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Protesto nacional a 3 de Junho contra «brutal aumento» do custo de vida

O movimento «Os Mesmos de Sempre a Pagar, Contra o Aumento de Vida» anuncia uma acção nacional de protesto, no primeiro sábado de Junho, com o lema «o Custo de Vida Aumenta e o Povo não Aguenta». 

Protesto do movimento «Os mesmos de sempre a pagar», na Praça do Rossio, em Lisboa. A estrutura voltou a sair à rua este sábado, em vários pontos do País, a fim de mobilizar e sensibilizar a população contra o rumo de empobrecimento, fruto do aumento do custo de vida e da desvalorização dos salários, pensões e reformas. Lisboa, 24 de Setembro de 2022
Créditos / Os mesmos de sempre a pagar

«Face à degradação da situação nacional, ao brutal aumento do custo da alimentação, da habitação e de todo o custo de vida», Os Mesmos de Sempre a Pagar apelam a todos os que sofrem com «esta dura realidade» que saiam à rua para exigir uma alteração da política que tem vindo a ser desenvolvida. O apelo é deixado num comunicado, divulgado às redacções, onde o movimento faz saber que estão já em andamento acções de protesto em Lisboa, Setúbal, Coimbra, Aveiro, Braga e Porto, e que outros núcleos nos distritos estão a programar as suas acções. 

O movimento dá ainda a conhecer um manifesto, que será colocado a circular a fim de recolher assinaturas, e no qual se sintetiza a realidade que muitos portugueses vivem: «sobra cada vez mais mês para tão pouco salário». Mas onde se denuncia também a falta de vontade do Governo para contrariar esta realidade, de que faz parte a acumulação de lucros extraordinários por parte de grandes grupos económicos e financeiros. 

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Os Mesmos de Sempre a Pagar exigem «inversão desta política»

«Não estamos condenados a este rumo», salienta o núcleo de Beja do movimento Os Mesmos de Sempre a Pagar, que a partir de sábado volta à rua para acções de protesto contra o aumento do custo de vida. 

CréditosJosé Coelho / Agência Lusa

As iniciativas programadas para os dias 25 e 27 de Março têm como objectivo mobilizar e sensibilizar as populações de Beja, Serpa e Ferreira do Alentejo contra o aumento dos preços dos alimentos e do crédito à habitação, que graças à subida das taxas de juro tem levado as prestações para valores insuportáveis para muitas famílias.

Este sábado terá lugar uma acção de contacto e sensibilização junto ao Continente de Beja, pelas 10h30. Para o dia 27, também às 10h30, estão anunciadas iniciativas junto de instituições bancárias, em Ferreira do Alentejo, com início no BPI. No mesmo dia, pelas 17h, está prevista uma acção junto ao Intermarché de Serpa.

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Os Mesmos de Sempre a Pagar reagem ao «paternalismo» da CEO da Sonae

Em carta aberta entregue hoje na Sonae, o movimento «Os Mesmos de Sempre a Pagar» repudia as declarações de Cláudia Azevedo, que apenas expressam o «quão imoral é a ganância com que gere as empresas de que é responsável».

A 18 de Janeiro de 2023, Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, participou no Fórum Económico Mundial, em Davos, onde defendeu que «as empresas precisam de ter um propósito e viver os seus valores de forma autêntica». Um dos valores fundamentais para a empresa gerida pela CEO é o aproveitamento das circunstâncias para aumentar abusivamente os preços e os lucros sem aumentar os salários. 
Créditos / Sonae

A missiva dos Mesmos de Sempre a Pagar foi entregue hoje, em mãos, nos escritórios da Sonae em Matosinhos. Uma resposta directa à carta que Cláudia Azevedo, CEO da empresa, escreveu aos trabalhadores do Continente, hipermercado do grupo, em que alerta para a «campanha de desinformação» de que estão a ser vítimas as empresas do sector (muitas das quais tiveram lucros recorde em 2022).

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Sobre a inflação, Claudia Azevedo da SONAE inflaciona a vitimização

Após as recentes notícias sobre a ASAE vir a instaurar 51 processos-crime por especulação nos preços dos bens alimentares em cadeias de supermercados em Portugal, Cláudia Azevedo envia carta aos trabalhadores onde diz haver «uma campanha de desinformação».

Créditos / visao.sapo.pt

Esta semana a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) investigou o aumento do preço dos bens alimentares e numa entrevista ao Expresso, Pedro Portugal Gaspar, Inspetor-Geral da ASAE, deu elementos que tornam ilustrativas as desconfianças de aproveitamento relativamente ao aumento do custo de vida.

De acordo com o entrevistado, verificaram-se aumentos de 52% na cebola, 48% na laranja, 45% na cenoura e nas febras de porco ou 43% nos ovos. Segundo os dados da ASAE, o cabaz de bens essenciais disparou para mais de 96 euros num ano, sendo que nessa evolução devemos ainda ter em conta que em janeiro de 2022 estava em 74,90 euros e no mês de Fevereiro passou para 96,44 euros. Todos estes elementos levam à conclusão de que as margens brutas, ou seja, a percentagem de lucro obtida com a venda de produtos, considerando o custo de aquisição junto dos fornecedores e produtores e o preço a que, posteriormente os produtos são vendidos, aumentaram.

Numa rápida reacção, até porque seria necessário salvaguardar os interesses de quem tem ganho com a especulação e com a imposição de dificuldades, Gonçalo Lobo Xavier , director-geral da Associação de Empresas de Distribuição, veio a público tentar ludibriar quem, por culpa dos supermercados, está a passar por dificuldades. Para o representante dos interesses dos grandes grupos económicos, a ASAE lançou suspeitas «misturando conceitos», com o objectivo de «confundir pessoas» e relativamente à sua classe: «Não estamos a aumentar os preços por recriação, estamos a refletir, infelizmente, o que a produção e a indústria nos estão a transmitir». 

Naturalmente que Gonçalo Lobo Xavier não iria admitir o óbvio, mas não consegue explicar os lucros extraordinários das grandes empresas. A título de exemplo, só a Sonaecom registou um lucro consolidado de 143 milhões de euros em 2022, mais 19% do que em 2021. Este dado escandaloso, aliado à batuta do  director-geral da Associação de Empresas de Distribuição e os salários de miséria praticados no sector obrigou a CEO da SONAE a dirigir uma carta aos trabalhadores do Continente. 

A carta em questão, um tratado de vitimização, Cláudia Azevedo diz haver uma «campanha de desinformação» e que tal provoca «danos gravosos para a reputação do sector da distribuição alimentar». Nunca falando dos lucros, a empresária reconhece que existe inflação dos produtos alimentares, mas que tal é consequência de um «fenómeno global». Procurando a compreensão dos trabalhadores, foi escrito na carta, sempre com o plural empregue, a seguinte tentativa de reescrita da realidade: «Como sabem, baixámos as nossas margens para acomodar o aumento dos custos». 

Terminando o exercício de manipulação, a herdeira de Belmiro de Azevedo termina dizendo «não podia deixar de nos escrever para transmitir o orgulho que tenho na equipa do Continente, nesta altura em que a sua reputação está a ser atacada, e de dizer que podem contar com a Sonae para continuar a ser um motor de desenvolvimento para Portugal». Talvez a CEO tenha a esperança que os trabalhadores, aqueles que têm dificuldades em meter comida em cima da mesa porque são confrontados com os preços praticados pelas empresas como o Continente, ignorem os lucros anunciados pela Sonae, o que consta no seu recibo de vencimento no final de cada mês e os salários dos administradores da empresa.

Para desmentir toda a narrativa de Gonçalo Lobo Xavier e Cláudia Azevedo, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), em comunicado, diz que enquanto os lucros das grandes empresas aumentam, o «rendimento dos agricultores desceu 11,8% em 2022, segundo o INE» e espera que «as notícias vindas a público não sejam apenas “fogo de vista”», sendo necessário tomar medidas, uma vez que «este é mais um dos exemplos de que o mercado não se auto-regula e que em Portugal reina a lei do mais forte».

A CNA reclama «a promoção e adopção regulamentar dos circuitos curtos e mercados de proximidade, designadamente através de cantinas e outros estabelecimentos públicos, de forma a garantir às explorações agrícolas familiares o escoamento da produção nacional a preços justos e aos consumidores o acesso a produtos de qualidade e proximidade a preços acessíveis». 

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Esquece-se, Cláudia Azevedo, «que os trabalhadores a quem se dirige conhecem os lucros anunciados pela Sonae e sentem na pele as dificuldades provocadas pelos preços praticados pelos supermercados, cujo grande número é propriedade da Sonae». A essas dificuldades, afirma o movimento, acrescem os «salários miseravelmente baixos que levam para casa»: responsabilidade directa de Cláudia Azevedo.

Não vale a pena tentar disfarçar, «eles sabem bem que os vossos lucros foram e continuam a ser acomodados no aumento dos preços».

Se mais não houvesse a condenar na missiva, o facto de colocar o ónus da questão numa campanha de desinformação sobre as causas da inflação alimentar, com danos gravosos para a reputação do sector da distribuição já seria suficiente: afinal, num momento tão difícil, a Sonae registou um lucro consolidado de 143 milhões de euros em 2022, mais 19% do que em 2021.

«Como cidadãos preocupados com estes aumentos escandalosos dos preços, principalmente nos bens alimentares e de primeira necessidade, consideramos urgente e necessário o controlo e fixação dos preços
dos bens essenciais, para além do aumento geral dos salários, tal como consideramos totalmente desnecessárias e desrespeitosas campanhas de desinformação, venham elas de onde vierem», mas «muito especialmente quando vêm de quem efectivamente especula».

O movimentos «Os Mesmos de Sempre a Pagar - Contra o Aumento do Custo de Vida» está a convocar à participação dos activistas e população na manifestação promovida pelo CGPT-IN no próximo Sábado, 18 de Março, 14h30, em Lisboa.

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«Não estamos condenados a este rumo, e por isso iremos dinamizar esta acção de protesto pela inversão desta política, pelo aumento de salários, pensões e reformas, e pela regulação dos preços de bens e serviços essenciais», lê-se num comunicado do movimento.

Esta quarta-feira, no Parlamento, o primeiro-ministro admitia finalmente a possibilidade de reduzir o IVA dos bens alimentares, no pressuposto de haver uma redução dos preços, e anunciou estar a trabalhar num acordo com a produção e com a distribuição para «agir sobre os preços», através de «ajudas de Estado à produção», «redução da tributação» e «compromisso da distribuição para baixar e manter os preços».

Recorde-se que a Sonae e a Jerónimo Martins aumentaram os seus lucros em cerca de 30% nos primeiros nove meses do ano passado. Numa conferência de imprensa, esta quinta-feira, o presidente do grupo Jerónimo Martins, dono dos supermercados Pingo Doce, admitiu que a inflação «ajudou» no desempenho de 2022. 

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«Baixaram os impostos nos combustíveis e quem ganhou foram as petrolíferas. O IVA zero como já se sabia, significa zero efeito nos preços. A grande distribuição continua a acumular lucros fabulosos à custa de quem vive do seu trabalho ou da sua reforma», refere-se no documento.

Os promotores da iniciativa reclamam medidas como a fixação e o controlo de preços e o estabelecimento de margens máximas, «porque descer o IVA sem controlar os preços só serve para encher os bolsos da especulação». Mas que, sobretudo, se proceda ao aumento geral de salários e pensões de modo a compensar o poder de compra perdido.

«Subir de forma generalizada os salários e as pensões porque é com eles que as pessoas pagam as contas e não com ajudas pontuais», lê-se no manifesto, onde se identifica também a necessidade de travar a subida dos juros dos empréstimos para habitação e a especulação em torno do seu preço e das rendas, e de aumentar a oferta pública de habitação a preços acessíveis. «Para tal, a Caixa Geral de Depósitos tem um papel fundamental, enquanto banco público, reduzindo o seu spread para os 0,25% de forma a compensar o aumento da taxa Euribor», lê-se no manifesto.

A redução do IVA na electricidade, o controlo de preços nos combustíveis e na energia e a taxação dos lucros extraordinários dos grandes grupos económicos são outras reivindicações d'Os Mesmos de Sempre a Pagar, que nos últimos meses vêm desenvolvendo acções a nível nacional contra o aumento do custo de vida. 

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