|Palestina

Beduínos resistem há 4 dias contra tentativas de expulsão por parte de Israel

Centenas de palestinianos residentes no deserto do Neguev recusam-se a sair das suas terras e protestam há quatro dias contra aquilo que designam como a «eco-lavagem» dos «crimes de Israel».

Protesto contra a ocupação e arrasamento de terras palestinianas no Neguev 
Créditos / Al Mayadeen

Recorrendo a granadas atordoantes, gás lacrimogéneo, balas de borracha e canhões de água, as forças israelitas têm reprimido com grande violência [vídeo] os protestos dos manifestantes palestinianos que se opõem à expulsão das comunidades beduínas das suas terras.

Registaram-se fortes confrontos ao longo de todo o dia de ontem em várias aldeias beduínas, depois dos que já tinham ocorrido na quarta-feira. O canal libanês Al Maydeen dá conta de espancamentos de manifestantes, de dezenas de detenções e de feridos.

De acordo com a fonte, os palestinianos resistem aos planos de expulsão das suas terras, que têm estado a ser arrasadas com bulldozers, e de realojamento noutras áreas. Israel alega que quer «plantar árvores» no local, algo a que as comunidades beduínas se referem como «eco-lavagem» dos «crimes de Israel».

As «aldeias não reconhecidas» por Israel

A maioria das comunidades beduínas no deserto do Neguev (al-Naqab, em árabe), no Sul da Palestina histórica, tem o estatuto de «não reconhecidas» e tem enfrentado uma política de demolições sucessivas e confisco de terras, por parte do Estado de Israel, que visam forçar a população a mudar-se para zonas designadas pelo governo israelita.

As aldeias com esse estatuto «desaparecem» dos mapas oficiais. As autoridades israelitas, que não lhes reconhecem os seus direitos sobre a terra e os consideram «ocupantes» em «terras estatais», não lhes fornecem serviços básicos como água e electricidade, e excluem-nos do acesso a serviços de saúde e educação.

«Limpeza étnica» e os interesses estratégicos

Alif Sabbagh, especialista em questões israelitas, disse à Al Mayadeen que a primeira coisa que Israel pretende alcançar é juntar os habitantes do Neguev numa pequena faixa de terra, longe das suas casas, na medida em que pretende transformar o deserto numa zona de bases militares que sirvam os interesses israelitas e norte-americanos no Médio Oriente.

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Israelitas arrasam aldeia palestiniana no deserto do Negev pela 177.ª vez

Al-Araqib, habitada por membros da tribo árabe beduína al-Turi, é uma de dezenas de aldeias beduínas no deserto do Negev (Naqab, em árabe) «não reconhecidas» pelo Estado sionista.

Bulldozers e Exército israelitas destroem uma aldeia beduína no Neguev (foto de arquivo)
Bulldozers e Exército israelitas destroem uma aldeia beduína no Negev (foto de arquivo) Créditos / Middle East Monitor

Ontem de manhã, bulldozers israelitas, acompanhados de um amplo dispositivo militar de protecção, irromperam na aldeia de al-Araqib e deitaram abaixo as tendas e outras estruturas habitacionais, deixando na rua centenas de pessoas, incluindo crianças e idosos, revela o Palestinian Information Center.

Desde Julho de 2010, é a 177.ª vez que a aldeia beduína é demolida. Este ano, al-Araqib já tinha sido arrasada cinco vezes pelas forças israelitas, a última das quais em 5 de Março.

Estas demolições levadas a cabo sucessivamente por Israel visam forçar a população beduína a mudar-se para zonas designadas pelo governo israelita, que não lhes reconhece os seus direitos sobre a terra e os considera «ocupantes» em «terras estatais». Dessa forma, fazem-nos «desaparecer do mapa» e não lhes fornecem serviços básicos como água e electricidade, e excluem-nos do acesso a serviços de saúde e educação.

Os cerca de 220 palestinianos de al-Araqib têm sido duramente multados pelo Estado sionista, que lhes imputa os custos dos processos de demolição – e também já foram parar à cadeia na luta pelo reconhecimento da posse das suas terras. Apesar disso, mostram-se determinados em permanecer na aldeia e insistem em reconstruí-la repetidamente.

Várias casas sob ameaça de demolição em Nahalin

As autoridades israelitas emitiram ordens de demolição para três casas na cidade palestiniana de Nahalin, a oeste de Belém (Margem Ocidental ocupada), bem como ordens para parar as obras de construção de outras seis casas, informa o Palestinian Information Center.

O presidente do Município de Nahalin, Subhi Zaidan, confirmou que os militares israelitas já tinham notificado três habitantes da «decisão de os deixar a eles e às suas famílias na rua», revela a mesma fonte.

Também na quarta-feira, as autoridades israelitas permitiram a anexação de cerca de 500 mil metros quadrados de terras que são propriedade de palestinianos em Nahalin, tendo-as registado como propriedade do chamado Fundo Nacional Judaico.

Shlomo Neiman, líder do conselho regional dos colonatos de Gush Etzion, localizados a sul de Jerusalém e de Belém, louvou a decisão judicial e referiu-se à anexação como uma «medida histórica ao cabo de 76 anos». Acrescentou que as terras agora ocupadas serão usadas para expandir os colonatos.

O Palestinian Information Center refere que os habitantes de Nahalin apresentaram documentos em tribunal a provar que as terras lhes pertenciam; no entanto, os tribunais israelitas rejeitaram as suas alegações.

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Sabbagh explicou a importância estratégica do Neguev ao afirmar que tem reservas de água estimadas em 11 mil milhões de metros cúbicos.

Por seu lado, a jornalista Sabreen Al-Asam disse ao canal libanês que a situação é uma «acumulação» e não uma questão de momento, sublinhando que o Neguev representa metade da Palestina histórica e que o povo do deserto o está a defender com meios ínfimos.

Já Nasser Abu Nassar, outro comentador, sublinhou que aquilo a que se assiste hoje no Neguev é a continuidade do «projecto de limpeza ética» levado a cabo por Israel na região, acrescentando que Israel promove a narrativa de que os beduínos do deserto são «nómadas» e, como tal, não há ligação «genuína» entre eles e a terra.

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