A luta avança e consolida-se. Prova disso mesmo é o plenário realizado esta manhã na loja da ITX/ZARA da Rua Augusta. Cerca de uma dezena de trabalhadores e dirigentes sindicais juntaram-se à porta da empresa para vincar as suas justas reivindicações. O plenário de hoje surge de um processo iniciado em Junho e que tem vindo a juntar cada vez mais trabalhadoras.
A ITX/ZARA conta com um total de 15 lojas só no concelho de Lisboa, quatro dessas são lojas de rua, segundo Cátia Carvalho que foi hoje eleita delegada sindical. De acordo com a mesma, o objectivo do plenário foi juntar a luta à eleição de uma delegada porque, assim, terá tudo mais força.
Na intervenção de Célia Lopes, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços (CESP/CGTP-IN), ouviu-se que «os trabalhadores das lojas de rua trabalham o dobro dos trabalhadores de loja dos centros comerciais», algo que a levava a questionar sobre onde estava a valorização dos trabalhadores. A dirigente ilustrava ainda a forma de tratamento do patronato, dizendo que «dizem que não despedem. Pois não. Transferem os trabalhadores para lojas a 20 quilómetros e aplicam metade do horário para serem os trabalhadores a despedir-se». No final, Célia Lopes reiterou que «quem produz a riqueza são vocês! A luta vai continuar».
Ao AbrilAbril, as trabalhadoras partilharam um conjunto de testemunhos. Telma Fernandes, comercial da secção de criança, trabalha para a empresa há 19 anos e diz que actualmente não há progressão de carreiras havendo trabalhadoras que «estão na empresa há 10 anos, há 20 anos ou mais anos e não recebem mais nada por isso. Ou seja, não há uma valorização do trabalho de ninguém». Telma diz ainda «há que lutar. A empresa não dá nada a ninguém. Temos mesmo que lutar. A empresa tem lucros e aumenta-os de ano para ano e nós não somos aumentadas».
Uma outra trabalhadora, Sofia Fernandes que trabalha há 22 anos no grupo Inditex diz que tanto ela como as suas colegas não se sentem valorizadas. A «empresa só tem lucros e esses lucros podiam ser repartidos pelas pessoas que cá trabalham», constata. O contrato de Sofia Fernandes diz que a sua ocupação é primeira caixeira, mas acaba por acumular funções e chega a entrar às 7h da manhã para fazer trabalho de reposição, armazém e receber encomendas, para além do que tem que fazer de acordo com o vínculo, não recebendo mais por isso.
O caderno reivindicativo construído pelos trabalhadores da loja é muito claro. Entre as 14 exigências feitas destaca-se o aumento de salário em 100 euros para todos os trabalhadores, 25 dias úteis de férias, valorização das carreiras profissionais com uma diferenciação mínima entre categorias no valor de 50 euros, quadros sindicais em todas as lojas e redução gradual do tempo de trabalho para as 35 horas.
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