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STML critica «mentira e demagogia» do presidente da Junta de Benfica

Uma resolução aprovada por unanimidade pelos trabalhadores da higiene urbana da Junta de Freguesia de Benfica, em Lisboa, não pôde ser entregue ao executivo. Nenhum elemento do PS aceitou recebê-la em mãos.

Ricardo Marques (PS), presidente da Junta de Freguesia de Benfica, numa sessão do Partido Socialista. 6 de Março de 2024 
Créditos / PS Benfica, Carnide e São Domingos de Benfica

O braço-de-ferro prolonga-se desde 2018. Começaram, nesse ano, ainda com a anterior presidente da Junta de Freguesia de Benfica (JFB), de maioria PS, as negociações com o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML/CGTP-IN) para um novo Acordo Colectivo de Empregador Público (ACEP). Desde então, o sindicato reuniu-se diversas vezes com a autarquia («sobre este e outros assuntos»), mas o executivo PS, agora liderado por Ricardo Marques, acabou por assinar um ACEP com outros dois sindicatos.

Depois de anos sem que a JFB assumisse qualquer posição negocial sobre o ACEP, em 2023 a autarquia acabou por anunciar as suas intenções para chegar a um acordo: «impôs a desregulação dos horários de trabalho, criando piores condições do que expressa a própria Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas», refere o STML, em comunicado enviado ao AbrilAbril.

Em entrevista à agência Lusa, por ocasião do protesto dos trabalhadores da higiene urbana em Benfica, no passado dia 26 de Fevereiro (onde foi aprovada a resolução que Ricardo Marques se recusou receber), o presidente da junta congratulava-se com a assinatura de «um ACEP no ano passado com imensas regalias para os trabalhadores e com um conjunto de acrescentos».

Por seu lado, o STML, o sindicato mais representativo nessa autarquia, contesta a ideia do autarca do PS: «as "imensas regalias" que o Presidente da Junta refere são os três dias férias via avaliação de desempenho, matéria que o STML defende desde 2018, mas nunca a troco de uma desregulação dos horários de trabalho». Em termos de cedências, o sindicato destaca as «muitas páginas» que foram «simplesmente eliminadas» entre as reuniões, «demonstrando um verdadeiro espírito negocial sempre desvalorizado por Ricardo Marques».

«Faltando à verdade, afirmou ainda Ricardo Marques que o STML disse que "não assinava com os traidores da UGT", revelando nesta afirmação uma postura onde aparentemente impera a política do vale tudo, o que a todos os níveis é lamentável», critica.

«Junta de Benfica é recordista na cidade de Lisboa no recurso a contratos precários»

O sindicato destaca ainda, na missiva enviada à imprensa, o recurso abusivo ao trabalho precário nesta Junta de Freguesia. À Lusa, Ricardo Marques defendia ter «feito o caminho todo com a segurança de que temos melhorado as condições dos trabalhadores e regalias». Sobre estas declarações, o STML acrescenta uma última pergunta: que segurança existe «para os mais de cem trabalhadores que não têm, à data, qualquer perspectiva de regularização através da celebração de um contrato de trabalho efectivo»?.

O documento aprovado por unanimidade pelos trabalhadores da higiene urbana da JFB defende a urgência na abertura de concurso para a vinculação permanente dos trabalhadores que prestam funções permanentes e uma intervenção no Posto de Limpeza Silva Porto, «respeitando os direitos dos trabalhadores em matéria de saúde, higiene e segurança».

É ainda exigida a «conclusão do processo negocial iniciado em 2018 com o STML, integrando neste ACEP «o enquadramento a 12 meses dos suplementos de carácter permanente».

As acções e as palavras de Ricardo Marques e do PS, defende o sindicato, desvalorizam «as reivindicações e os direitos dos trabalhadores, em particular os da Higiene Urbana, desprezando as condições reais e concretas em que estes trabalhadores laboram». Ofende ainda o sindicato que a autarquia recorra «à mentira e à demagogia, numa prática política em que não nos revemos e que criticamos duramente», salientando que «não são estes exemplos que engradecem a nossa democracia».

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