Segundo o despacho do Ministério Público, a que a agência Lusa teve hoje acesso, Evaristo Marinho, de 76 anos, afirmou durante uma discussão com a vítima, em 22 de Junho de 2020, entre outros impropérios: «Vai para a tua terra, preto! Tens toda a família na senzala e devias também lá estar!».
Durante a discussão na via pública, o arguido levantou a bengala em direcção ao actor Bruno Candé, ameaçando-o de morte e fazendo referência à cor de pele do cidadão.
De seguida, refere o despacho, Bruno Candé entrou num veículo, tendo o arguido ainda gritado «tenho lá armas em casa do Ultramar e vou-te matar».
Nos dias seguintes, o arguido passou diversas vezes na mesma rua com uma pistola calibre 7,65 milímetros, esperando voltar a encontrar a vítima, que habitualmente passeava no local com a sua cadela.
No dia 25 do mesmo mês, por volta da hora do almoço, ao avistar Bruno Candé sentado no muro de um canteiro existente na rua, o arguido retirou a arma do coldre, empunhou-a e disparou contra a vitima que, de imediato, caiu ao chão.
Adianta a acusação que, «aproveitando que Bruno Candé Marques estava prostrado no chão, o arguido [se aproximou] e efectuou mais quatro disparos», provocando-lhe a morte imediata.
O arguido foi detido por cidadãos a poucos metros do local do crime, no distrito de Lisboa, até chegar a PSP.
Considera a procuradora do Ministério Público que Evaristo Marinho actuou com intenção de matar Bruno Candé e agiu «por razões vãs», tendo-lhe provocado a morte de «forma falsa, traiçoeira», já que o impediu de se defender.
O homicídio foi cometido, segundo a acusação, não só pela discussão tida dias antes entre ambos, mas motivado também pela cor de pele e origem étnica de Bruno Candé, em relação às quais o arguido fez diversas referências insultuosas.
O arguido, que prestou serviço militar em Angola, entre 1966 e 1968, encontra-se em prisão preventiva a aguardar julgamento.
Bruno Candé tinha 39 anos e era actor da companhia de teatro Casa Conveniente desde 2010.
Com agência Lusa
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