Em resposta a uma pergunta escrita de um deputado trabalhista, o Secretário da Defesa britânico, Michael Fallon, reconheceu, na semana passada, o envolvimento do país na intervenção militar no Iémen, ao admitir que «o Reino Unido tem treinado a Força Aérea saudita tanto no Reino Unido como na Arábia Saudita», com o propósito de «melhorar os seus processos de selecção de alvos» e assegurar o seu melhor enquadramento no direito internacional.
Na mesma resposta, Fallon nega que os britânicos tenham estado envolvidos em processos de decisão na ofensiva levada a cabo pelos sauditas no Iémen.
A polémica venda de armas aos sauditas, que a primeira-ministra britânica, Theresa May, defende ferreamente, tem sido alvo de fortes críticas no país. Esta revelação sobre o papel mais abrangente do Reino Unido na agressão em curso contra o Iémen veio abrir uma nova frente de polémica e foi criticada pela oposição parlamentar. Isto, numa altura em que se acumulam as evidências dos crimes contra a população civil iemenita cometidos pela coligação liderada pela Arábia Saudita e quando está fresco na memória o massacre de Saná: cerca de 140 pessoas mortas e perto de 600 feridas, quando assistiam a um funeral.
Tom Brake, representante dos Liberais Democratas para os Assuntos Externos, considerou a revelação «vergonhosa», tendo apelado ao governo que assuma uma política muito mais restritiva no que respeita à venda de armas à Arábia Saudita e que «acabe com a cumplicidade nesta campanha assassina» que está a destruir o Iémen desde Março de 2015.
«É vergonhoso que o governo do Reino Unido esteja não só a armar mas ainda a treinar os pilotos sauditas. O bombardeamento indiscriminado de civis inocentes por parte da Arábia Saudita no Iémen, numa clara violação do direito internacional, está hoje bem documentado», disse Tom Brake, citado pelo The Independent.
Há 19 meses
Desde Março de 2015 que a uma coligação liderada pela Arábia Saudita leva a cabo uma intensa guerra de agressão contra o Iémen, com o objectivo declarado de voltar a colocar no poder o presidente, já deposto, Rabbuh Mansur Hadi, apoiado por Riade.
No final de Agosto, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que a agressão saudita ao Iémen tinha provocado quase dez mil mortos em 18 meses. O coordenador humanitário da ONU para o Iémen, Jamie McGoldrick, disse que o número real de vítimas mortais poderia ser ainda mais elevado, tendo em conta que a estimativa se baseava nas informações de centros de saúde regionais e que estes não existem em todas as zonas do país.
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