Foi um Verão atribulado nos serviços de urgência. Longos anos de políticas de subfinanciamento e de consequente degradação do SNS em prol dos interesses dos negócios privados da doença culminaram no actual caos que se verifica no sector público.
O actual Governo PSD/CDS-PP prometeu apresentar um plano de emergência para o SNS em 60 dias e apresentou um plano para o verão. Se o primeiro plano passou por entregar ao sector privado e social as Unidades de Saúde Familiar modelo C, o segundo plano revelou-se um falhanço e o encerramento dos serviços de urgência foi uma constante.
A ministra da Saúde, ao invés de admitir os problemas estruturais do SNS e a falta de profissionais de saúde, optou por responsabilizar os trabalhadores sobre os encerramentos que se sucederam.
Ante o problema, o PCP propôs hoje, em Conferência de Líderes, um debate sobre a situação do SNS e o elevado número de urgências encerradas. Se a prática é o critério da verdade, PSD, CDS-PP e Chega aliaram-se para impedir a discussão e revelar as suas reais opções.
O projecto do Governo está a passar pela aceleração do que estava a ser realizado pelo ex-governo PS. O desmantelamento do SNS está a tornar-se uma realidade cada vez mais palpável e o Chega, correspondendo aos interesses de quem o financia, parece estar confortável com a privatização da saúde.
O mesmo se verificou em relação à TAP. Na passada semana foi divulgado o relatório da auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) à TAP que indica que esta foi comprada por com o seu próprio dinheiro, por David Neeleman, através de um negócio com a AIRBUS, no qual a TAP servia de garantia.
A privatização fora realizada por um ex-governo PSD/CDS-PP e um dos responsáveis foi Miguel Pinto Luz, actual ministro das Infraestruturas e da Habitação. O relatório da IGF entretanto seguiu para o Ministério Público dada a possibilidade de crime económico que lesou o Estado.
Desta vez, foi o Bloco de Esquerda que propôs, em Conferência de Líderes, a realização de um debate sobre o tema, isto depois de no ano passado ter chumbado uma proposta de aditamento do PCP à Comissão de Inquérito à TAP que previa apurar exactamente a privatização da companhia aérea e em que condições foi realizada.
Assim como nas questões sobre o SNS, PSD, CDS-PP e Chega inviabilizaram hoje o debate. Se no caso do PSD e do CDS-PP a invisibilização serve como forma de se protegerem politicamente, no caso do Chega, a opção parece passar por, mais uma vez, salvaguardar os milionários e a futura privatização de uma grande empresa pública que neste momento dá lucro e serve os interesses do país.
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