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Associação 25 de Abril também não estará presente na sessão do 25 de Novembro

A par do PCP, a Associação 25 de Abril também não marcará presença naquilo que considera ser uma «deturpação» da História da construção da democracia.

Sessão solene comemorativa dos 47 anos da Revolução de 25 de Abril na Assembleia da República em Lisboa, a 25 de Abril de 2021. Em 25 de Abril de 1974, um movimento de capitães derrubou a ditadura fascista mais longa da Europa, num golpe militar que, com o povo nas ruas, se transformou naquela que ficou conhecida como a Revolução dos Cravos
CréditosAntónio Cotrim / Agência Lusa

«A História não pode ser deturpada». É com esta legítima justificação que a associação fundada por alguns militares de Abril recusou o convite que lhe fora endereça pela Assembleia da República para participar nas chamadas «comemorações» do 25 de Novembro.

A comunicação assinada por Vasco Lourenço foi endereçada ao presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco e, segundo vários órgãos de comunicação social, indica que a associação não contesta o direito da «casa da Democracia» de decidir livremente sobre «os actos que quer praticar», ainda que considere que a decisão de realizar a sessão «provoca uma enorme e clara deturpação» dos acontecimentos históricos, acrescentando que «a História é a História, não pode ser deturpada, ao sabor da vontade de qualquer conjuntural detentor do poder».

Entendendo que os «saudosos do passado» estão a aproveitar-se das oportunidades que a democracia lhes proporciona para «se não regressar ao passado, pelo menos destruir os valores do 25 de Abril e construírem uma sociedade limitada e controlada», a Associação 25 de Abril considera, deste modo, que há uma tentativa de reescrita da história com base num projecto político-ideológico reaccionário.

Desmontando a falsa equiparação feita entre a Revolução de Abril e o 25 de Novembro, a Associação considera que «nenhum dos acontecimentos posteriores» pode comparar-se ao 25 de Abril. «Todos os acontecimentos posteriores, que se caracterizaram por tentativas de impedir o caminho traçado pelo programa do MFA e dos seus valores, acabaram por ser vitórias do MFA e do povo, apesar do juízo que hoje se possa fazer sobre o caminho que foi seguido».

Desta forma, a par do PCP, a Associação 25 de Abril também não vai participar no embuste que está a ser preparado para a próxima segunda-feira, avaliando não só o momento, mas também os objectivos e as forças que o promovem. Esta acção não vai ser seguida pelos vários partidos à esquerda com Livre, Bloco de Esquerda e Partido Socialista a darem para o peditório dos partidos de extrema-direita saudosistas do passado mais obscurantista: o fascismo. 
 

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