Maria Luís Albuquerque, vice-presidente do PSD, responsabiliza a política do actual Governo pela eventualidade de aplicação de sanções a Portugal em resultado do procedimento por défice excessivo de 2015. E vai mais longe quando afirma: «Se eu fosse ministra das Finanças a questão das sanções não se colocava.»
Justifica esta opinião: «Porque a questão que se coloca verdadeiramente é o que está a ser feito nestes meses de governação, são as dúvidas fundadas sobre as metas macro-económicas e as reformas estruturais. Foi com elas que conseguimos merecer a confiança dos nossos parceiros europeus. Se tivéssemos continuado no Governo essa credibilidade não se perdia».
Comentando as declarações da ex-Ministra das Finanças, o porta-voz do PS, João Galamba, disse que Maria Luís Albuquerque fez comentários «inaceitáveis» e «um pouco absurdos». «Porque não pode dizer que se ela fosse ministra não haveria sanções, porque a questão das sanções põe-se exactamente por causa de Maria Luís Albuquerque ter sido ministra», disse João Galamba.
João Galamba respondeu que a atitude da ministra é de «ataque ao país» e mostra que o PSD, quando aprovou no Parlamento um voto contra sanções a Portugal, foi «uma farsa», porque «na realidade está apenas interessado em fazer política mesquinha»
Já o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou hoje que Maria Luís Albuquerque «não tem moral nenhuma» para fazer tais declarações
«Ao ouvir a senhora Albuquerque fiquei espantando. Então, estão a sancionar-nos e a querer aplicar multas pela avaliação da política do Governo PSD/CDS-PP, porque isto é referente a 2015, em 2015 estava lá a senhora à frente do Ministério das Finanças. Por isso, é melhor dizer à senhora que tenha cuidado, porque os portugueses não são parvos e lembram-se bem do que o seu Governo fez e das suas responsabilidades próprias em relação à situação que vivemos», disse o líder comunista num comício, em Estarreja, distrito de Aveiro.
Jerónimo de Sousa disse «até acreditar» que as ameaças das sanções não viessem a acontecer se o Governo PSD/CDS-PP lá estivesse, porque este «estava pronto» para prosseguir com a política de exploração e de empobrecimento.
«Não diz por vergonha, mas ela [Maria Luís Albuquerque] tinha aquela proposta de cortes de 600 milhões de euros na Segurança Social, tinha um ataque aos serviços públicos, queriam mais privatizações, queriam a perda de direitos laborais, era isso que ofereciam aos portugueses, ou seja, podíamos conseguir baixar o défice um bocadinho, mas o povo português tinha de pagar com língua de palmo essa opção», sublinhou.
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