Há carteiros a trabalhar 14 horas seguidas

Greve dos CTT em Famalicão alerta para falta de pessoal

Foi elevada a adesão à greve dos carteiros em Famalicão. Sobrecarga de trabalho, falta de pessoal e não pagamento de trabalho suplementar são as principais reivindicações.

Trabalhadores dos CTT de Famalicão realizaram greve e concentrações
CréditosCGTP-IN

Os trabalhadores do Centro de Distribuição Postal (CDP) de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, estiveram em greve no dia 15 de Junho. Protestam contra a sobrecarga de trabalho e a falta de substituição de trabalhadores ausentes, e exigem o pagamento do trabalho suplementar.

Segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), dos 30 trabalhadores do CDP de Famalicão, 24 aderiram à paralisação.

Após uma concentração junto ao armazém de distribuição pelas 6h, foi realizada uma marcha e concentração junto à Câmara Municipal de Famalicão, onde representantes do SNTCT foram recebidos pelo presidente Paulo Cunha. Na marcha, os carteiros gritavam em uníssono «A luta continua, os carteiros estão na rua».

«Viemos transmitir as nossas preocupações, mas no fundo transmitimos também as dos clientes, das pessoas que querem receber o seu correio a tempo e horas»

José Sá, representante do SNTCT

Rui Ribeiro, carteiro há 18 anos, afirma que «tem sido complicado lidar directamente com clientes insatisfeitos», apontando casos de pessoas que receberam cartas com marcações de consultas «difíceis de remarcar», cujo prazo já passou.

«E 90% das pessoas que recebe reformas, subsídios de desemprego, valores de baixas ou o Rendimento Social de Inserção ainda recebe via vale dos correios. É difícil ver clientes desesperados à espera de um giro [ronda para entrega de correspondência]. Estão a brincar com o serviço público», acrescentou.

Também Domingos Gomes, carteiro há 20 anos, contou que «muitas vezes» apesar do seu horário terminar às 16h, fica a trabalhar até às 18h/19h: «Mas as horas extra não são pagas», lamentou junto a colegas que vestiam t-shirts onde se lia «O carteiro não tem culpa».

Outro carteiro no local, revelava que hoje trabalham naquele CDP 30 trabalhadores, quando seriam necessários 42. As queixas sucedem-se sobre o horário de trabalho : «pessoal a trabalhar 10 horas e receber [o correspondente a] 6 horas», ou casos em que têm que «trabalhar, por exemplo, 14 horas seguidas».

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