«Na semana em que se tornou efectivo o "IVA zero" e algumas marcas e superfícies comerciais anunciaram que "baixaram os preços mais do que o IVA", os produtores de leite que fornecem as cooperativas associadas da Lactogal, bem como outras indústrias, nomeadamente a Parmalat Portugal, foram informados sobre a redução de cinco cêntimos no preço por litro de leite ao produtor a partir de 1 de Maio», avança a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) em comunicado.
Os produtores denunciam que, «mais uma vez», estão a ser «obrigados a "pagar" já as promoções, sem terem ainda recebido qualquer ajuda prometida».
Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da Aprolep afirma que «esta redução causou surpresa e revolta nos produtores, em particular do sector cooperativo». Isto porque, segundo Carlos Neves, em 2022, e por diversas ocasiões, os produtores do sector cooperativo «foram os últimos a ver o preço actualizado», tendo ficado «a receber menos do que os produtores que fornecem empresas privadas».
Os 200 pares de botas colocados na Avenida dos Aliados, Porto, correspondem ao mesmo número de vacarias encerradas, num protesto organizado pela Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP). A iniciativa realizou-se esta sexta-feira, com o objectivo de alertar para as consequências da crise vivida pelo sector. Uma acção de luta simbólica, que levou à colocação, em frente à Câmara Municipal do Porto, de um par de botas por cada vacaria encerrada durante o último ano. O protesto teve como principal objectivo «alertar o Governo e os vários partidos para a necessidade de aplicar no terreno a nova Política Agrícola Comum (PAC), permitindo a sobrevivência imediata dos agricultores», ao mesmo tempo que pretende «desafiar, mais uma vez, a indústria e a distribuição a dialogarem para colocar o preço do leite ao produtor em níveis sustentáveis», lê-se em comunicado da APROLEP. Os produtores de leite exigem ao Ministério da Agricultura que defenda efectivamente o sector. Marisa Costa, vice-presidente da associação, alertou para o risco de, em 2021, virem a fechar «mais 200 ou 300 [vacarias]» e rejeitou a ideia da tutela de que os agricultores querem viver à custa de apoios: «qualquer produtor de leite abdica dos apoios desde que seja pago "um preço justo"», afirmou à Lusa. No sector leiteiro «restam apenas quatro mil agricultores» e «os que resistem, ou sobrevivem, estão cansados, revoltados e muito preocupados com o futuro», declarou, sublinhando que, em Dezembro passado, «o preço médio ao produtor foi 30,4 cêntimos por quilo, um dos mais baixos da Europa». Persiste a prática de pagar aos produtores preços «abaixo dos custos de produção», o que é uma das principais lutas desde o surgimento, há 11 anos, da APROLEP, que exige «um preço justo». Com agência Lusa Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Nacional|
Produtores de leite denunciam o fim de 200 vacarias
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Neste contexto, os produtores «tinham a expectativa que a maior empresa de laticínios em Portugal [Lactogal], que pertence às cooperativas, tivesse agora vontade e capacidade para liderar pelo exemplo e aguentar o preço, de modo a corrigir as injustiças dos últimos meses e anos».
Segundo Carlos Neves, esta descida do preço pago ao produtor ocorre «na altura de maior despesa» dos agricultores com as colheitas das forragens de inverno e sementeiras do milho, juntando-se aos «elevados custos das rações as despesas com combustíveis, adubos, sementes e fitofármacos».
«Estamos muito preocupados. Estamos a ter menos produção de forragens e a palha, vinda de Espanha, que precisamos de comprar tanto para as camas dos animais, como para os alimentar está a subir o preço todos os dias porque há uma grande seca em Espanha», salienta.
«A alternativa, que seria comprar forragem vinda de Espanha, está a subir o preço e, por isso, estamos preocupados com esta situação», acrescenta.
Neste contexto, a Aprolep sustenta que, «sem produção suficiente e sem dinheiro suficiente para comprar alimentos para os animais, os produtores serão obrigados a enviar animais para abate, reduzindo ou encerrando a sua produção», e avisa que tal «poderá levar à falta de leite para abastecer a indústria nacional a breve prazo».
«Não é assim que se defende a produção nacional», insiste a associação.
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