Querem as palavras de António Costa cumpridas

Trabalhadores dos transportes exigem «enterro» da precariedade

Trabalhadores do sector dos transportes estiveram hoje concentrados em frente à residência oficial do primeiro-ministro para dizer «não» a uma política de precariedade e baixos salários.

Trabalhadores do sector dos transportes entregam pá ao Governo para que este enterre a precariedade
CréditosJoão Silva

Estiveram hoje concentrados em frente à residência oficial do primeiro-ministro representantes de trabalhadores de várias empresas do sector dos transportes, numa acção com o nome «Pás para enterrar os baixos salários e a precariedade».

Foram entregues ao primeiro-ministro uma resolução dos trabalhadores transpondo as suas reivindicações e uma pá, simbolizando a necessidade de enterrar a precariedade e os baixos salários.

A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) relembra assim as palavras de António Costa no 1º de Maio, em que referiu que os baixos salários e precariedade laboral são um modelo «que está morto e que tem de ser enterrado».

Com esta acção, pretendeu-se denunciar ainda a falta de contratação de trabalhadores, afirmando que tal se reflecte na qualidade do serviço prestado; ao mesmo tempo, acusou-se as empresas de recorrer a serviços de trabalho temporário e a trabalhadores com vínculos precários.

A iniciativa contou com diversas intervenções. Célia Portela, da União de Sindicatos de Lisboa, referiu que a precariedade «não é mais que uma forma de escravatura dos tempos modernos, destinada a aumentar os lucros do capital» e deu o exemplo da Junta de Freguesia de Benfica, com 230 trabalhadores com contratos de emprego-inserção.

António Mariano, presidente do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal (SETC), na sua intervenção valorizou o acordo alcançado com as empresas dos portos e o recuo do despedimento colectivo, reforçando que é fruto da luta dos estivadores. No entanto, deixou claro que a luta é para continuar, pois a precariedade persiste, havendo trabalhadores nesta situação há 22 anos.

Nuno Almeida, do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa, exigiu medidas legislativas para acabar com a precariedade, seja no sector público ou privado, dando o exemplo de que nas autarquias de Lisboa há mais de 2500 trabalhadores precários.

A iniciativa finalizou com a intervenção de José Manuel, da Fectrans e em representação da CGTP-IN, que também exigiu que Autoridade para as Condições de Trabalho intervenha para combater a precariedade e que se cumpra a medida de que a cada posto de trabalho permanente corresponda um vínculo efectivo.

O representante da Fectrans disse ainda que oferecem ao Governo pás para «a precariedade ser definitivamente enterrada». Afirmou que, neste ciclo político, há um conjunto de medidas importantes a salientar, mas que «são insuficientes para repor tudo o que foi roubado e para ir de encontro ao que os trabalhadores precisam.»

Na resolução aprovada e entregue, os trabalhadores prometem que a luta é para continuar: «Os representantes dos trabalhadores, presentes […] assumem o compromisso de, a partir das empresas e dos locais de trabalho, dinamizarem a mobilização e luta contra este flagelo social, apelando aos trabalhadores para a sua participação na manifestação de 16 de Junho, às 18 horas no Cais do Sodré.» A manifestação foi lançada há dias pelo SETC.

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