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A quem servem os rankings escolares?

Pelos vistos só servem os colégios privados que aparecem em grande número nos primeiros lugares e assim obtêm publicidade gratuita.

Segundo a federação sindical, muitos técnicos especializados da rede pública de Educação podem não ter os seus contratos renovados
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Hoje1 saiu mais uma lista de escolas, das melhores escolas (seja lá o que isso for) às piores (sem que lhes perguntem o que precisam para que os seus alunos tenham melhor aproveitamento escolar).

Porque, supostamente, é o aproveitamento escolar dos alunos que está em causa, sem que se faça a avaliação de todos os requisitos necessários para que esse aproveitamento tenha lugar.

Estamos perante uma avaliação focada em números, que é cega para as condições em que os alunos estudam, com cobertores nas pernas porque não há dinheiro para pagar a conta da luz, a praticarem desporto em pavilhões obsoletos, sem balneários em condições e sem água quente para os duches que se exigem depois do esforço físico, sem materiais adequados às necessidades específicas, sem o número de psicólogos que deveriam ser contratados, sem os funcionários imprescindíveis para o bom funcionamento dos diversos serviços, numa desigualdade sem precedentes.

Repare-se que este ranking saiu sem ter como um dos parâmetros de avaliação a referência às escolas que não tiveram professores, às diversas disciplinas, causando graves consequências na aprendizagem dos alunos que mais tarde tiveram ou terão que ser avaliados pelos exames nacionais.

As escolas são para os alunos, é a eles que devemos a qualidade de ensino, as condições dignas das escolas, sem baldes nos corredores ou nas salas para aparar os pingos da chuva, sem janelas fechadas porque não há dinheiro para pagar o arranjo, com mesas e cadeiras adequadas ao tamanho dos alunos e em bom estado. Aos alunos devemos uma escola que lhes dê as ferramentas para se desenvolverem como adultos saudáveis, mesmo quando no seio das suas famílias não seja possível que essa preocupação tenha sempre lugar. 

«Estamos perante uma avaliação focada em números, que é cega para as condições em que os alunos estudam, com cobertores nas pernas porque não há dinheiro para pagar a conta da luz, a praticarem desporto em pavilhões obsoletos, sem balneários em condições e sem água quente para os duches que se exigem depois do esforço físico, sem materiais adequados às necessidades específicas, sem o número de psicólogos que deveriam ser contratados, sem os funcionários imprescindíveis (...).»

Aos alunos devemos as condições para que todos sejam capazes de aprender mesmo tendo algumas dificuldades de aprendizagem, que sejam integrados e que lhes seja prestado todo o apoio.

Aos alunos devemos escolas saudáveis, sem amianto, sem problemas de humidade. Aos alunos da escola pública devemos escolas com mais espaços verdes, para conviverem e estudarem, com espaços onde possam praticar desporto de forma segura. Aos alunos devemos pavilhões novos, com material renovado, com balneários seguros.

Aos alunos da escola pública devemos a oportunidade de crescerem, estudarem, se desenvolverem em igualdade de oportunidades sem serem julgados e sem que o facto de viverem no interior ou no litoral os impeça de ter as mesmas oportunidades que outros.

A quem servem os rankings? Não servem, como vimos, aos alunos, não servem aos professores, não servem às comunidades escolares.

Mas também não têm servido para que o Ministério da Educação deixe de ignorar a lista de escolas que precisam de intervenção há décadas, que se traduzem nas diferenças de avaliação que aí são visíveis. Não têm servido para que se respeitem as carreiras dos professores, técnicos e outros profissionais essenciais.

Pelos vistos só servem os colégios privados que aparecem em grande número nos primeiros lugares e assim obtêm publicidade gratuita.

  • 1. O texto foi escrito na passada sexta-feira.

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