«A posição do Governo não se alterou. Na actual conjuntura, com esta janela de esperança que foi o acordo conseguido para a libertação dos reféns e cessação das hostilidades e com a entrada massiva de ajuda humanitária, devemos manter esta posição», afirmou Paulo Rangel durante uma audição na comissão parlamentar de Assuntos Europeus, esta terça-feira.
O acordo alcançado entre Israel e o Hamas, que impôs um cessar-fogo na Faixa de Gaza desde domingo, tem «um equilíbrio frágil», reconheceu o ministro, argumentando que pode ser «a base da construção de um cessar-fogo verdadeiro e depois de uma solução negociada» dos dois Estados, Israel e Palestina.
A missiva redigida pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação e pelo Movimento Pelos Direitos do Povo Palestino e Pela Paz no Médio Oriente será entregue ao primeiro-ministro, esta sexta-feira. Foi divulgada no passado dia 28 de Maio, na concentração realizada no Rossio, em Lisboa, a carta aberta dirigida ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, instando ao reconhecimento do Estado da Palestina, tal como fizeram, nessa mesma data, Espanha, Irlanda e Noruega. Amanhã, a partir das 14h, representantes das organizações subscritoras vão ao Palacete de São Bento entregar a missiva, onde afirmam que o reconhecimento do Estado da Palestina «é uma decisão soberana de Portugal que não deve, nem pode estar condicionada pela política e interesses de terceiros países ou entidades». Recorde-se que, na passada sexta-feira, o Governo, pela voz do ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, assumiu que, fazê-lo no imediato, «seria relativamente inconsequente». No entanto, o reconhecimento do Estado da Palestina, «que nunca deixou de ser uma questão urgente, assume-se, à luz do genocídio em curso e do objectivo de Israel de perpetuar e mesmo ampliar a sua ilegal política de ocupação e colonização, como uma questão de acrescida pertinência e premência», refere a carta firmada pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), CGTP-IN e Projecto-Ruído Associação Juvenil. Malta, que ocupa a presidência do Conselho de Segurança da ONU, vai apresentar uma proposta para que a Palestina seja admitida como membro de pleno direito das Nações Unidas e Espanha irá apoiar, algo que acompanha o reconhecimento do Estado da Palestina. Um passo importante para o Estado palestino no seio da União Europeia com Espanha a tomar a dianteira de algo que já peca por tardio. Ao contrário do que o último governo PS procurou fazer, que era esperar por outros para reconhecer a Palestina, o seu partido homólogo espanhol avançou sozinho. Já se falava da possibilidade, mas de acordo com a agência Reuters, o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares Bueno, disse esta quarta-feira que Espanha iria reconhecer em breve o Estado da Palestina. Este elemento vem na sequência do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ter dito que o reconhecimento iria ser feito antes do Verão. Além deste importante passo, Espanha prepara-se para acompanhar a proposta de Malta, país que assume a presidência do Conselho de Segurança da ONU, que passa pela admissão da Palestina como membro de pleno direito das Nações Unidas. Ainda hoje Pedro Sanchez, durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro do Qatar, exigiu mais pormenores a Israel sobre a morte de sete pessoas que trabalhavam para a ONG World Central Kitchen num ataque aéreo em Gaza. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, considerou o incidente «um acontecimento trágico em que as nossas forças feriram involuntariamente não-combatentes», acrescentando que «isto acontece na guerra». O chefe de Estado espanhol reagiu dizendo: «isto é inaceitável e insuficiente e estamos à espera de uma clarificação muito mais forte e detalhada, após a qual veremos que medidas tomar». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O documento faz a resenha histórica a partir de 1947, data da Resolução da ONU que estabeleceu o princípio da existência de dois Estados – o da Palestina e o de Israel, mas que este se recusa a cumprir. O cenário agravou-se desde Outubro de 2023. As organizações, como a Associação Conquistas da Revolução, Frente Anti-Racista, Casa do Alentejo, Judeus pela Paz e pela Justiça e Palestina em Português, entre muitas outras, denunciam que Israel está a levar a cabo «uma política genocida de punição colectiva contra o povo palestiniano, em particular na Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia, de uma violência que só tem paralelo no período da Nakba». «A gravidade da situação que se vive na Faixa de Gaza levou o Tribunal Internacional de Justiça, já por duas vezes, a decretar a aplicação de medidas preventivas que Israel afrontosamente se recusa a cumprir», acusam. Os signatários salientam que há uma dívida histórica por saldar com o povo palestiniano e alertam que não haverá paz na região sem o reconhecimento do Estado da Palestina, conforme as resoluções pertinentes das Nações Unidas. Nesse sentido, instam o Governo português, em consonância com o disposto no artigo 7.º da Constituição da República e os princípios consagrados na Carta das Nações Unidas, a reconhecer o Estado da Palestina nas fronteiras anteriores a 1967 e com capital em Jerusalém Oriental, e que apoie essa decisão em todos os fóruns internacionais, em particular no Conselho Segurança e na Assembleia Geral da ONU. Porque «é mais que tempo de fazer justiça» ao povo palestiniano, a carta reclama ainda que o Executivo de Montenegro oriente a sua acção no plano internacional pelo reconhecimento do direito de retorno dos refugiados palestinianos ou à sua justa compensação nos termos da resolução n.º 194 da Assembleia Geral da ONU. Mais de 140 países dos 193 da ONU reconhecem o Estado da Palestina. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Nacional|
Activistas entregam carta a Montenegro a exigir o reconhecimento da Palestina
Internacional|
Espanha vai reconhecer o Estado da Palestina
Contribui para uma boa ideia
Contribui para uma boa ideia
Para Rangel, o reconhecimento da Palestina, onde, calcula um estudo da Lancet, Israel fez 64 mil mortos, só entre 7 de Outubro de 2023 e 30 de Junho do ano passado, não se justifica «neste momento». Por outro lado, desvaloriza o passo dado pela Espanha, Irlanda e Noruega. «É um passo simbólico, outros reconheceram e nada aconteceu», disse.
No final de Junho de 2024, activistas entregaram uma carta a Luís Montenegro onde exigiam o reconhecimento do Estado da Palestina, salientando que se trata de uma decisão soberana de Portugal, que não deve estar sujeita a interesses de entidades ou de outros países.
Data de 1947 a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que estabeleceu o princípio da existência de dois Estados – o da Palestina e o de Israel, mas que este se recusa a cumprir, fazendo tábua rasa do direito internacional e violentando o povo palestiniano com a expansão de colonatos em terras ocupadas, prisão de civis sem processo judicial, usurpação de recursos naturais e implementação de um sistema de apartheid.
No passado sábado teve lugar em Lisboa uma das maiores manifestações pela paz, no nosso país, onde mais uma vez se exigiu o fim do genocídio e uma Palestina livre.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui