Navigator: lucros crescem sem preocupação com floresta ardida

De acordo com uma informação enviada pela empresa à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, a Navigator (ex-Portucel/Soporcel) lucrou 145,8 milhões de euros entre Janeiro e Setembro deste ano, uma subida de 8,6% face aos primeiros três trimestres de 2016.

A evolução é explicada pela empresa com a subida do volume de negócios, particularmente com pasta de papel, que subiu 32%. A empresa encaixou mais de 1,2 mil milhões de euros em vendas, incluindo ainda o papel e a energia que a empresa produz.

A subida dos lucros regista-se num período crítico para a floresta portuguesa, onde a Navigator vai buscar o essencial da sua matéria-prima, com os incêndios florestais dos últimos meses. No período em causa, arderam mais de 200 mil hectares de floresta, 2700 dos quais propriedade da empresa.

Já em Outubro, portanto sem efeito nos resultados divulgados agora, o número subiu para mais de 500 mil hectares, 6100 dos quais de floresta de eucaliptos em propriedades da Navigator. Ainda assim, a empresa revela não ter preocupações com o efeito da devastação no fornecimento de matéria-prima no futuro.

O sector das celuloses e do papel, de que a Navigator é a maior empresa em Portugal, é um dos principais clientes dos produtores de madeira nacional. A empresa detém 120 mil hectares de floresta em Portugal, 73% dos quais com eucaliptos, o que é insuficiente para a sua actividade.

A pressão para a baixa do preço da madeira – um dos principais problemas do sector da produção – é uma das marcas que a empresa deixa na floresta portuguesa. Os custos com matéria-prima representaram menos de 300 milhões de euros no período, menos de 25% dos ganhos com vendas.

Ontem, a Caixa BI tinha avançado com uma previsão de subida dos lucros da Navigator de 7,5%, um ponto percentual abaixo do que se veio a verificar.