Num comunicado, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) denuncia que, «decorrente de não ter havido qualquer reforço ao abrigo do plano de contingência da gripe, constata-se a existência de um elevado número de utentes à responsabilidade de apenas um enfermeiro, nomeadamente nos balcões do Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC), com 20 a 30 utentes».
Admite que, apesar «do esforço da administração em pagar as horas em dívida persiste um elevado número de horas não pagas», tanto no SUMC como na maioria dos serviços.
O SEP destaca que são mais de 4000 as horas devidas aos enfermeiros das especialidades cirúrgicas, frisando que, «em devido tempo», enviou uma carta aberta ao ministro da Saúde na qual se davam a conhecer os exemplos das Unidades de Cuidados na Comunidade de Seia e Gouveia e da Unidade de Cuidados Continuados do Hospital Nossa Senhora da Assunção, em Seia, «onde a realidade contraria as prioridades do Ministério da Saúde no que diz respeito à falta de enfermeiros».
Os enfermeiros alertam para o continuado desinvestimento nos Cuidados de Saúde Primários, «agudizado desde a criação da Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG), momento em que se tornou mais evidente a carência de meios e também de recursos humanos», e pugnam pela instituição do enfermeiro de família.
Perante a publicação do Orçamento do Estado de 2018 e assinatura do contrato programa da ULS Guarda, os enfermeiros dizem «não perceber as razões da não contratação imediata dos enfermeiros necessários, inclusive quando já está publicada a lista final da bolsa de recrutamento e quando se aproxima o términus de contratos a termo certo com enfermeiros mais do que necessários nos serviços».
Problemas idênticos a Sul
Também os enfermeiros da Urgência do Hospital de Faro denunciaram, este domingo, a incapacidade de resposta do serviço, que dizem estar a colocar a segurança dos utentes e profissionais em risco.
Avisam que o número de enfermeiros é insuficiente e, numa carta enviada na madrugada de sábado à presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), a que a Lusa teve acesso, a equipa avisa que, face à situação de «caos», não pode ser responsabilizada por «eventuais ou futuros acontecimentos dos quais resultem consequências nocivas» para os utentes ou familiares.
Os enfermeiros denunciam que, apesar de o número de doentes admitidos ter vindo a aumentar, os recursos humanos e materiais são cada vez mais escassos, o que conduz à «diminuição da qualidade assistencial» e «progressiva degradação» da capacidade de resposta às adversidades.
Ao mesmo tempo, sublinham, «o número de utentes internados em maca no Serviço de Urgência, bem como o seu tempo de permanência no mesmo, tem igualmente sido amplificado», acrescentando que «o número de enfermeiros escalados por turno tem-se mantido igual e, em alguns casos, tem sido inferior ao estipulado como o mínimo».
Segundo os profissionais, o serviço tem-se revelado «incapaz de dar resposta às necessidades de utentes, familiares e profissionais que nele operam diariamente» e apesar de admitirem que a origem de alguns dos problemas é externa ao Centro Hospitalar, dizem que a administração «não tem sido capaz de defender as necessidades e os interesses da população».
Na missiva, enviada também para o ministro da Saúde, os enfermeiros questionam a operacionalização do actual plano de contingência pelo facto de estar dependente do número de doentes internados.
Este sábado, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou «um reforço da contratação de enfermeiros até ao final de Março», sem referir números.
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