Foi durante a «Convenção Por Portugal» que Luís Montenegro, presidente do PSD, anunciou aquilo que seria a salvação do Serviço Nacional de Saúde. «A saúde precisa de alterações estruturais que demoram mais tempo a implementar e a produzir efeitos, mas este plano de emergência tem uma meta: até final de 2025, acabar com listas de espera que excedem o tempo máximo garantido e dar uma resposta de medicina familiar a todos os utentes de Portugal», afirmou à data o agora primeiro-ministro. Desta forma foi prometida a implementação de tal plano em 60 dias.
A promessa era audaz e configurou-se numa matrioska de planos. Após a coligação PSD/CDS-PP ganhar as eleições, do plano inicial para «salvar o SNS» apareceu um plano de Verão para as urgências e depois um plano de Inverno. Se o primeiro foi um falhanço, o segundo um falhanço foi, o que obrigou a ministra da Saúde a admiti-lo.
Mais de um ano depois, mais concretamente 452 dias, sabe-se que este fim-semana de Páscoa, um momento particularmente difícil no SNS pela grande procura que se abate sobre si, terá oito urgências fechadas no sábado e dez no domingo.
De acordo com os dados atualizados no portal do SNS às 13:50, no sábado o número de urgências fechadas sobe para oito, seis das quais de obstetrícia e ginecologia, em Almada, Barreiro, Castelo Branco, Vila Franca de Xira, Aveiro e Leiria. A estas juntam-se as urgências de pediatria dos hospitais de Vila Franca de Xira e Beatriz Ângelo, em Loures.
O dia com maiores constrangimentos de funcionamento nas urgências será no domingo de Páscoa, quando dez serviços estarão encerrados, sete de obstetrícia e ginecologia e três de pediatria.De obstetrícia e ginecologia vão estar fechadas as urgências dos hospitais Garcia de Orta, Amadora-Sintra, de Setúbal, de Vila Franca de Xira, de Santarém, de Abrantes e de Leiria, enquanto da especialidade de pediatria estarão encerradas as urgências de Vila Franca de Xira, de Loures e de Torres Vedras.
Desde o início deste período de pré-campanha, o Governo, que pauta a sua acção pela percepção pública e estudos de opinião, tem resguardado Ana Paula Martins, ministra da Saúde, talvez com a noção que a área da saúde é que evidencia o completo falhanço governativo.
A outra razão para o súbito desaparecimento da ministra pode estar no facto desta ter sido vocal na recusa de investimento público no SNS e ter sido a cara do processo de entrega de Hospitais públicos ao sector privado com o regime de PPP. Ana Paula Martins está umbilicalmente ligada ao avolumar de constrangimentos nas urgências, sendo este fim-de-semana mais um reflexo disso mesmo e da política do Governo AD.
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