Nove anos após os ataques bombistas no Metro de Moscovo, a investigação policial não se deu por terminada. O comité de investigação do atentado comunicou que agentes do Serviço de Segurança Federal russo (FSB) e do Ministério do Interior detiveram, no distrito de Khasavyurt, no Daguestão, «um membro do bando de Magomedali Vagabov» que esteve envolvido no duplo atentado terrorista. O prisioneiro foi conduzido para Moscovo. O comité de investigação publicou um vídeo da operação de detenção, que pode ser visionado no canal russo da RT News.
Os atentados de Moscovo
A 29 de Março de 2010 as estações Lubyanka e Park Kultury da linha Sokolnicheskaya do metro de Moscovo foram abaladas por fortes explosões resultantes de dois atentados suicidas, das quais resultou a morte de 41 pessoas e 88 feridos, entre cidadãos da Rússia e estrangeiros.
Os suicidas foram duas «viúvas negras», nome atribuído às mulheres de combatentes do Estado Islâmico ou outros movimentos fundamentalistas islâmicos que se fizeram explodir para vingar a morte dos seus maridos.
Nos dias seguintes, Moscovo chorava os seus mortos.
A 31 de Março Doku Umarov, dirigente dos grupos terroristas islâmicos chechenos e autoproclamado Emir do Cáucaso desde 2007, reivindicou a responsabilidade do atentado, que mais tarde se veio a saber ter sido planeado e organizado pelo militante islâmico Magomedali Vagabovo.
Em 13 de Abril Alexander Bortnikov, director do FSB, afirmou terem sido identificados os organizadores e responsáveis pelos atentados terroristas, bem como o círculo dos seus cúmplices. Começava a caça.
Investigação e punição
As notícias sobre a perseguição aos terroristas, nos mídia, são marcadas pelos acontecimentos mais impactantes, nomeadamente pelos confrontos armados com os mesmos, ficando as prisões, frequentemente, fora das páginas dos jornais.
A 27 de Abril de 2010, no mesmo distrito de Khasavyurt onde, agora, foi preso um dos últimos membros do bando, os ocupantes de uma viatura mandada parar para verificação responderam com fogo de armas automáticas. Os militantes abatidos, um deles irmão de uma das «viúvas negras», foram os primeiros a pagar com as vidas pelos seus actos.
A 4 de Junho, na localidade de Makhachkala, Daguestão, três dos membros do bando de Vagabov morreram durante o tiroteio ocorrido durante o assalto, pelas forças especiais do FSB, à casa onde se encontravam.
Em 12 de Julho, na mesma localidade, o cerco recaiu sobre uma célula de oito membros, seis mulheres-suicidas e dois homens, que se preparavam para desencadear uma série de atentados na parte europeia da Rússia. Um deles, veio a comprovar-se, transportara as «viúvas negras» do atentado de Moscovo. Foram presos e prestaram amplas e televisionadas declarações. O FSB foi felicitado por ter feito abortar estes ataques no ovo, mas a situação não infundia optimismo. O presidente da Comissão de Segurança do parlamento russo, Gennady Gudkov, em declarações prestadas no mesmo dia, referiu-se à necessidade de resolver «problemas sistémicos» que faziam daquela região da Federação Russa um viveiro de terroristas. A normalização da situação «exige a luta» contra a «corrupção, burucracia e arbitrariedade burocrática», a fim de os financiamentos, por Moscovo, dos «programas de paz para o Cáucaso do Norte», terem resultados tangíveis, afirmou.
Em 21 de Agosto de 2010, numa aldeia no distrito de Gunib, no Daguestão, o FSB conseguiu cercar um casebre onde se encontravam Magomedali Vagabovo, o chefe do bando terrorista que organizara directamente os atentados de Moscovo, e quatro dos seus homens. Recusaram render-se e foram liquidados durante o assalto. Vagabovo chegara a comandar um destacamento de 40 homens, segundo fontes policiais.
O chefe e mentor de Vagabovo, Doku Umarov, o emir do autoproclamado Emirato do Cáucaso, conhecido como o Bin-Laden do Cáucaso, financiado pelos mesmos países árabes de cuja fonte escorria o dinheiro para o Estado Islâmico e a Al-quaeda, foi morto em circunstâncias pouco claras (aparentemente envenenado) em 7 de Setembro de 2013, segundo a insuspeita Rádio Europa Livre (financiada pelos EUA). O emir não conseguiu cumprir a sua promessa de «incendiar» os Jogos de Inverno em Sochi e a sua morte terá feito espalhar os discípulos, que encontraram território fértil para a continuação dos seus crimes em solo sírio, durante os anos seguintes.
A intervenção militar russa em apoio ao governo legítimo da Síria não esqueceu os seus actos, e muitos dos combatentes do «emir do Cáucaso» terminaram os seus dias naquele país do Médio-Oriente.
Expulsos da Síria pela vitória de Assad e dos seus aliados, alguns regressaram clandestinamente ao Cáucaso. A operação desta semana em Khasavyurt vem provar que Moscovo não esquece, e que os antigos santuários dos terroristas estão hoje restritos.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui