Lucros

O relatório anual do Credit Suisse revela que, desde o início da década, a concentração de riqueza tem-se acentuado de forma brutal. Este ano, os 8% mais ricos detém 85% da riqueza mundial, mais 6% do que em 2010.

As propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2018 (OE2018), a que o Negócios teve acesso, incluem baixas de impostos para todas as empresas, os grandes grupos económicos e os maiores proprietários.

As primeiras propostas de alteração ao Orçamento já deram entrada. O PCP quer subida da derrama estadual e o fim do corte de 10% no subsídio de desemprego; o PEV propõe o reforço dos vigilantes da natureza e a reposição do passe escolar.

Um trabalhador da EDP que ganhe 30 mil euros anuais paga uma taxa idêntica de IRS ao accionista que recebe 50 milhões. O Orçamento do Estado para 2018 abre nova oportunidade para pôr fim à injustiça fiscal.

No retomar do debate, as matérias fiscais foram colocadas em cima da mesa. Para além das medidas de alívio fiscal para os trabalhadores, há propostas para aumentar os impostos sobre os mega-lucros e os donos das grandes empresas.

A Galp, que lucrou mais de 400 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2017, também seria visada pela subida da derrama. Apesar de o petróleo vir do Brasil e de Angola, é em Portugal que tem as suas duas refinarias.

Os bolsos das 1500 pessoas mais ricas do mundo guardam 5,2 biliões de euros, uma subida de 17% em 2016, o que corresponde a 32 vezes a riqueza total produzida em Portugal.

A política agressiva de redução de postos de trabalho no Santander Totta contribuiu para os mais de 330 milhões de euros encaixados pelo grupo espanhol, com a actividade em Portugal.

A Jerónimo Martins lucrou, entre Janeiro e Setembro, 285 milhões de euros. Apesar de também ser uma das visadas pelo aumento da derrama estadual, não há risco de fuga: os seus donos já se instalaram na Holanda.

A Navigator viu os seus lucros crescerem nos primeiros nove meses do ano mais de 8%, para 146 milhões de euros. A empresa de papel diz não ter preocupação com o efeito dos 500 mil hectares de floresta ardida no seu abastecimento.

A empresa tem 70 barragens, 220 mil km de linhas eléctricas e 6,5 milhões de clientes no nosso país. A subida do imposto sobre os lucros em 2% pode levá-la a deixar Portugal, como os patrões ameaçam?

A Barraqueiro, que participa no consórcio que ainda detém a concessão do Metro do Porto, vai receber mais de 200 milhões de euros para continuar a explorar o serviço de transportes, agora sozinha.

Seis privados querem explorar o Metro do Porto, de acordo com um comunicado da empresa que quer expandir até 2025 a subconcessão daquele serviço público de transportes. O critério de escolha é só um: ganha o mais barato.

A «forte adesão» à greve nas minas de Neves-Corvo, em Castro Verde, paralisou as lavarias e «grande parte dos serviços subterrâneos», de acordo com fonte sindical.

O Banco Popular, prestes a ser integrado no Santander Totta, reduziu em 35% os gastos com remunerações no primeiro semestre do ano, depois de ter forçado a saída de quase 300 trabalhadores desde o início de 2016.

Os mineiros de Neves-Corvo, em Castro Verde, vão avançar para a greve de 3 a 7 de Outubro. A «humanização dos horários de trabalho», a reforma antecipada e o descongelamento das carreiras estão entre as principais reivindicações.

As auto-estradas concessionadas à Brisa renderam lucros de quase 50 milhões de euros, entre Janeiro e Julho deste ano. Os proveitos com as 11 concessões da empresa privatizada quase duplicaram face ao primeiro semestre de 2016.