos / PEV

«Toneladas de areia arrastadas numa extensão de 14 quilómetros e a deposição de sedimentos provocados pelo colapso das escombreiras da mina, num período de forte pluviosidade em 2009, causaram inundações, perda de biodiversidade, contaminação das águas, afetação das culturas agrícolas e o assoreamento do rio Pepim, afluente do rio Sabor», revela o PEV, através de comunicado, depois de uma visita recente ao local.

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Os Verdes querem um Tejo com um caudal ecológico garantido

«Mais que nunca, é urgente garantir o caudal ecológico, e não soluções remendadas que tragam ainda mais problemas ambientais». Bandeira Negra, dedicada ao Tejo, é hasteada hoje às 17h, na Ribeira de Santarém.

Na ponte sobre o rio Pônsul, seco, são visíveis as marcas do nível habitual da água, que desceu cerca de 15 metros devido à pouca água no rio Tejo, que atingiu os níveis mais baixos registados nas últimas décadas, Castelo Branco, 22 de Outubro de 2019. 
CréditosPaulo Novais / Agência Lusa

A Bandeira Negra, dedicada ao Tejo, vai ser hasteada na Ribeira de Santarém, «dando assim sequência ao compromisso assumido, pelo Partido Ecologista «Os Verdes» (PEV) e pela CDU, com o Tejo, nas últimas eleições autárquicas».

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Os Verdes: bandeira negra contra a falta de medidas na prevenção de incêndios

Cinco anos depois dos incêndios de Pedrógão Grande, «que causaram inúmeras vítimas, a destruição de bens e biodiversidade com repercussões no imediato e a longo prazo no ecossistema», muito está ainda por fazer, alerta o PEV.

CréditosMiguel A. Lopes / Agência Lusa

À margem de uma iniciativa realizada no dia 11 de Junho – caminhada na Barragem de Santa Luzia, em Pampilhosa da Serra, e uma conversa sobre as «consequências do despovoamento para a gestão do território» – o Partido Ecologista «Os Verdes» (PEV) hasteou uma bandeira negra alertando para a falta de medidas na prevenção dos incêndios em Portugal.

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Verdes criticam orçamento cinzento

O Orçamento de Estado para 2022 (OE2022) apresentado pelo Governo está longe de constituir uma resposta aos problemas estruturais do País e, em vários aspectos, agrava-os.

O Conselho Nacional do Partido Ecologista reuniu-se para abordar a situação ecopolítica nacional e internacional e para debater a estratégia de acção ecologista para os próximos meses. Lisboa, 14 de Maio de 2022
Créditos / Facebook

A reunião do Conselho Nacional do Partido «Os Verdes» (PEV), que se realizou este sábado em Lisboa, analisou a situação ecopolítica nacional e internacional e perspectivou a acção e intervenção dos ecologistas junto das populações.

O PEV lamenta a obsessão do Governo pelo défice, à custa da degradação das condições de vida no país.

Do ponto de vista ambiental, assinala a falta, no OE2022, de «verbas para projectos de preservação dos ecossistemas, dos recursos hídricos, florestas, solos», bem como de «verbas para reforçar os recursos humanos e os meios» nessas áreas.

Os ambientalistas acusam o Governo de falta de compromisso com a Estratégia Nacional para a Conservação da Natureza e da Biodiversidade. «O investimento nesta dimensão ambiental, de preservação e valorização da diversidade biológica e de recuperação de ecossistemas», continua a constituir «um parente pobre da política ambiental, que não tem representado sequer 1% do orçamento global do Ministério do Ambiente e não tem ultrapassado os 3% dos projectos financiados pelo Fundo Ambiental».

Pior, «o orçamento global do Ministério do Ambiente e da Acção Climática diminui em relação à primeira proposta de Orçamento do Estado para 2022, apresentada em Outubro do ano passado, o que não augura nada de bom» para a valorização e a segurança ambiental.

Relativamente à guerra na Ucrânia, reafirmando-se como partido pacifista, o PEV reiterou que «a luta pela Paz deve ser o caminho escolhido, e não alimentar o mercado do armamento e o brutal aumento dos orçamentos militares», com a militarização do mundo.

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Câmara de Setúbal: moções de censura chumbadas e imigrantes reconhecem apoio

As moções do PSD e do PS não passaram na Assembleia Municipal. Na reunião, imigrantes de várias nacionalidades reconheceram o trabalho de acolhimento realizado pela autarquia e manifestaram indignação face às notícias dos últimos dias. 

Créditos / Setúbal Mais

A Assembleia Municipal de Setúbal chumbou esta terça-feira duas moções de censura ao executivo camarário apresentadas por PS e PSD à boleia das notícias plantadas pela Embaixada da Ucrânia, de que refugiados daquele país estariam a ser recebidos por cidadãos russos com alegadas ligações ao Kremlin.

Apesar de não terem carácter vinculativo, a moção do PSD pedia a demissão do presidente da Câmara de Setúbal, André Martins (CDU), enquanto a moção do PS visava a censura da gestão autárquica, não apenas na questão da recepção aos refugiados ucranianos, tendo sido ambas rejeitadas. O documento do PS contou com votos a favor, além do próprio, do BE, IL e Ch, a abstenção do PSD e do PAN e o voto contra da CDU. A moção do PSD foi votada favoravelmente também pelo Ch, tendo merecido a abstenção do PAN, IL e PS, e o voto contra da CDU e do BE. 

Numa altura em que a autarquia não sai da agenda mediática e está inclusive a ser alvo de investigação no âmbito do trabalho de acolhimento de refugiados, foram vários os que, provenientes de vários países do Leste da Europa, e também da Ucrânia, intervieram na sessão de ontem para partilhar as experiências que viveram desde que chegaram ao nosso país, mais concretamente a Setúbal, e relatar o apoio que encontraram, como é possível perceber pelos vídeos da Assembleia Municipal de Setúbal contidos neste artigo.

«Era necessário vender uma notícia má, que se vende melhor»

Valentina nasceu na Moldávia, mas vive em Setúbal há 22 anos. Tem dupla nacionalidade, é membro da Associação de Imigrantes dos Países de Leste Edinstvo (que significa «união», em russo), apresentada pela imprensa como sendo «pró-Putin», e foi uma das intervenientes na reunião de ontem. Desta associação, contou Valentina, fazem parte imigrantes moldavos, russos «contados pelos dedos», georgianos, bielorussos, «mas a maior parte dos associados são ucranianos».

Esta técnica administrativa do Hospital de São Bernardo sublinha a «ajuda» de Igor e Yulia Kashin (que trabalhou como técnica superior na Câmara de Setúbal), visados numa notícia do Expresso de 29 de Abril como «espiões russos», na realização de cursos de Português, entre outras iniciativas, para melhor integração dos imigrantes, e expressou indignação perante as notícias vindas a público.

«Estão a denegrir a imagem destas pessoas sem provas. Chamar [alguém] de espião é muito grave e, tendo em conta que este casal tem dois filhos que estudam na escola, alguém pensou no bullying que estes adolescentes estão a sofrer? Ou era necessário vender uma notícia má, que se vende melhor?», indagou Valentina. 

Ouvido na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, esta terça-feira, Pavlo Sadokha, presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, admitiu não ter qualquer dado concreto relativamente à Câmara de Setúbal. 

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O Conselho Nacional do PEV manifestou o seu apoio ao presidente da Câmara Municipal de Setúbal e dirigente nacional do PEV, André Martins, e valoriza o trabalho que tem sido feito pelo município, sob a gestão CDU, «na integração e acolhimento de migrantes e refugiados, assim como vários prémios de reconhecimento por políticas e boas práticas ambientais».

«Os Verdes» reforçam a acção e intervenção ecologista e pretendem continuar a ser «a voz das populações, nas suas causas ambientais e sociais». Nesse sentido, o PEV vai prosseguir a Campanha Nacional SOS Natureza, lançada pelo partido para assinalar as questões que afectam a Natureza e a biodiversidade. No mês de Maio o foco serão acções ligadas à poluição sonora e à poluição do rio Tejo, em Lisboa, sobre o Eucalipto de crescimento espontâneo, em Viseu, e sobre as infestantes nos rios, nomeadamente os jacintos de água, em Aveiro.

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Na zona de Pedrógão Grande, por exemplo, cinco anos depois dos grandes incêndios, «não só a população continua tão ou mais vulnerável como também a própria biodiversidade está em risco». As medidas necessárias à prevenção deste problema, continuam a não ser aplicadas.

Num comunicado divulgado ontem, o PEV refere a importância de «travar as monoculturas de eucalipto», especialmente tendo em conta que o país vive a pior situação de seca de que há registo. A acção não pode ficar por aí: é preciso «concretizar medidas para o arranque do eucalipto espontâneo; controlar as [espécies] invasoras e apoiar os baldios e pequenos proprietários com vista à (re)arborização das florestas com espécies endógenas».

Primeiro lamenta-se, depois esquece-se

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Regionalização: o País estará a perder até que se concretize

O tema está de regresso ao Parlamento. Portugal é um dos países mais centralizados da OCDE. A maioria dos eleitos admite que a regionalização é a solução para os problemas do País e que não se pode esperar mais.

O despovoamento do Interior é um dos problemas resultantes da ausência de regiões administrativas
Créditos / A Voz de Trás-os-Montes

O debate desta tarde na Assembleia da República foi agendado pelo PCP, que propõe um calendário para a instituição em concreto das regiões administrativas durante o ano de 2021. Os comunistas reconhecem que, apesar de a regionalização ser «objecto das mais elogiosas referências, mesmo dos que a ela se têm oposto», as opções têm passado por «afastar a sua concretização», ainda que a criação de regiões administrativas seja «inseparável» de uma «efectiva e sustentada descentralização». 

Embora se trate de um imperativo constitucional, há 44 anos que a regionalização demora a sair do papel e é graças ao acordo estabelecido entre o PS e o PSD, no âmbito da revisão constitucional de 1997, que ficou sujeita a referendo obrigatório.

Os comunistas entendem que não há fundamentos para continuar a atrasar este processo e querem submeter à consulta das assembleias municipais, até ao final de 2020, a proposta de dois mapas possíveis de criação das regiões administrativas. Entendem igualmente que deve ser aprovada a sua criação no início de 2021, com a convocação de um referendo que possa vir a realizar-se no segundo trimestre desse mesmo ano.

Também o BE se junta ao objectivo de criar regiões administrativas através de um projecto de resolução, no qual concorda que «não basta falar de "coesão territorial"» e que «é preciso construir essa coesão com a organização administrativa que lhe dê sustentação», em vez de medidas pontuais.

Regionalização rima com coesão 

O entendimento é corroborado por Abílio Fernandes, que durante 25 anos presidiu à Câmara Municipal de Évora e foi uma das vozes que no Alentejo lutaram pela instituição da regionalização através do movimento «Alentejo: Sim à Regionalização, por Portugal», e que tem hoje no Amalentejo expressão desta reivindicação na região. 

Ouvido pelo AbrilAbril, o antigo autarca (CDU) assume que o abandono do Interior, «de que todos se queixam» (inclusive os que têm responsabilidades políticas), não é separável de a regionalização ainda não ser uma realidade e critica a falta de vontade política nesse sentido.

Reconhece que ela é «imprescindível» para melhor aproveitamento das potencialidades nacionais e para um desenvolvimento equilibrado do País, sublinhando que a criação de regiões administrativas resulta também numa maior participação das populações na gestão da coisa pública. 

Portugal está entre os oito países da União Europeia que não têm regiões administrativas e é um dos mais centralizados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). O cenário traz «angústia» a Abílio Fernandes, «num momento em que estamos a sentir que não aproveitamos as nossas possibilidades», e quando há evidência de que a regionalização conduz a um melhor desenvolvimento dos territórios. 

«Há potencialidades naturais, neste caso regionais, que estão subaproveitadas porque a centralização do poder não possibilitou, como normalmente não possibilita, a resolução de problemas com esta dimensão», reconhece Abílio Fernandes. Neste sentido, frisa que cabe ao planeamento regional definir as prioridades [de cada região] com a participação das respectivas populações, permitindo assim, «com muito menos dinheiro, fazer os investimentos prioritários e de raiz de que, neste caso, o Alentejo necessita». 

Maioria diz «sim»

O entendimento quanto à necessidade de um nível intermédio de governação, entre a Administração do Estado e os municípios, é cada vez mais consensual. Um estudo realizado pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), divulgado em Fevereiro de 2019, concluiu que 77% dos presidentes de Câmara querem regiões administrativas a curto prazo, enquanto 84% querem para essas regiões órgãos próprios eleitos directamente. Segundo a análise, as vantagens da regionalização são reconhecidas pela totalidade dos eleitos do PCP, por 85% dos eleitos do PS, e 67% dos eleitos do PSD e do CDS-PP.

A par do que o desequilíbrio nacional demonstra, com um Interior a definhar e um Litoral cada vez mais saturado, a evidência internacional é bem elucidativa de que a instituição de regiões administrativas constitui um passo decisivo para o desenvolvimento.

Isto mesmo constatava o presidente da Câmara Municipal de Valongo, José Manuel Ribeiro (PS), num artigo de opinião publicado em 2019. «Na Europa das regiões, onde praticamente todos os países estão regionalizados à excepção de Portugal, as regiões significaram, sempre, mais coesão territorial, menos assimetrias, maior riqueza e, por via desta, contas públicas mais equilibradas», descreveu no jornal Público.

Tal como este, outros eleitos autárquicos do PS, nomeadamente Fernando Medina (Lisboa), Luísa Salgueiro (Matosinhos) e Eduardo Vítor Rodrigues (Vila Nova de Gaia), têm trazido a público a sua anuência com a regionalização, em oposição ao primeiro-ministro, António Costa, que insiste na descentralização de competências e em meras respostas no plano da desconcentração. Desconcentração que, frisa Abílio Fernandes, não evita que o poder e a determinação das políticas estejam na mão do Governo. 

Os eleitos autárquicos, de vários pontos do País, que recentemente se reuniram na conferência do JN, na Invicta, da qual resultou a Declaração do Rivoli, convergem na ideia de que é fundamental avançar com a regionalização para que a descentralização, por que os municípios anseiam, seja bem sucedida.

Neste sentido, e a propósito da armadilha do referendo, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, admite que «quem pôs, pode retirar», tendo já sublinhado que, em democracia, o processo de regionalização não deve ficar parado. 

Cem mil milhões em 30 anos não resolveram assimetrias 

A necessidade de avançar para o que todos os indicadores revelam ser a solução dos problemas do País, seja a nível das assimetrias, despovoamento do Interior, combate ao desemprego e fixação de actividades económicas, entre outros, é vincada igualmente pela Associação Nacional de Freguesias (Anafre) e pela Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), que acompanha a iniciativa do PCP.

Conforme estabelece a resolução do seu último congresso, a instituição das regiões administrativas é um «instrumento fundamental» para a assumpção de uma política de desenvolvimento regional que prossiga objectivos de coesão, competitividade e equidade.

«Foi claro para o congresso, é claro para os autarcas portugueses, no quadro do que foi uma posição de unanimidade expressa nesta matéria, de que é o momento de avançar com a regionalização, o País não pode perder tempo», reforça Alfredo Monteiro, membro do Conselho Directivo da ANMP, em declarações ao AbrilAbril.

O facto de os 100 mil milhões de euros de fundos comunitários de que o País usufruiu em 30 anos não terem resolvido as assimetrias regionais confirma a premência. «Não resolveram», realça Alfredo Monteiro, «porque faltaram efectivas políticas regionais». 

«Veja-se o exemplo da rede ferroviária de passageiros e transporte de mercadorias, com um inconcebível desinvestimento na sua modernização e com o encerramento de muitas centenas de quilómetros», aclara.    

O dirigente insiste que não há justificação para o adiamento da regionalização face aos problemas do País que, esclarece, «este modelo de transferência de competências, de completa desresponsabilização do poder central, não assegura e que tem a ver com o cumprimento das funções sociais do Estado, como a Educação e a Saúde». 

Relativamente ao anúncio do Governo, referente à eleição dos presidentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) no primeiro semestre de 2020, Alfredo Monteiro defende que se trata de uma «mistificação», que apenas tem como intuito adiar, uma vez mais, a regionalização, que é também fundamental para consolidar o poder local democrático. «Significa eleger órgãos que continuarão a responder à Administração Central, quando se trata de uma estrutura desconcentrada», critica.

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O apoio às actividades agrícolas, «em particular à agricultura familiar», afigura-se fundamental para a criação de «mosaicos na paisagem, impedindo a expansão das áreas incultas», defendem Os Verdes. Por outro lado, a criação de medidas para a «fixação de população no interior», garantindo a existência de actividade económica nas áreas de baixa densidade, representaria um papel essencial na prevenção dos incêndios.

Pelo contrário, ao longo destes cinco anos «manteve-se o mesmo paradigma de esvaziamento do interior», sem investimento real numa rede de transportes públicos, «continuaram a ser desvalorizadas as actividades económicas locais» e nada foi feito em relação às espécies de crescimento rápido e invasoras que dominam agora as paisagens queimadas.

O hastear da bandeira negra «é uma de muitas iniciativas que se insere na campanha SOS Natureza, que Os Verdes iniciaram a 21 de Março e que decorrerá até ao final de 2022, quando o Partido Ecologista «Os Verdes» celebra 40 anos».

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Esta bandeira visa alertar para o «estado de seca e de degradação ecológica em que o rio se encontra», assim como denunciar a «ausência de respostas e tomada de medidas ambientalmente adequadas para fazer face à situação», num período de agravamento das alterações climáticas.

A iniciativa do Partido Ecologista «Os Verdes» tem início às 17h, com uma caminhada que tem como ponto de partida o W Shopping. Daí, os participantes seguirão até à Ribeira, pelo centro histórico da cidade. Nesta acção, que conta com a participação da população scalabitana, será distribuído um folheto «alertando para preocupações e acções necessárias à defesa do rio Tejo e das populações ribeirinhas».

Enquadradas numa campanha nacional, S.O.S Natureza, «estas iniciativas de sinalização de pontos negros, através da colocação de bandeiras, serão também alargadas a outros distritos ribeirinhos do Tejo», avisa o partido ecologista.

Um Tejo ao serviço dos interesses das empresas hidroeléctricas

A Convenção de Albufeira (1998), celebrada entre Portugal e Espanha, abrange as bacias hidrográficas dos rios partilhados entre os dois países: Minho, Lima, Douro, Tejo e Guadiana. O objectivo deste acordo é definir um quadro de cooperação para a protecção das águas e dos ecossistemas aquáticos e terrestres directamente dependentes destes rios.

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EPAL suporta borlas às poluidoras do Tejo

Os trabalhadores da EPAL rejeitam os novos encargos e repudiam o «mecenato às poluidoras do Tejo com o apadrinhamento do Ministério do Ambiente». As lamas estão a ser depositadas em património natural.

Remoção de espuma do rio Tejo junto ao açude de Abrantes, em Janeiro de 2018. As descargas poluentes industriais em Vila Velha de Rodão foram investigadas como crime ambiental
CréditosPAULO CUNHA / LUSA

Em comunicado, a comissão de trabalhadores da Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL) denuncia que a «Operação Tejo 2018», promovida pelo Ministério do Ambiente, isenta as entidades poluidoras das responsabilidades, tranferindo-as para a empresa e para a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

«Não bastando ilibar as empresas poluidoras das suas culpas e responsabilidades, ficam a EPAL e APA, a partir daqui, responsáveis pela manutenção das condições necessárias para assegurar a qualidade da água para abastecimento, arcando com os custos e impacto das operações que sejam para tal necessárias», lê-se.

Entre os novos engargos atríbuidos à EPAL e à APA, fica a responsabilidade pela limpeza das águas e sedimentos do rio Tejo, de Lisboa até Vila Velha do Rodão, onde está localizada a Celtejo.

No mesmo comunicado, os trabalhadores afirmam ser inaceitável a crescente desresponsabilização da Celtejo em todo o processo e que a coima aplicada seja substítuida por um «puxão de orelhas».

Referem que a poluição produzida pelos privados está a ser, mais uma vez, suportada pelos contribuintes, tal como foram os «tóxicos financeiros». «À EPAL faltam diariamente os meios e pessoal para assegurar com qualidade o serviço público de abastecimento e saneamento, mas quando é preciso limpar a sujeira dos privados, há disponibilidade», acrescentam.

Lamas contaminadas despejadas em monumento natural

Segundo a comissão de trabalhadores, o Ministério do Ambiente, em nome da EPAL, «requisitou oficialmente» o terreno «Barroca da Senhora», na freguesia de Vila Velha de Rodão, para depósito e tratamento dos 30 mil metros cúbicos de lamas contaminadas do Tejo.

O terreno encontra-se dentro da área do Monumento Natural das Portas de Rodão, classificado em 2009. No seu decreto regulamentar lê-se que, dentro dos limites desta área protegida, não pode haver alterações «da morfologia do solo e do coberto vegetal», estando igualmente proibida a «deposição ou vazamento de resíduos».

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Altamente criticada pelos ecologistas, a convenção não estabelece caudais diários, o que resulta num caudal (quantidade de água de um rio que passa num desterminado sector), com grandes discrepâncias ao longo do ano. Apenas está definido um valor mínimo.

Análises levadas a cabo pela associação ambientalista Zero demonstram que, mais recentemente, os caudais estavam pouco acima do mínimo estabelecido de «sete hectómetros cúbicos semanais, na semana de 9 a 15 de Agosto e na semana de 16 a 22 de Agosto (12,07 e 11,90 hectómetros cúbicos, respectivamente)».

«Verifica-se também uma grande oscilação ao longo dos dias de uma mesma semana, com caudais muitíssimo reduzidos num dia e bastante mais abundantes no dia seguinte, mostrando claramente que a única preocupação é o cumprimento do total semanal estabelecido na convenção».

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Os ecologistas alertam para uma situação «grave» e com «preocupantes» impactos ambientais, sociais e económicos sobre a região que, em simultâneo, contraria a aposta crescente no ecoturismo e em investimentos na valorização ambiental do território. E apontam baterias ao Governo, a quem questionaram em 2020, através do Ministério do Ambiente.

«Continua a ser incompreensível o sucessivo adiamento por parte do Governo de uma solução que ponha fim à contínua degradação ambiental que tem lugar no coração do Parque Natural de Montesinho», lê-se na nota. 

As minas de Portelo, integradas na área mineira de Montesinho, foram alvo de intervenção pela Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), numa primeira fase, com vista à remediação ambiental, inventariação e protecção de acessos, poços e galerias.

De acordo com a informação disponibilizada na página da EDM, esta intervenção incluiu a suavização de escarpas e a modelação de taludes. No entanto, lembra o PEV, «ficou por realizar uma segunda fase do projecto com vista à recuperação paisagística da escombreira de finos, a desobstrução do leito principal da Ribeira do Vale de Ossa, afluente do rio Pepim, assim como a descontaminação dos solos».

Os ecologistas criticam o protelamento do plano de intervenção por parte de sucessivos governos, até porque a situação agrava-se em épocas de forte pluviosidade, com deslizamentos das escombreiras e potencial risco de contaminação dos cursos de água. 

«A falta de intervenção urgente por parte dos organismos responsáveis pelo ambiente e pelo sector da geologia, que teimam em ignorar que é urgente recuperar o rio Pepim, em Aveleda, contribuir para a recuperação paisagística das margens e da galeria ripícola e proporcionar a fruição daquele espaço por residentes e visitantes» constitui a razão da atribuição da bandeira negra pel'Os Verdes.

Através da campanha SOS Natureza, o PEV pretende chamar a atenção para os graves problemas ambientais e continuar a dar voz às preocupações das populações.

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