Os discursos revanchistas dos promotores desta celebração institucional do 25 de Novembro, para além do ajuste de contas com o processo revolucionário do 25 de Abril e as suas conquistas, escondem que o golpe contra-revolucionário que promoveram e não obteve os resultados desejados, nomeadamente: travar a Revolução, ilegalizar o PCP e impedir a aprovação da Constituição da República que consagrou o processo de transformações e conquistas alcançadas com o 25 de Abril.
Nesta sessão, o Grupo Parlamentar do BE fez-se representar apenas por uma deputada, enquanto o PCP não marcou presença. A ausência dos deputados do PCP foi justificada por Paulo Raimundo, que acusou as «forças da revanche» de, por um lado, «quererem rescrever a História, e apresentar o 25 de Novembro, não pelo que foi, mas pelo que desejariam que tivesse sido de regresso ao passado de meio século de ditadura fascista» e, por outro, de tentarem «equivaler um golpe contra-revolucionário, apesar de sustido no que de mais sombrio continha no propósito de alguns, com a Revolução libertadora do 25 de Abril».
Apesar de convidados, também não marcaram presença a Associação 25 de Abril e ex-conselheiros da Revolução que integraram o chamado “Grupo dos 9”.
Entretanto, ao início da tarde desta segunda-feira, o PCP promoveu uma conferência de imprensa na Assembleia da República, em torno desta sessão parlamentar sobre o 25 de Novembro, definindo-a como uma «provocação» e «um momento de confronto com a Revolução de Abril, as suas conquistas e valores, indissociável da crescente promoção de concepções reaccionárias e fascizantes».
A líder parlamentar comunista, reafirmou que o PCP «não podia compactuar com esta operação em curso», nem legitimará quaisquer acções que tenham como objectivo «atacar a Revolução de Abril».
Paula Santos, sublinhou ainda que sempre houve quem quisesse reescrever a história, embora esta sessão na Assembleia da República assuma «um novo patamar ao procurar a legitimação institucional, com o suporte político de PSD e CDS, acompanhado de CH e IL, e que conta com a anuência de mais forças políticas, a que se juntou o Presidente da República, com a sua presença». Legitimação que, segundo a dirigente comunista, «nunca obteve no plano popular».
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