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Call Centers em greve no Natal e ano novo

Para além dos salários miseráveis e da situação de precariedade permanente, a Intelcia, Ranstad, Manpower, Vertente Humana e RH-Mais não pagam o trabalho nos dias feriados, como obriga a lei.

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São dezenas de milhares de trabalhadores a quem, todos os dias feriados, as maiores empresas de Call Centers roubam uma parte significativa da remuneração definida pela lei portuguesa (Artigo 269.º do Código do Trabalho): «o trabalhador tem direito à retribuição correspondente a feriado [mais 50%], sem que o empregador a possa compensar com trabalho suplementar».

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Os trabalhadores dos call centers têm direito à contratação colectiva

Os sindicatos da área das telecomunicações apresentaram uma proposta conjunta para um acordo de empresa na Intelcia, um call center que emprega mais de seis mil trabalhadores.

A Intelcia é uma empresa marroquina do Grupo Altice. Em Portugal, onde está desde 2018, opera na área do outsourcing e prestação de serviços
Créditos / Infomédiaire

Face à dimensão empresarial da Intelcia, no que toca ao número de trabalhadores que nela desenvolvem a sua actividade, era impensável que este call center não fosse abrangido por um Acordo Colectivo de Trabalho (ACT), considera o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais (SINTTAV/CGTP-IN) e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN).

Com mais de seis mil funcionários, a Intelcia é responsável pelas áreas de apoio ao cliente e apoio comercial do grupo Altice, detentora de cerca de 65% do capital da empresa. Só em 2021, 1100 trabalhadores foram contratados para servir mercados estrangeiros.

Os dois sindicatos tentaram, inicialmente, incluir a Intelcia nas duas últimas negociações do ACT com a MEO, reivindicação que foi repetidamente rejeitada pela administração. A alternativa encontrada pelas estruturas sindicais passa pela «apresentação de uma proposta de Acordo de Empresa autónomo para a Intelcia», algo que os dois sindicatos já fizeram. A empresa tem agora 30 dias para dar uma resposta.

O ACT proposto pelos sindicatos visa acabar com a prática generalizada de pagar salários mínimos na empresa, mesmo para trabalhadores com mais de 20 anos nos quadros da empresa, e o «fim da exploração desenfreada dos trabalhadores», exercida com grande arrogância por parte das chefias.

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Esse é apenas um dos muitos motivos pelos quais o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN) convocou uma greve para os dias 24, 25, 31 de Dezembro e dia 1 de Janeiro na Intelcia, Ranstad, Manpower, Vertente Humana e RH-Mais.

Graças à precariedade que as empresas impõem aos trabalhadores, o patronato vive uma situação de relativa impunidade, o que dá azo à recusa em negociar a redução dos horários e o aumento dos salários, outras duas reinvindicações referidas pelo SNTCT. 

Até mesmo a «discutir e negociar escalas de feriados e folgas» as empresas se negam.

Exemplo disso é a situação vigente na Intelcia, que recusou a discussão de um acordo de empresa que garantisse um mínimo de dignidade aos trabalhadores, forçando os sindicatos a requerer a intervenção da Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT). Por todos estes motivos, os trabalhadores dos Call Centers estarão em greve no período do Natal e ano novo.

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