|porto de Lisboa

Governo negoceia com multinacional Yldirim concessão do Terminal de Alcântara

A concessão do Terminal de Alcântara, em 1984, à Liscont (então do grupo Mota-Engil e hoje do Yldirim), revelou-se um total desastre, com múltiplos conflitos da concessionária com o Estado e os trabalhadores.

Terminal de Alcântara 
Créditos / portodelisboa.pt

Foi publicado esta sexta-feira o Decreto-Lei n.º 117/2021 de 16 de Dezembro, que altera as bases para a concessão do Terminal de Alcântara. Uma alteração que o próprio Governo assume ter negociado com a multinacional Yldirim.

O Governo decretou agora o prolongamento da concessão até 2038, anunciando, como é costume, ser do interesse público essa renegociação.

Entretanto, o PCP já denunciou o facto de o Governo ter «tomado esta opção num momento em que a Assembleia da República se encontra dissolvida, e onde é mais difícil o escrutínio público do contrato». 

Ao mesmo tempo, alertou que «esta prática – a renegociação de contratos de concessão – tem sido responsável pela perda de milhares de milhões de euros para o erário público, com o governo de turno a anunciar poupanças/ganhos de milhões que uns anos depois se descobre não existirem, pelo contrário, são transformados em ganhos de milhões de euros para a parte privada da negociação».

|

Estivadores denunciam despedimento colectivo «encapotado»

A proposta «generosa» feita pelas empresas de trabalho portuário, de contratar 80 dos 144 trabalhadores, pretende esconder o objectivo de despedir ou precarizar o vínculo de 54 estivadores, afirma o sindicato.

Manifestação dos estivadores de Setúbal contra a precariedade, 5 de Junho de 2018
CréditosRUI MINDERICO / LUSA

Os operadores do Porto de Lisboa ameaçaram, esta terça-feira, recorrer ao mercado se os estivadores continuarem a recusar a proposta de contratação de 80 dos 144 trabalhadores da Associação-Empresa de Trabalho Portuário (A-ETPL), que pediu a insolvência no passado mês de Fevereiro, mas o Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística (SEAL) diz tratar-se de um «despedimento colectivo encapotado de 54 trabalhadores».

Contactado pela Lusa, o presidente do SEAL, António Mariano, afirmou que «a "generosidade" contratual das empresas da Associação de Operadores do Porto de Lisboa (AOPL) tem como objectivo único conduzir ao desemprego/precariedade 54 dos estivadores profissionais de Lisboa que, durante os últimos anos, trabalharam diariamente ao seu serviço naquele porto, onde a maioria deles atingiu, durante os anos transactos, o limite máximo de 850 horas de trabalho suplementar admitido pelo Contrato Colectivo de Trabalho em vigor».

Para o dirigente, o comunicado da AOPL (associação patronal que representa a A-ETPL e as sete empresas de estiva de Lisboa que, por sua vez, são as suas únicas sócias e que a apresentaram à insolvência) constitui «mais uma prova cabal da criminosa concertação que as mesmas têm em curso com o objectivo de procederem a um despedimento colectivo encapotado».

António Mariano refere ainda que as «remunerações em atraso» representam «apenas uma ínfima parte dos elevados créditos salariais – na ordem dos milhões de euros – a que os trabalhadores têm direito».

O dirigente reforça que as «propaladas intenções de contratação acontecem num cenário de greve total e efectiva, num contexto de clara chantagem laboral e psicológica perante um colectivo cujos empregadores pretendem ilegalmente substituir por mão-de-obra estranha ao sector, em violação grosseira do artigo 535 do Código do Trabalho, a qual terá consequências imprevisíveis no movimento marítimo que regularmente escala os portos nacionais».

Com agência Lusa

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

Como exemplo, é dada a «renegociação dos contratos das PPP [parcerias público-privado] rodoviárias, parte dessas renegociações desenvolvidas entre o actual administrador da Brisa (então ministro do PSD/CDS) e o anterior administrador da Brisa».

A concessão à Liscont – então do grupo Mota-Engil, hoje do grupo turco Yldirim – do Terminal de Alcântara, realizada em 1984 por um período de 20 anos, revelou-se um total desastre, com múltiplos conflitos da concessionária com o Estado, a cidade e os trabalhadores portuários, de que ainda decorre o processo de insolvência – fraudulenta, na denúncia do PCP e do Sindicato dos Estivadores – da ETPL-Lisboa .

O PCP, nas razões que apresentou publicamente para chamar à apreciação parlamentar o referido Decreto-Lei, junta à necessidade de trazer transparência ao processo de renegociação, a sua oposição «a que a Liscont veja renovada a concessão do Terminal, pois a cidade de Lisboa precisa de um Terminal de Alcântara, inserido numa estratégia de desenvolvimento económico da região e gerido por quem respeite a cidade e os trabalhadores».

Acrescenta que «irá propor que o resultado da Apreciação Parlamentar seja a revogação do Decreto-Lei e o fim da concessão à Liscont, com a criação de condições para que seja a Administração do Porto de Lisboa a assumir o funcionamento do Terminal de Alcântara».

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui