«A Rússia procura a solução para os problemas mais complexos nas relações com o Ocidente através do diálogo, enquanto a União Europeia [UE] e os Estados Unidos continuam a falar de sanções com uma insistência maníaca», disse esta terça-feira à imprensa o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov, ao ser questionado sobre a possibilidade de medidas coercivas contra Moscovo.
«Lamentavelmente, Bruxelas continua a falar de sanções, e os Estados Unidos também, com uma insistência maníaca. É algo que nunca aceitaremos. É algo de que não gostamos nada», disse Peskov, citado pela PressTV.
O representante do Kremlin sublinhou que a Rússia espera que «a vontade política para continuar o diálogo se imponha e que os temas mais complexos nas relações com o Ocidente sejam resolvidos exclusivamente no quadro do diálogo».
Peskov disse ainda que a ameaça de medidas coercivas por parte da UE e dos EUA forçaria Moscovo a permanecer constantemente mobilizado.
Lavrov acusa UE de deteriorar as relações com a Rússia
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, responsabilizou a UE pela deterioração das relações entre o bloco e o seu país, acusando-a de destruir sistematicamente os mecanismos de cooperação bilateral.
«As relações foram rasgadas de forma consistente pela União Europeia», disse o chefe da diplomacia russa numa conferência de imprensa em Moscovo, esta segunda-feira, acrescentando que «aquilo que sobra destas relações foi destruído conscientemente por iniciativa de Bruxelas», refere a agência RIA.
O diplomata disse que, apesar disto, a Rússia está disposta a continuar a debater temas comuns e que o seu país não vai quebrar os laços com os estados-membros do bloco. «Não confundam Europa com a União Europeia. Quando se trata da Europa, nós não nos vamos embora. Temos muitos amigos na Europa», afirmou Lavrov.
Na sexta-feira passada, o ministro russo tinha ameaçado cortar as relações com a UE caso fossem impostas novas sanções à Rússia.
O pretexto Navalny
Recentemente, o Ocidente voltou a usar a figura do blogger pró-ocidental Alexei Navalny para atacar a Rússia. A figura da oposição regressou ao seu país em meados de Janeiro, depois de ter estado na Alemanha a receber tratamento hospitalar, alegadamente, por causa de um envenenamento pelo qual, acusa o Ocidente, os russos foram responsáveis.
Navalny foi detido num aeroporto de Moscovo, por ter violado os termos de uma pena suspensa a que fora condenado em 2014, por lavagem de dinheiro. Julgado posteriormente, foi condenado a três anos e meio de cadeia.
Desde a sua chegada a território russo, foram convocadas manifestações de apoio em várias cidades russas, com o Ocidente a denunciar a detenção da figura da oposição e a atitude da Polícia para com os manifestantes.
O Kremlin refutou estas acusações repetidamente, denunciou a ingerência nos seus assuntos internos e criticou o Ocidente por explorar e empolar o caso «Navalny» por razões políticas e para o usar como novo pretexto para impor mais sanções à Rússia.
A escalada de tensão envolveu a expulsão, por parte de Moscovo, de vários diplomatas europeus na Rússia, nomeadamente da Alemanha, da Suécia e da Polónia, por terem participado em protestos a favor de Navalny.
A França e a Alemanha exigiram uma resposta da UE, que deve incluir sanções e outras medidas coercivas contra a Rússia.
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