|Ambiente

É «bastante redutor» o objectivo de diminuir em 55% as emissões poluentes

Uma maioria de cidadãos inquiridos defende uma maior redução de emissões de gases com efeito de estufa. O PEV lembra a rejeição da sua proposta que estabelece a meta de se reduzir, pelo menos, 65% até 2030.

Créditos / jornaltornado.pt

Um estudo divulgado esta quinta-feira que auscultou 13324 pessoas de 12 países da União Europeia (UE), elaborado pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E), conclui que a maioria dos cidadãos (68% entre os 88% que responderam ao inquérito) quer políticas mais eficazes e ambiciosas para uma maior redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE).

Portugal é o quarto país (ultrapassado apenas por Itália, Espanha e Roménia) com mais cidadãos a defender estas medidas, segundo o relatório da T&E, organização ambientalista de defesa de políticas sustentáveis e que junta 63 associações do sector dos transportes e ambiente de 24 países europeus.

Recorde-se que, recentemente, foi anunciado um acordo entre a Presidência portuguesa do Conselho da UE e o Parlamento Europeu para redução dos GEE de apenas 55% até ao ano de 2030, meta que fica aquém das necessidades da defesa da sustentabilidade ambiental, de acordo com diversas organizações ambientalistas e partidos políticos.

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Reduzir 65% das emissões poluentes até 2030

O desafio é lançado pel'«Os Verdes» ao Governo para que este defenda, no âmbito da sua presidência do Conselho Europeu, políticas para a redução de emissões de gases com efeito de estufa.

/Pixabay
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Para os ecologistas, a redução de 60% das emissões até 2030 deveria ser uma meta mínima, uma vez que se deveria trabalhar para «atingir os 65%, até 2030, com valores de referência de 1990». Com este objectivo, o PEV apresentou, na Assembleia da República, uma recomendação ao Executivo.

O partido lembra que o «Acordo de Paris determina que a temperatura global do planeta não deve ultrapassar os 2.ºC em relação à era pré-industrial, devendo ser empreendidos esforços para que não fique acima dos 1,5ºC». Não obstante, estas metas podem ficar comprometidas, tendo em conta a «intensificação do aquecimento global» ao ritmo dos dias de hoje.

Neste sentido, «Os Verdes» evocam ainda o relatório especial do painel inter-governamental para as alterações climáticas de 2018, que constatou a elevada «probabilidade de se ultrapassar aquele valor [1,5.ºC] já na primeira metade do século XXI, se não forem tomadas medidas eficazes».

«Alguns dos efeitos mais preocupantes das alterações climáticas, como os extremos climáticos (fortes secas e fortes intempéries), a subida dos níveis dos mares ou a perda de biodiversidade» são já uma realidade do planeta.

Assim, é determinante «a diminuição do ritmo de aquecimento global» para retardar estes efeitos e para ser possível ganhar «mais tempo e oportunidade para processos de adaptação mais planeados e menos abruptos».

«A União Europeia (UE), que tem sérias responsabilidades globais nos altos níveis de emissão de gases com efeito de estufa, tem procurado ter uma imagem de salvaguarda do clima. Contudo, é preciso dizer que "dá umas no cravo e outras na ferradura", demonstrando, muitas vezes, contradições apreciáveis quando promove políticas que visam servir grandes interesses económicos e que navegam em sentido contrário aos objectivos de mitigação e de implementação de um processo de adaptação às alterações climáticas», denunciam os ecologistas.

Criticam ainda os subsídios atribuídos pela UE a Portugal para se diminuir a soberania alimentar, o que fez aumentar a pegada ecológica, ou ainda o favorecimento à implantação de monoculturas de eucalipto e às longas culturas super-intensivas de olival e amendoal.

«Os Verdes» destacam ainda a discussão em curso, no Parlamento Europeu, da Lei Europeia do Clima, onde se foi mais longe na fixação do objectivo de redução das emissões de gases com efeito de estufa em 60%, em 2030, quando a meta inicial da Comissão Europeia era apenas de 55%. Explicam que «esta diferença de cinco pontos percentuais representa» mais do que Portugal emite e, tendo em conta todos este factores, os ecologistas insistem que deveria trabalhar-se para reduzir «preferencialmente» 65% das emissões.

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A T&E e a Associação Zero defendem, com base neste estudo, que a Comissão Europeia deve aumentar a ambição nas políticas sectoriais.

Por seu turno, «Os Verdes» assinalam que este estudo revela «a forte preocupação dos cidadãos com o clima, expresso nos mais de dois terços dos portugueses que defendem metas climáticas mais ambiciosas», o que está em linha com as posições do partido.

E, nesse sentido, reforça a ideia de que, «se a UE quer efectivamente estar na vanguarda na luta contra as alterações climáticas, é fundamental que estabeleça no mínimo 60% de redução até 2030, conforme já tinha sido aprovado no Parlamento Europeu».

Os ecologistas recordam que alertam para a problemática das alterações climáticas desde a década de 90 do século passado, e defendem que a situação de «emergência climática requer um esforço maior», pelo que defendem que a meta deveria ser de 65% no ano de 2030.

O partido lembra ainda que apresentou um projecto de resolução na Assembleia da República no passado dia 15 de Abril, que recomendava ao Governo que defendesse a redução de emissões de GEE para um mínimo de 60%, «com esforços para atingir os 65% até 2030», iniciativa que foi rejeitada com os votos contra de PS, PSD, CDS-PP e a abstenção de IL e Chega.

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