O plano conjunto contempla a suspensão dos ataques aéreos do Governo sírio em determinadas áreas, bem como a cooperação entre russos e norte-americanos nos ataques às forças jihadistas, disse o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, no final de uma maratona negocial de mais de 13 horas com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry.
O mandatário russo explicou que, depois de o cessar-fogo estar em vigor durante sete dias, será criado um «centro de implementação», no qual militares e forças especiais da Rússia e dos Estados Unidos irão abordar questões práticas, como «separar os terroristas e a oposição», informa a RT.
O diplomata russo acrescentou que as negociações se centraram em cinco documentos diferentes, que não serão divulgados ao público em virtude da «natureza sensível da informação neles contida».
Ainda assim, sobre o conteúdo dos documentos, Lavrov disse que «permitem estabelecer uma coordenação eficaz na luta contra o terrorismo, ampliar o acesso humanitário à população em sofrimento, sobretudo em Alepo, e fortalecer o regime de cessar-fogo».
O chefe da diplomacia russa confirmou também que a Rússia e os EUA decidiram coordenar os ataques aéreos na Síria. A condição que colocou foi a existência de um período de «diminuição da violência».
A questão da Al-Nusra
Após a longa espera, foi Kerry que deu início à conferência de imprensa conjunta em Genebra, tendo afirmado que os EUA e a Rússia haviam alcançado um acordo abrangente sobre a «reconciliação síria», com o qual esperam poder contribuir para pôr fim ao sofrimento do povo sírio e iniciar um processo político.
O secretário de Estado esclareceu que o cessar-fogo abrange qualquer actividade bélica, incluindo os bombardeamentos aéreos - depois dos êxitos alcançados pelo Exército sírio e a aviação russa, na ofensiva contra as forças terroristas.
Para Kerry, é necessário garantir que as forças do Governo sírio não levarão a cabo missões de combate em zonas onde se encontram aqueles a que os norte-americanos e os seus aliados europeus chamam «oposição moderada».
Sobre a inclusão da Al-Nusra nas forças terroristas, Kerry disse que não se trata de «uma concessão a ninguém» e que atacá-los é «profundamente do interesse dos EUA».
Mas isto foi depois de nove horas de ausência nas negociações, para debater a questão a fundo com Washington, como sublinhou, não sem ironia, a porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova.
O Governo sírio tem sido consistente na acusação a Washington e a outras potências ocidentais de que apoiam militar e financeiramente os grupos armados, incluindo a Frente al-Nusra (agora Jaish al-Fatah) e o Estado Islâmico (EI), com o objectivo de derrubar o presidente sírio, Bashar al-Assad.
Kerry, humanitário
Na conferência conjunta de Genebra, Kerry insistiu na reabertura da estrada de Castello - a duras penas encerrada pelas forças do Governo sírio e seus aliados -, como acesso a Alepo, uma zona desmilitarizada para garantir a passagem de ajuda humanitária aos necessitados na cidade.
Lavrov recordou-lhe que a ajuda humanitária não chega aos civis em Alepo porque os chamados rebeldes não deixam. Os procedimentos relativos à passagem de comboios humanitários e de mercadorias já foram estabelecidos com a ONU e o Crescente Vermelho sírio, mas os «rebeldes» ameaçam atacá-los, disse Lavrov.
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