|greve

Cascais Ambiente: vi-te a trabalhar seis dias por semana

Os trabalhadores da Cascais Ambiente (EMAC) só têm direito a uma folga semanal, 1 dia de descanso por cada 6 de trabalho. A greve convocada pelo STAL/CGTP para 21 e 22 de Abril é inédita nos quase 20 anos da empresa.

Trabalhadores da Cascais Ambiente, a EMAC
Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais desde 2011, na convenção da Aliança Democrática (AD - PSD/CDS-PP). Estoril, 21 de Janeiro de 2024 Créditos / Cascais Ambiente

Os trabalhadores da Empresa Municipal de Ambiente de Cascais (EMAC), mais bem conhecida por Cascais Ambiente, «trabalham seis dias da semana, sem qualquer compensação», denuncia, em comunicado enviado ao AbrilAbril, o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL/CGTP-IN). Vários trabalhadores desta empresa, responsável pela recolha de resíduos, a gestão dos espaços verdes do concelho e da sua rede de bebedouros, entre muitas outras atribuições e competências, só «dispõem de um dia de descanso semanal».

Para além dos horários desregulados, os trabalhadores são, também, privados de uma carreira há mais de 19 anos (que este ano celebra o vigésimo aniversário em Novembro). Em jeito de compensação, refere o sindicato, é-lhes «atribuído um prémio mensal que não está regulamentado, e que lhes pode ser retirado a qualquer momento», sem que os trabalhadores conheçam os critérios para a sua aplicação.

O STAL está, desde 2016, a tentar forçar a empresa, que tem como único accionista a Câmara Municipal de Cascais (CMC, liderada, desde 2011, pelo PSD de Carlos Carreiras), a negociar um Acordo de Empresa (AE). Depois de várias reuniões, que começaram nos finais de 2023, foi possível estabelecer um pré-acordo com a entidade, que acabou por roer a corda meses mais tarde.

«O senhor presidente da Câmara assumiu um compromisso com o sindicato e com todos os trabalhadores das empresas municipais de que iam ter um AE que salvaguardasse o seus direitos, conforme estava assegurada através do Acordo Colectivo de Empregador Público», afirmou a dirigente sindical do STAL Cátia Nunes, numa reunião da Assembleia Municipal de Cascais de Abril de 2025. «Não entendemos como é que palavra dada, não é palavra honrada», lamentam.

A greve convocada pelo STAL para os dias 21 e 22 de Abril, inédita nos quase 20 anos da Cascais Ambiente, surge na sequência da reunião realizada em Fevereiro de 2025, em que a administração se limitou a cumprir calendário sem apresentar a contra-proposta que tinha prometido no ano anterior (e que não tinha apresentado até então por alegar não estar ainda aprovado o orçamento camarário).

Num conjunto de mensagens divulgado por dirigentes sindicais nas redes sociais, e que o AbrilAbril não conseguiu confirmar, um trabalhador alega que os encarregados dos turnos a começar às 4h da manhã, nos dias que precederam a greve, ameaçaram os trabalhadores de que se fizessem greve era-lhes descontado o «prémio mensal por inteiro».

A acção de luta, que já arrancou no 1.º turno que exerce funções no dia 21 de Abril, vai contar também com uma concentração em frente à sede da empresa, em Alcoitão, que contará com a presença da presidente do STAL, Cristina Torres. Os trabalhadores exigem o retomar das negociações, o direito a uma carreira, o pagamento do Suplemento de Penosidade, Insalubridade e Risco (que a CMC se recusa a pagar há vários anos), um horário de 35 horas semanais e cinco dias por semana, e «um aumento salarial digno».

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui