A Embaixada de Cuba em Itália foi palco de um acontecimento cultural dedicado à figura do fundador da Federação Estudantil Universitária, da Universidade Popular José Martí e do Partido Comunista de Cuba, que, no México, fez vida e lutou ao lado de Tina Modotti.
Mella caminhava por uma rua da capital mexicana com a fotógrafa e lutadora comunista italiana, na noite de 10 de Janeiro de 1929, quando foi morto a tiro por sicários ao serviço do então presidente e ditador cubano Gerardo Machado.
«Morro pela revolução», disse Mella, ferido, a Modotti. A frase serve de título ao mais recente romance do escritor italiano Roberto Fraschetti, que definiu Julio Antonio Mella como «um homem extraordinário», «um furacão», pelo qual se sentiu «arrastado», tal como ele «arrastou as Caraíbas e se tornou um fenómeno que abarcou tudo», disse, citado pela Prensa Latina.
Fraschetti destacou o seu carisma e dinamismo, os seus dotes como orador e a sua visão política, «qualidades com as quais partiu clandestinamente de Cuba para o México, depois de ter estado na prisão e protagonizado uma greve de fome de 18 dias, que teve ampla repercussão nacional e internacional».
Referindo-se à chegada ao México, em 1926, o escritor italiano recordou que Mella conheceu ali Tina Modotti, com quem criou uma relação assente na defesa de valores comuns, na luta pelos pobres, para lá da ligação amorosa forjada nesse trajecto.
«Mella transcendeu a sua época, o seu pensamento tem muita vigência e é por isso que, do princípio ao fim, o apreciamos, inclusive no último minuto, quando, nos braços de Tina, pronuncia a célebre frase que ficou gravada na memória de todos: "morro pela revolução". Essa é a sua grandeza», sublinhou.
Quinto livro do italiano sobre Cuba
Muoio per la rivoluzione é a quinta obra do narrador italiano dedicada a momentos importantes da história de Cuba, desde o período colonial até ao triunfo da Revolução, em 1 de Janeiro de 1959. Precederam-na Tabaco (no original, Tabacco, 2011); Lua Nova (Luna Nuova, 2014); O Canto das Nuvens (Il canto delle nuvole, 2017) e O Vento antes do Vento (Il vento prima del vento, 2018).
Gianni Maritati, vice-chefe da redacção cultural do «TG1» da Rai, falou da importância do livro publicado em Agosto e agora apresentado, tendo referido que o fez pensar no naturalismo francês, do final do século XIX, ao usar a literatura como investigação da realidade.
«O escritor é como o espeleólogo que vai às profundidades e emerge com conhecimentos novos como resultado de investigações precisas, algo em que Fraschetti se destacou pela sua capacidade de observação penetrante», frisou, citado pela Prensa Latina.
O embaixador cubano em Itália, José Carlos Rodríguez, fez também questão de não limitar a relação entre Mella e Modotti à de duas pessoas que se amaram intensamente, destacando, em simultâneo, a necessidade de transmitir às novas gerações o significado e a vigência das suas lutas.
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