Ao longo do último ano, centenas de cartazes da autoria do ilustrador Sérgio Condeço (Estoril, 1968) estiveram em vários pontos do País, convidando à intervenção popular directa, numa reflexão sobre os valores de Abril e os 50 anos da Revolução, explica o museu na sua página de Facebook.
«Os cartazes estiveram colocados em escolas, bibliotecas, ruas, empresas públicas e privadas, e o público interveio escolhendo uma destas formas: escrevendo, pintando, rasgando, manchando, grafitando, sobre o que representam, para cada um, o cravo e a frase "em cada rosto"», afirma a entidade a propósito da iniciativa.
Acrescenta que uma parte do resultado destas intervenções populares – originais e fotografia – se materializa na exposição temporária intitulada «50 Cravos», que será inaugurada, no piso 1 do museu, em Lisboa, no próximo dia 1 de Fevereiro, a partir das 16h.
Por Portugal fora e em Compostela
No seu portal, o Museu do Aljube informa que os cartazes de Sérgio Condeço estiveram em Almada, Arraiolos, Aveiro, Braga, Caldas da Rainha, Coimbra, Évora e Ílhavo.
Também apelaram à intervenção e à reflexão sobre os valores de Abril em Lisboa (Alvalade, Baixa, Beato, Carnide, Chelas, Escola António Arroio, ESBAL), Portalegre, Porto (Cedofeita, FBAUP, Miguel Bombarda), Rio de Mouro e Setúbal.
A norte do Norte, na Galiza, a Faculdade de Letras da Universidade de Santiago de Compostela une-se a esta celebração, intervindo sobre os cartazes e assinalando também o facto de ter sido ali que Zeca Afonso cantou ao vivo, pela primeira vez, a canção «Grândola, Vila Morena», em Maio de 1972, da qual foi retirado o verso «em cada rosto».
«Cinquenta anos depois, continuamos a lutar»
No âmbito do projecto criativo, lê-se: «Cinquenta anos após a Revolução dos Cravos, quais são os valores que continuamos a defender? Qual é a consistência da liberdade que a Revolução nos trouxe? O que é a liberdade, hoje?»
«Cinquenta anos depois, continuamos a lutar diariamente por valores que pensávamos estarem já enraizados na sociedade portuguesa. No lugar da consagração de valores sociais, económicos e culturais transversais a todas as classes sociais, assistimos hoje a um desvio de tudo o que ambicionámos nas últimas cinco décadas», prossegue.
«É fundamental questionar até que ponto conseguimos reconhecer e identificar estes valores. Partindo da base democrática de Abril, é preciso perguntar, nos dias de hoje, a todos, em particular à nova geração, educada já sob princípios consagrados, que importância têm e como são por ela praticados. É necessário indagar, questionar, provocar não só os mais novos, que cresceram à sombra deste conforto sociopolítico, mas também às gerações que, ao longo das últimas décadas, foram perdendo a esperança que o 25 de Abril lhes trouxe num país, que, aos poucos, foi deixando para trás os seus inadaptados. Em cada rosto, igualdade?», conclui.
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