O novo regime do transporte público, que determinou a liberalização do transporte rodoviário «expresso» desde o início do mês, é mais uma machadada nas condições de vida das populações do interior do País e um novo contributo para a ausência da proclamada coesão territorial.
Numa entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Luís Cabaço Martins, membro do conselho de administração do grupo Barraqueiro e presidente da Associação Nacional de Transportes Rodoviários de Pesados de Passageiros (Antrop), colocou as coisas preto no branco.
«A alternativa à Rede Expressos, com a liberalização, pode ser uma reconfiguração do mercado, mas o que pode vir a acontecer, por força do desenvolvimento normal nestas coisas do mercado, é haver circuitos que deixem de ser feitos», disse.
Para melhor entender o significado da liberalização do transporte rodoviário (depois da liberalização do sector ferroviário, no início deste ano), Luís Cabaço Martins dá o exemplo da França e da Alemanha, onde nalguns casos reduziram significativamente os circuitos e noutros deixaram mesmo de realizar o serviço de transporte.
Com os alemães da Flixbus – um serviço low cost em plataforma – a fazerem companhia ao grupo Barraqueiro, poderá haver uma redução do valor do bilhetes «nos circuitos que dão dinheiro». Para compensarem essa redução de preço, acrescenta Luís Cabaço Martins, empresas como a Rede Expressos «terão de deixar de viajar para o Interior onde, com menos utilizadores, não conseguem ter lucro», registando que, «quem vem de fora não está interessado» em fazer esses circuitos.
O novo regime jurídico do Serviço Público de Transporte de Passageiros nasceu no governo do PSD e do CDS-PP. Apesar de constituir uma ameaça ao direito das populações à mobilidade, o Governo do PS deu-lhe continuidade.
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