Um acontecimento grave que revela, não só a forma como os grandes grupos económicos que detêm os jornais encaram o jornalismo e os jornalistas, mas confirma também a forma como encaram os direitos e liberdades sindicais consagrados na Constituição da República Portuguesa.
A administração do jornal Público, publicação da Público Comunicação Social S. A. pertencente ao grupo Sonae, impediu hoje a entrada de membros da direção do Sindicato dos Jornalistas nas instalações de Lisboa e Porto. A visita da estrutura sindical visava a realização da prática normal de um sindicato, ou seja, ouvir os trabalhadores e aprofundar o conhecimento sobre a sua realidade laboral.
Segundo um comunicado do Sindicato, ainda foi possível entrar nas instalações do jornal Público em Lisboa e iniciar uma reunião com os jornalistas, mas durante o decurso da mesma, a directora de Recursos Humanos interrompeu-a, avisando que «a empresa não autoriza reuniões do sindicato nas suas instalações».
Já nas instalações do jornal no Porto, os membros da Direção do SJ foram proibidos de entrar, tendo o encontro com os trabalhadores decorrido desde o primeiro momento fora das instalações da empresa. O Sindicato dos Jornalista esclarece que, «por cortesia», tinha dado nota à Administração do Público que iria realizar a visita e que esta indicou que não a iria permitir. Este aspecto deixa claro que o patronato violou a lei premeditadamente.
«Numa profissão cujo cerne é a liberdade, esta atitude por parte da Administração do Público é, no mínimo, um embaraço. Dispensar-se-ia a criação de dificuldades à normal comunicação entre trabalhadores e os seus órgãos representativos», conclui o Sindicato dos Jornalistas no seu comunicado.
Esta começa a ser uma prática patronal cada vez mais recorrente que visa afectar directamente toda a classe trabalhadora de forma a impedir que esta se organize e lute por mais direitos e melhores salários. A título de exemplo, recorde-se que, conforme o AbriAbril noticiara, em Agosto a concessionária da mina de Aljustrel impediu o sindicato de contactar com trabalhadores, mas também no Aldi os trabalhadores eram impedidos de falar com o sindicato nas zonas de trabalho.
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