Os lucros do Grupo Amorim aumentaram, nos primeiros três meses de 2022. para os 20,1 milhões de euros (as vendas atingiram os 263,5 milhões de euros). Estes resultados representam um crescimento de 26% face ao mesmo período de 2021, ano em que a empresa bateu o seu recorde de lucros (74,8 milhões de euros).
Estes resultados, alcançados graças ao esforço e ao trabalho de muitas centenas de trabalhadores, mal pagos, foram assinalados pela administração da empresa com a atribuição de chorudos dividendos aos accionistas, no valor de 26,6 milhões de euros.
A empresa proibiu a realização de uma acção de esclarecimento da União de Sindicatos do Norte Alentejano com os trabalhadores, constituindo um «ataque anti-constitucional à liberdade sindical». «O objectivo desta jornada de contacto era o esclarecimento. Pretendia-se dar nota, não apenas da organização de uma manifestação nacional no próximo sábado dia 20 de Novembro, mas também das reivindicações que constam do processo de negociação colectivo que decorre em todo o sector corticeiro, bem como do seu ponto de situação», clarifica a União de Sindicatos do Norte Alentejano (USNA/CGTP-IN), em comunicado enviado ao AbrilAbril. Mesmo tendo sido informada, com antecedência e nos termos da lei, da actividade sindical que se iria realizar nesse dia, e em que participariam dirigentes sindicais da USNA e do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Similares, Construção, Madeiras, Mármores, Cortiças do Sul e Regiões Autónomas (STCCMCS\CGTP-IN), a Amorim Florestal, que pertence à Corticeira Amorim, não hesitou em impedir a entrada dos sindicalistas nas suas instalações. Curioso foi logo após a GNR ter sido chamada ao local, pelos sindicatos, se ter esfumado a oposição da empresa. Os dirigentes sindicais presentes foram rapidamente informados de que afinal já teriam acesso às instalações, desde que permanecessem junto à portaria. «No País que é o maior produtor mundial de cortiça», patrões consideram 56,8 cêntimos por dia «o maior aumento do século». Trabalhadores mantêm reivindicações e partirão para novas acções de luta. O anúncio do «maior aumento salarial do século» divulgado pela Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR), no passado fim-de-semana, vem agora ser rebatido pelos representantes dos trabalhadores. A Federação Portuguesa Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (Feviccom/CGTP-IN) declarou, em comunicado, que a distribuição da riqueza no sector corticeiro está «profundamente desequilibrada», já que o aumento de 17,06 euros corresponde a 56,8 cêntimos por dia. Dão o exemplo da Corticeira Amorim cujos lucros em 2018 aumentaram 6%, o que corresponde a um valor de 77,4 milhões de euros. A nota acrescenta que, se em 2009 o peso das remunerações na riqueza criada era de 62,3%, em 2016 diminuiu para 41%. «Os corticeiros estão a empobrecer a trabalhar: a sua produtividade e esforço têm vindo a aumentar, mas o peso dos seus salários tem vindo a cair face à riqueza criada!», afirmam. No decorrer das negociações, os sindicatos dizem que a APCOR rejeitou propostas como o alargamento das diuturnidades para todos os trabalhadores; o pagamento de complemento de subsídio de doença profissional; e a introdução de nova cláusula sobre a proibição do assédio no trabalho. Os trabalhadores rejeitam as declarações da APCOR de que o sector não pode suportar um aumento salarial superior a 17,06 euros mensais, tendo em conta os resultados das empresas. Serão decididas novas acções de luta até ao final deste mês. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. E porque teria a empresa tanto medo, ao ponto de quebrar, conscientemente, a lei, que os sindicalistas contactassem com os trabalhadores? Que estes fossem informados sobre o «processo negocial em curso no sector corticeiro»? Que fossem informados sobre a «manifestação nacional no dia 20 de Novembro»? Provavelmente, tentavam «ocultar aos trabalhadores da empresa o motivo pelo qual os seus salários não aumentam de forma digna», mesmo que empresas, como é o caso da Amorim, continuem a registar lucros milionários e mantenham um papel activo «neste bloqueio salarial». Os trabalhadores têm exigido o «aumento dos dias de férias, a redução da jornada de trabalho semanal para as 35 horas e a atribuição de diuturnidades», num clima de assédio laboral promovido pela empresa, que já chegou a «ameaçar» todos aquelas que participem em plenários sindicais com a retirada de dias de férias. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Porque é que a Amorim Florestal «teme a organização dos seus trabalhadores»?
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«Corticeiros continuam a empobrecer a trabalhar»
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E para os trabalhadores? Para os trabalhadores, face à desvalorização salarial e perda do poder de compra, a empresa sugeriu um aumento de 58 cêntimos diários, insuficiente para comprar um pacote de meio quilo de massa.
O pré-aviso de greve apresentado pela Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (Feviccom/CGTP-IN), a que o AbrilAbril teve acesso, expressa as reivindicações definidas pelos trabalhadores: o aumento de 60 euros nos salários, um subsídio de refeição de 7 euros e a aplicação das diuturnidades para todos os trabalhadores, sem discriminação.
Abrangidos pelo presente pré-aviso de greve no dia 1 de Junho, entre as 00h e as 24h, estão todos «os trabalhadores cujo horário de trabalho se inicie antes das 00h ou termine depois das 24h do dia 1 de Junho».
A disparidade entre os lucros da empresa e os parcos salários auferidos pelos trabalhadores tem de ser resolvida: «é preciso que os trabalhadores corticeiros da Amorim Florestal sejam tratados com a consideração e a dignidade que exigem e merecem», defende, em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Similares, Construção, Madeiras, Mármores e Cortiças do Sul e Regiões Autónomas (STCCMCS/CGTP-IN).
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