A Associação Cultural Re-Criativa República 141 em Olhão apresenta neste momento a exposição «Três Artistas Três Exposições» até 14 de novembro. Nesta exposição participam três artistas, Rita Damásio, Henrique Silva e Helga Esteves.
Os trabalhos para a Exposição de Rita Damásio, que tem como título «REFÚGIO», surgiram durante o primeiro confinamento. Esta exposição de pintura acrílica em tela, retrata (…) «a calma, a complexidade e a irreverência das paisagens do sapal, onde o azul do céu, o verde da vegetação e o amarelo dos pastos contrastam com o rosa das salinas. Uma junção de elementos que transborda cores e trilha um caminho de beleza. Um refúgio de boas vibrações durante um período apocalíptico». Rita Damásio tem 33 anos e nasceu em Olhão.
A Arte Multimédia, também conhecida como Arte Digital, ou Arte Interactiva, são projetos que usam as «tecnologias emergentes e se preocupam com as possibilidades estéticas culturais e políticas destas ferramentas»2.
Poderemos ver a sua origem em paralelo com o movimento Dada, nos anos 20 do século XX, quando por «reação à industrialização do armamento de guerra e á reprodução mecânica do texto e das imagens» se sentiu necessidade de dar «uma resposta à revolução da tecnologia da informação e á digitalização das formas culturais».
Após a afirmação das novas tecnologias do vídeo como movimento artístico na década de 60 é apenas no início dos anos 90 que começam a despontar os primeiros projetos artísticos utilizando a internet e os computadores como meio de circulação e legitimação de obras de arte digital no meio artístico, acabando por integrar uma das mais prestigiadas exposições de arte contemporânea e da arte moderna internacional, a Documenta X, em Kassel, na Alemanha, em 1997.
Henrique Silva apresenta a exposição «K8 creative coding, generative art», onde o artista utiliza uma das linguagens da Arte Digital, a arte generativa, que além de serem interativas, permitindo algumas delas a participação do espetador, como o artista refere no texto, «é uma forma de arte que é criada utilizando um algoritmo, escrito numa linguagem de programação. Nesta exposição vão ser apresentadas duas séries de prints, a partir de imagens geradas por dois programas desenvolvidos pelo artista. O artista refere que, «subjacente ao algoritmo, está sempre presente a ideia estética do artista, sem a qual não haveria a possibilidade da realização da obra». Em OpenProcessing poderá ver alguns dos seus trabalhos.
A fotógrafa Helga Esteves resume a sua exposição de fotografia «#quasepintura», como um «registo fotográfico entre o quotidiano, o olhar pictórico e as possibilidades poéticas». A artista, ao revelar o seu método de criação, descreve que «as imagens captadas num quase tropeço na realidade envolvente surgem da observação e questionamento do campo visual, cujos enquadramentos as distanciam do referente, transformando-as numa qualquer coisa, por vezes indistinta, abstrata».
No Museu de Portimão3 decorre a exposição «Somos todas as Cores», do ceramista e escultor alemão Hein Semke (1899-1995), até 14 de novembro.
Esta exposição apresenta um conjunto de trabalhos de pintura, desenho, monotipia, escultura e xilogravura de uma enorme diversidade cromática, realizados pelo artista em Portugal, entre 1963 e 1976, assinalando desta forma o 13.º aniversário do Museu de Portimão e integra o programa da Semana da Interculturalidade. As peças foram selecionadas de entre a coleção de 1672 obras originais de Hein Semke, pertencentes ao Museu de Portimão.
Com curadoria de José Gameiro, esta exposição mostra-nos «a multifacetada, experimental e colorida forma de tratar o rosto, o corpo e a figura humana, em especial a feminina», como temática fulcral da obra de Hein Semke.
O texto do curador refere também «a visão do escultor de formas fechadas, essenciais e austeras, que resume a figura humana no volume do torso ou se centra na cabeça ou na máscara e que, nos trabalhos sobre tela ou papel, recusa a ilusão da perspectiva. O artista cria volumes mínimos de camadas de tinta ao sobre imprimir monotipias, enquanto na xilogravura recupera a tridimensionalidade no talhar das madeiras, por vezes transformadas em relevos autónomos, como no caso das matrizes da série «Parlamento». Para Hein Semke, «a arte era o caminho para o conhecimento de si próprio e dos outros, no qual nós somos um todo único nesse universo de múltiplas cores», tal como refere no excerto do seu poema escrito em 1948; «e no fim, contudo, por mais variadas que sejam as cores, o anel fecha-se num círculo eterno no seu carácter único.»
Depois da sua formação artística em Hamburgo, Hein Semke veio para Portugal, em 1932, e durante esse longo período contribuiu para uma valorização da vertente expressionista na arte portuguesa, através da sua enorme produção artística em diversas áreas, «destacando-se na escultura, pintura, desenho, colagem, gravura e, muito em especial, como grande renovador da cerâmica portuguesa».
Foi colega de Sarah Affonso, Júlio, Vieira da Silva, Arpad Szenes, Mário Eloy e Almada Negreiros, entre outros, participou em inúmeras exposições individuais e mostras coletivas, encontrando-se representado no Museu da Gulbenkian, no Museu do Chiado, Museu do Azulejo, Museu Nacional Soares dos Reis, Museu de Lisboa, e, mais recentemente, no Museu de Portimão.
Numa brochura publicada em 2016, por altura da atribuição do nome de uma artéria da cidade de Lisboa4, refere-se que Hein Semke «nos primeiros quinze anos pôde dedicar-se à escultura, a sua forma de expressão maior. (…) Em 1933, no jornal República, Rui Santos escrevia: "Semke é um escultor! Os seus trabalhos, onde sobressai o Artista, são do melhor e (pela liberdade de expressão) do mais actual que os Portugueses devem ter visto nesta terra. Semke é um primitivo que surgiu na nossa época (...)." (…) A partir da década de 50 a cerâmica tornou-se predominante na sua produção, em virtude das dificuldades económicas que o impediam de dedicar-se à escultura. Hein Semke é considerado um dos grandes renovadores e impulsionadores da cerâmica portuguesa, sobre a qual afirmou: "(...) a cerâmica é um campo aberto a novos rumos. (...) A cerâmica em Portugal tem sido explorada, apenas, industrialmente. É preciso que o seja, também, artisticamente, como sucede em todo o mundo"»5.
A sétima edição da Festa da Ilustração em Setúbal realiza-se entre outubro e dezembro de 2021, onde participam mais de uma dezena de exposições de autores de diferentes gerações da ilustração nacional e internacional, o programa inclui ainda workshops, música e cinema.
Ainda para ver durante o mês de novembro destacamos a exposição «Ilustração Portuguesa» no espaço A Gráfica – Centro de Criação Artística que conta, entre outros, com trabalhos de André Carrilho e de Nicolau, Ver ao Perto e Ilustração de Espetáculo – FOmE no MAPS, até 14 de novembro e os trabalhos do ilustrador veterano João Carlos Celestino Gomes poderão ser revisitados na Galeria Municipal do 11, até 27 de novembro.
Até ao dia 28 do mês de novembro poderemos ver a exposição de desenho «A Vida das Coisas (E Ainda Algumas Coisas da Vida)» da convidada especial desta edição, a artista Marta Madureira, com uma mostra na Casa da Cultura. Neste espaço de exposições podemos também ver o trabalho do artista canadiano Pierre Pratt, o convidado estrangeiro desta edição.
Na Casa do Largo, apresenta-se a exposição «Futurando», no espaço Atelier Zé Nova a exposição «Heitor Nova: My Human and I – Cartoons para sorrir de um gato que tinha um humano» do ilustrador setubalense Zé Nova e no Museu do Trabalho Michel Giacometti a exposição «Preto no Branco», de Vasco de Castro, as três exposições são também para visitar até 28 de novembro. Podemos ainda ver uma exposição de Marta Madureira na Biblioteca de Azeitão até 30 de dezembro.
José Teófilo Duarte, o curador da Festa da Ilustração frisou que, mais do que o crescimento qualitativo verificado de edição para edição, o certame procura aprimorar-se e destacar-se cada vez mais. «Queremos mostrar as coisas em primeira mão e esbater a fronteira entre a grande arte e as criações mais quotidianas.» O Programa completo pode ser consultado aqui.
A Galeria Municipal Orlando Morais – Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva6 na Ericeira apresenta a Exposição de Pintura «Mitos» de Maria João Gromicho (1956, Ericeira), até 7 de novembro.
A artista desenvolve o seu trabalho artístico entre a tapeçaria, a pintura e a ilustração e expõe em individuais e coletivas desde 1988, destacando esta exposição individual na Ericeira, local onde nasceu. Como formação, frequentou o Atelier de Tapeçaria Contemporânea de Gisella Santi e o Atelier de Pintura «Arte Ilimitada» de Filipe Rocha da Silva. Em 2010 realizou a ilustração dos livros O dia em que o mar desapareceu e O dia em que a mata ardeu com texto de José Fanha.
- 1. Associação Cultural Re-Criativa República 14 – Av. da República, 14 – Olhão. Horário: Terça a Sábado, das 10h às 22h30; Domingo, das 17h às 22h30
- 2. Mark Tribe, Reena Jana e Uta Grosenick, New Media Art, Ed.Taschen, 2007
- 3. Museu de Portimão, Rua D. Carlos I, 8500 – 607 Portimão. Horário: terça-feira, das 14h30 às 18h; quarta a domingo, das 10h às 18h
- 4. Hein Semke, Comissão Municipal de Toponímia, Textos de António Adriano, Design de Ernesto Matos, Ed. Câmara Municipal de Lisboa, 2016
- 5. Balté, Teresa (ed.), Hein Semke. A coragem de ser Rosto, INCM, Lisboa, 2009, pág. 95
- 6. Casa Da Cultura Jaime Lobo e Silva, R. Mendes Leal, 2655-228 – Ericeira. Horário: terça a sábado, das 10h às 13h e das 14h às 19h; domingo das 15h às 18h
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