São três as exposições de cerâmica a visitar no Armazém das Artes, em Alcobaça1. «José Aurélio – Uma Retrospetiva De Cerâmica», uma retrospetiva de cerâmica do artista José Aurélio, que durante 10 anos desenvolveu obras que tiveram a cerâmica como principal forma de expressão artística, passando posteriormente a explorar diversos materiais, como madeira, ferro e pedra. Diversos são os seus trabalhos de escultura de Arte Pública, que ocupam muitos espaços por todo o país.
A outra exposição que poderá ver no Armazém das Artes, em Alcobaça, é «45/24 - Pratos Da Guerra, Pratos De Paz», inspirada pela iniciativa da Olaria de Alcobaça nos anos 40, «que relatava os avanços dos aliados na II Guerra Mundial», exibindo agora de novo as peças que integraram a primeira exposição de «Pratos da Guerra, Pratos de Paz», mas desta vez em diálogo com peças de cerâmica de artistas contemporâneos convidados a refletir sobre o tema guerra e paz, que no contexto atual se tornou tão emergente, exigindo de todos nós a intransigente defesa da paz. Nesta exposição participam os artistas: ana+betânia, José Aurélio, Liliana Sousa, Paulo Óscar, Sofia Areal, Thierry Ferreira, Virgínia Fróis, Conceição Cabral e Wilson Esperança. Estas duas exposições poderão ser visitadas até dia 2 de março de 2025.
E, por último, o Armazém das Artes em Alcobaça, apresenta até 31 de dezembro, a exposição «Cerâmica Mediterrânica e a sua Influência Global», que resulta de uma convocatória da Academia Internacional de Cerâmica (AIC), convidando 45 artistas de 26 países. Esta exposição decorre no âmbito do 51.º Congresso Internacional de Cerâmica realizado em Alcobaça e Caldas da Rainha.
Informamos ainda que a Academia Internacional de Cerâmica (AIC) apresenta no Centro Cultural e Congressos de Caldas da Rainha2 a exposição «Cerâmica Contemporânea Portuguesa», que pode ser visitada até 30 de novembro, com a participação dos artistas: Sofia Beça, João Carqueijeiro, Ana Rocha da Cruz, Carlos Enxuto, Stela Ivanova, Heitor Figueiredo, Xana Monteiro e Yola Vale.
A Galeria Municipal de Corroios3, no Seixal, apresenta a exposição «a Vida (ENTRE) e a Morte» de Pedro Santos (aka Zacky Santos). A exposição decorre até 26 de outubro.
O artista defende que existe um contraponto ao mundo real, que é o mundo virtual e que este mundo tem vindo a ter cada vez mais pessoas que se tornam dependentes desta forma de estar na vida, afastando-se totalmente do mundo real. Sendo esta a questão central que a exposição «a Vida (ENTRE) e a Morte» aborda, valorizando «a importância da vida real, da natureza e da beleza simples das coisas que existem, explorando o contraste com o que antevemos que poderá ser a evolução humana, se muitos de nós continuarem a seguir um caminho de exclusão social e de retiro humano, que nos transporta para as sensações e experiências virtuais, como uma forma de vida alternativa.»
A técnica utilizada nos trabalhos está entre o spraypainting e a escultura, onde o artista realiza gravuras em cartão grosso reciclado, com o uso de x-ato, apresentando também contornos de aproximação à arte urbana. O autor pretende que as suas obras, mais do que provocar uma experiência artística «possam ser também um momento de reflexão e sentimento sobre o tema, porque é importante reconhecer o momento atual e decidir a cada momento o caminho que se segue… sem esquecer a importância do autoconhecimento e do respeito por nós, pelos outros e pelo ambiente».
Ainda no Seixal, ao percorrermos a Estrada Nacional 10, nas Paivas, Amora, deparamos com uma galeria de arte ao ar livre, com trabalhos de 16 jovens artistas ao longo da estrada, a 15.ª edição do Drive in Arte, que ainda podemos ver até final do mês de outubro, um projeto que cruza as linguagens artísticas com o espaço público, potenciando a interação entre públicos, artistas e suas criações.
A Galeria Serpente4, no Porto, apresenta «História natural (2024)» de Antonio Uriel, uma exposição de fotografia, que podemos ver até 26 de outubro de 2024.
Antonio Uriel apresenta nesta exposição um dos seus projetos mais recentes, uma série de fotografias intitulada «História Natural» (2024), que se situa na tradição aberta pelo pintor surrealista Max Ernst5, mas tentando conectar-se com o significado desse conceito no pensamento dos anos posteriores à Grande Guerra.
Antonio Uriel revela-nos no texto da exposição, que «... A história natural pode ser a ficção atravessada pelo documento nas fotografias, ou talvez seja o contrário. Assim é a dialética entre arquivo e montagem. Uma espécie de imagem semiótica da memória? A presença de materiais de representação já obsoletos, que se tornam genuinamente significativos como ruínas, ironicamente nos remete ao projeto de Benjamin sobre a pré-história da modernidade». Sobre a importância de trabalhar com o arquivo, o autor, esclarece numa entrevista, que existe aqui, «um eco de uma passagem fundamental e conhecida: a do Anjo da História das Teses sobre a História, de Walter Benjamin, que olha para o passado e contempla um panorama de catástrofes que não pode remediar porque o vento furacão do progresso o empurra para frente.»
Antonio Uriel (n. Saragoça em 1957) estudou Filologia Hispânica e obteve o doutorado em Belas Artes com uma tese sobre «Semiótica e Estética da Fotografia». As suas imagens foram já exibidas em diferentes exposições de fotografia espanhola na Europa, Marrocos, América Central e América do Sul. As suas fotografias podem ser vistas como uma interpretação da experiência que traduz influências geracionais por meio de uma conceção pessoal de montagem.
O Lugar do Desenho, na Fundação Júlio Resende6, em Gondomar, apresenta «Viagens do Olhar», uma exposição de Victor Costa, que pode ser visitada até 7 de dezembro. Segundo um depoimento do artista, «todo o processo criativo se desenvolve numa relação com o visível, o real ou o que resta dele. O ato de pintar sempre viveu de uma aliança entre a matéria da pintura e a ilusão da imagem, esta dicotomia atravessa todo o meu trabalho.»
Num passado mais longínquo a minha pintura viveu das viagens pelo mundo, dos sinais que estruturavam as minhas composições e o espaço pictórico, nos últimos tempos talvez década e meia, o pretexto, a base do meu trabalho passa a estar mais próximo do universo visual do cotidiano, os referentes são outros, são ambientes de periferias urbanas, estaleiros, núcleos industriais, instalações portuárias e outros.»
Laura Castro, no texto para esta exposição, apresenta a obra de Victor Costa (n. Guimarães, 1944) como sendo da «ordem da continuidade e da transformação... do movimento contínuo, da deslocação, da jornada», encontrando na palavra circulação a ideia fundamental do seu trajeto artístico e, quanto aos trabalhos mais recentes (2023 e 2024) que apresenta no Lugar do Desenho, refere que «testemunham o gosto do pintor pela grande dimensão, seja a do desenho, seja a da pintura. A grande dimensão permite-lhe, neste momento em que celebra 40 anos de pintura, divagar e deambular pela obra já realizada, revisitá-la, recuperar de maneira diversa a memória de décadas de trabalho e atribuir outro fôlego, outra respiração, a elementos que se reconhecem como seus.»
- 1. Armazém das Artes - Rua Engenheiro Duarte Pacheco 38, Alcobaça. Horário: quinta e sexta-feira, 14h-17h; sábado e domingo 10h-12h30 e 14h-18h.
- 2. CCC - Centro Cultural e Congressos de Caldas da Rainha - R. Dr. Leonel Sotto Mayor 23D, 2500-227 Caldas da Rainha, Portugal. Horário: segunda e terça-feira, 10h-13h e 14h-18h; quarta a sexta-feira, 10h-13h e 14h - 21h; sábado, domingo e feriados, 15h-18h.
- 3. Galeria Municipal de Corroios - Rua Cidade de Leiria, 1 A 2855–133 Seixal. Horário: terça a sábado, 15h-19h.
- 4. Serpente - Galeria de Arte Contemporânea - Rua Miguel Bombarda, 558 4050-379 PORTO. Horário: quinta a sábado, 15h-19h.
- 5. Livro ilustrado História Natural, publicado por Ernst em 1926, com 34 desenhos onde Ernst ensaia a técnica de frottage, que consiste em decalcar os padrões de uma superfície heterogénea para o papel e usar as formas resultantes como génese do processo criativo.
- 6. Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende - Rua Pintor Júlio Resende, 105 4420-534 Valbom, Gondomar. Horário: segunda a sexta, 9h30- 12h30 e 14h30-18h30; sábado: 14h30-17h30.
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