No dia 21 de Março de 1960, a polícia de Sharpeville, na África do Sul, abriu fogo e assassinou 91 pessoas que se manifestavam, pacificamente, contra a «lei dos passes», implementada pelo regime de Apartheid como forma de discriminação e repressão da maioria negra.
Passados 19 anos, em 1979, a Assembleia-Geral das Nações Unidas decidiu que, anualmente, em todos os países, 21 de Março seria assinalado como Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, em solidariedade com os povos que lutam contra o racismo e a discriminação racial.
Para a CGTP-IN, «torna-se cada vez mais importante assinalar este dia e relembrar a sua origem, para que não se repita e que o racismo, a xenofobia e a violência que origina estejam efectivamente no nosso passado». A central sindical regista num comunicado que, com a mudança da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), da dependência do Alto Comissariado para as Migrações para a Assembleia da República, os serviços desta comissão estiveram mais de um ano sem funcionar, não sendo possível avaliar o número de queixas relativas a situações de racismo e discriminação.
Mesmo sem dados oficiais, a Inter assume que «acontecimentos recentes», como o da Rua do Benformoso, em Lisboa, «procuram acentuar uma linha persecutória de trabalhadores imigrantes e de instigação de discriminações e divisões artificiais entre os trabalhadores e as populações». Perseguições, discriminações e divisões que, salienta, «temos o dever de activamente combater e contrariar».
A central sindical liderada por Tiago Oliveira denuncia que as políticas levadas a cabo por sucessivos governos, «de manutenção de um modelo de baixos salários, precariedade, a negação do direito à habitação, de horários desregulados, múltiplos empregos para fazer face à insuficiência dos salários, afectam milhares de trabalhadores que, independentemente da sua origem, sofrem com uma política que procura perpetuar um modelo de exploração sustentado na divisão dos trabalhadores e que se alimenta de ideias racistas e xenófobas».
Nesse sentido, continua a defender a «integração plena de direitos, deveres e oportunidades, para todas as minorias existentes no nosso país», alicerçada na unidade de todos os trabalhadores, «independente da sua origem, raça ou nacionalidade», na luta pelo aumento dos salários e outros direitos, e pelo combate à discriminação e ao racismo. Valorizando a multiculturalidade, «continuamos a combater estereótipos e preconceitos, desconstruindo falácias e falsas divisões entre trabalhadores alimentadas pela extrema-direita», lê-se na nota.
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