Valorsul a «andar para trás», trabalhadores em greve para que se ande para frente

Aquando do estabelecimento de um Acordo de Empresa (AE), espera-se que o seu cumprimento reflicta melhores condições laborais e de vida aos trabalhadores nele referidos. Cada novo acordo deve constituir, de facto, uma progressão de direitos adquiridos, não fazendo sentido, portanto, a aceitação de um acordo que retroceda as conquistas já garantidas. No entanto, é esta a realidade da contraproposta que a administração da Valorsul (Grupo EGF e Mota-Engil) tenta impor a estes profissionais.

Os trabalhadores da empresa e o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro Sul e Regiões Autónomas (SITE-CSRA/CGTP-IN) reivindicam reajustes salariais, a redução para as 35h, a ampliação dos dias de férias, melhores condições de segurança e saúde no trabalho e o fim da prestação de serviços temporários em funções de carácter permanente.

As reuniões realizadas nos últimos dois meses entre a entidade patronal e a organização sindical parecem não estar a surtir efeito, já que a administração da Valorsul apresentou uma proposta de redução para as 35h semanais cheia de truques. A aparente ratificação da reivindicação pretende ser aplicada apenas em Janeiro de 2025, além de ser feita à custa de direitos laborais já garantidos no AE vigente. No âmbito dos salários, a empresa também dá «passos atrás» propondo aumentos de 3,5% que não cobrem a inflação, seja de 2023 (4,3%) ou de 2022 (7,8%). Para além de não assegurar um valor mínimo de aumento, para fazer justiça aos salários mais baixos.

No avanço da luta, os trabalhadores da Valorsul apresentaram um aviso prévio de greve com duas semanas de antecedência a fim de estimular uma resposta por parte da empresa. Sem nenhum novo posicionamento por parte da administração, os trabalhadores seguirão com a greve já anunciada entre 22 e 26 de Maio. Foram definidos serviços mínimos.