especulação imobiliária

Apesar de ligeiros avanços após três manifestações, a situação da habitação ainda precisa de uma resposta estrutural. Neste sentido o movimento Casa para Viver, exigindo a ruptura com a política de direita, convocou manifestações para todo o país. 

O executivo liderado por Luís Montenegro quer retirar o poder de veto dos condomínios que pretendam evitar Alojamentos Locais e passar a arbitragem para os presidentes de Câmara. 

Esta é a história daqueles que reclamam o direito a existir. No n° 286, rua dos Fanqueiros, em plena baixa pombalina, uma associação faz da resistência parte da sua actividade. Na Lisboa do turismo excessivo, dos unicórnios e da gentrificação, há quem lute para manter um lugar na cidade que é sua.

Há cinco anos os conservadores prometeram acabar com os «despejos sem culpa» no Reino Unido. Desde então, mais de 90 mil inquilinos foram ameaçados com processos deste tipo.

O debate foi agendado pela Iniciativa Liberal que, ao invés de discutir a Habitação, quis discutir a melhor forma de favorecer a especulação de forma dissimulada. À direita a promoção dos interesses especulativos é marca de água da acção legislativa. 

«Não é só comida ou livro, propomos um modelo de socialização para os espaços urbanos», afirma João Paulo Rodrigues, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Na semana em que o BCE optou por manter o jugo das taxas de juro, estão marcadas para este sábado mais de uma dezena de acções de luta sob o mote «Casa para Viver». O direito à Habitação é urgente e não pode esperar. 

Quando se fica a saber que o aumento de preços foi maior nas casas usadas do que nas casas novas, fica-se também a saber que a compensação para senhorios com rendas antigas entrará em vigor amanhã. Há quem viva bem e quem não tenha onde viver.

O novo ano vai começar com os problemas da habitação a agravarem-se, denuncia o movimento Porta a Porta – Casa para Todos, que anuncia mobilizações para 27 de Janeiro por todo o País.

Era uma confirmação que não é necessária. A medida está em vigor há duas semanas e mesmo não sendo divulgada já houve mais de 10 mil pedidos para congelar prestação da casa. Houvesse mais divulgação e números eram maiores.
 

O Governo não quis colocar um travão na subida das rendas. Ao invés disso dará um apoio aos inquilinos, ou seja, irá financiar a especulação imobiliária de forma indirecta. Em 2024 as rendas podem subir 6,94%, o valor mais elevado dos últimos 30 anos.

O AbrilAbril recolheu um conjunto de dados para entender melhor o problema da Habitação em Portugal. A comparação com a Europa, o o preço por metro quadrado, ou o crédito à habitação e o rentismo da banca foram temas analisados. 

O INE anunciou que as rendas poderão aumentar 6,9% no próximo ano. O Governo diz que estudará uma solução, mas sendo a mesma do ano passado, os senhorios irão ser compensados. Na prática as rendas aumentam mesmo, mas de forma invisível. 

Após veto presidencial, o Governo enviou uma carta à presidente da Comissão Europeia a pedir uma «iniciativa europeia de habitação acessível», a mesma Comissão que advoga o livre funcionamento do mercado e a retirada do Estado da economia.