O ciclo «Portugal Século XX: Visões Femininas», que decorre entre 4 de Julho e 2 de Agosto, apresenta dez sessões com filmes realizados por mulheres entre 1946 e 2012, «atravessando várias décadas e géneros diferentes: do documentário à animação, passando pela ficção», noticia a Cinemateca Portuguesa no seu portal.
Por seu lado, a instituição belga, que esta quinta-feira divulgou o programa, destacou a desigualdade de género na produção cinematográfica portuguesa.
«Apesar de ser um elemento fundamental da riqueza do cinema português de autor, a percentagem de filmes realizados por mulheres é das mais baixas da Europa Ocidental», lê-se no programa divulgado pela Cinematek, em flamengo e francês.
«À escala de uma produção nacional modesta como a portuguesa, o acesso das mulheres à profissão cinematográfica […] testemunha uma flagrante desigualdade, justificada pelo conservadorismo social do longo período da ditadura do Estado Novo (1926-1974)», afirma a Cinemateca belga no texto de apresentação.
Essa desigualdade persistiu mesmo depois da «revolução democrática, embora de forma mais reduzida», e «os últimos 15 anos foram, felizmente, florescentes e viram surgir uma nova geração de realizadoras», sublinha a entidade.
O ciclo arranca com Os Mutantes (1998), de Teresa Villaverde, e encerra com André Valente (2004), de Catarina Ruivo.
Pelo meio, os espectadores belgas poderão assistir a O Movimento das Coisas (1985), de Manuela Serra, Trás-os-Montes (1976), de Margarida Cordeiro (co-realizado com António Reis), A Costa dos Murmúrios (2004), de Margarida Cardoso, e Frágil como o Mundo (2001), de Rita Azevedo Gomes.
Poderão ainda conhecer obras de Bárbara Virgínia (tida como a primeira realizadora portuguesa e a primeira mulher a apresentar um filme no Festival de Cannes), Manuela Viegas, Margarida Gil, Solveig Nordlund, Ana Luísa Guimarães e Regina Pessoa, de quem será exibida a curta-metragem de animação Kali, o Pequeno Vampiro (2012), premiada em dezenas de festivais.
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