Os abusos das empresas no transporte de mercadorias

Os trabalhadores de transporte de mercadorias estão sujeitos a vários abusos: baixos salários, esgotantes jornadas de trabalho, precariedade laboral e descanso nos camiões, são alguns dos problemas denunciados pelos sindicatos.

O STRUP denuncia empresas que obrigam os trabalhadores a viver largos períodos no camião, afastados da família
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O Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) e os sindicatos espanhóis dos Servicios a la Ciudadanía Carretera (CCOO) realizaram ontem uma acção de sensibilização na fronteira de Vilar Formoso/Fuentes de Oñoro sobre o contexto de abusos cometidos pelas empresas e a deterioração dos salários e condições de trabalho dos trabalhadores do sector de mercadorias.

Segundo o STRUP, neste sector é necessário um plano urgente para acabar com o que chamam de «empresas-fantasma». Estas são empresas deslocalizadas que procuram condutores estrangeiros com salários mais baixos e piores condições, poupando assim na segurança social, obrigando os trabalhadores a viver largos períodos no camião, afastados da família, e pressionando-os para colocar a condução e a entrega das mercadorias à frente do cumprimento das normas laborais e da segurança rodoviária. 

«Estas são empresas deslocalizadas que procuram condutores estrangeiros com salários mais baixos e piores condições, poupando assim na segurança social»

São feitos também alertas para a crescente insegurança física, pelos roubos, pelos maiores riscos de acidentes devido às esgotantes jornadas de trabalho, que incluem  não só conduzir, mas também a carga e descarga dos camiões, sempre sob a ameaça da perda do emprego. 

Os sindicatos exigem um plano preciso e eficaz contra o dumping social, com uma inspeção eficaz e especializada, com a proibição do descanso semanal na cabina e com o fecho das empresas infractoras. Defendem que se cumpram estritamente as normas do tempo de trabalho e descanso, o salário digno, e as férias pagas, de acordo com as condições vigentes no país onde se realiza o trabalho. Exigem ainda que se proíba a figura do trabalhador a «falsos» recibos verdes e os contratos de aluguer de veículos sem condutor.

Os representantes dos trabalhadores reivindicam o fim da precariedade laboral, que tem consequências  no aumento de doenças profissionais e no aumento do número de acidentes e de mortes no trabalho, que já atingem em média uma morte por dia na Península Ibérica. «A fadiga mata», e um dos lemas usados pelos sindicatos.

Os sindicatos demonstram que os trabalhadores do sector lutam pelas seguintes exigências:  a erradicação das «empresas -fantasma», o salário igual para trabalho igual, a proibição do descanso semanal na cabina, defendendo que este seja em casa, a proibição de que a carga e descarga seja feita pelo condutor, e a defesa do contrato colectivo de trabalho.

Esta iniciativa foi inserida na semana de acção internacional que é promovida pela ITF (International Transport Workers' Federation) há mais de 20 anos, onde participam mais de 700 sindicatos de todo o mundo. 

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