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Festa do «Avante!»: O imprescindível concerto de abertura

Como sempre, desde que os concertos sinfónicos marcam a abertura da Festa no seu palco principal, a Orquestra Sinfonietta de Lisboa executou com o rigor e o brilhantismo que lhe são reconhecidos o programa musical deste ano.

Créditos / FA!

Desde que o concerto de abertura da Festa do Avante! é dedicado à música sinfónica são bem visíveis dois traços dominantes: a coerência dos programas e o assinalar de um facto, histórico e/ou musical, a ser sublinhado no calendário desse ano. 2024 é marcado pelos centenários de dois músicos portugueses que, por razões diversas, são marcantes na música nacional: Joly Braga Santos e Carlos Paredes, que foi durante toda a sua vida destacado militante do PCP.

Percursos musicais bem distintos, mas ambos indissociáveis da história da música portuguesa. Uma evidência impunha-se, a do concerto ter duas partes dedicadas a cada um desses músicos, duas partes que, pelas características de ambos, seriam muito diferenciadas. Outra evidência era o desafio que se colocava aos organizadores do programa musical de essas duas partes, ainda que dessemelhantes, não serem uma fractura exposta. Além dessas questões, a obra de Joly Braga Santos, pela sua distinção e dimensão – é provavelmente o compositor português que terá sempre obra mais vasta – onde são possíveis identificar vários períodos, seriam impossíveis de sintetizar num único concerto pelo que haveria que fazer opções que sublinhassem a incessante procura de Joly Braga Santos de, «não desdenhando as conquistas do séc. XX, falassem ao homem comum com simplicidade e clareza», como repetidamente afirmou na sua relevante actividade como divulgador musical.

Em relação a Carlos Paredes, pela unidade da sua obra, era relativa e aparentemente mais fácil fazer-se uma escolha de temas que ele virtuosisticamente executou no que escreveu e no que improvisou. O problema a equacionar era outro, o de não limitar essa segunda parte do concerto a uma execução em guitarra portuguesa de músicas de Paredes, dando a conhecer as suas imensas virtualidades.

De Joly Braga Santos foram seleccionadas três peças, Noturno para Orquestra de Arcos, a Abertura Sinfónica nº3, a suite de bailado Alfama. São algumas das suas obras mais conhecidas e tocadas, que evidenciam tanto a universalidade e redefinição do compositor bem como a sua ligação à cultura portuguesa.

Em relação a Carlos Paredes, a opção foi a de se orquestrar algumas das suas músicas mais emblemáticas com a presença destacada da guitarra portuguesa muitíssimo bem entregue à execução de Paulo Soares. Entre todos os temas tocados, foram muitos, o relevo vai naturalmente para os Verdes Anos que, de algum modo, universalizaram o génio de Carlos Paredes que já se tinha inscrito na história da música portuguesa.

«É um lugar comum afirmá-lo, mas os lugares comuns justificam-se, não se desgastam quando ano após ano o reencontro entre os milhares de espectadores, a orquestra, os seus integrantes, o seu maestro repete com inegável êxito os exigentes programas que são executados num abrir de Festa, uma das suas marcas culturais que se tornou imprescindível.»

A feliz opção de seleccionar três peças orquestrais a partir da obra de Carlos Paredes foi também a oportunidade de mostrar o trabalho de três jovens compositores, Francisco Tavares, Luís Cardoso e Tiago Derriça, uma tónica que se tem vindo a consolidar na programação dos concertos sinfónicos da Festa do Avante!, com a divulgação de compositores portugueses, muitos deles jovens, a par de músicos, intérpretes e cantores que são a comprovação que a música erudita, da música antiga com destaque para a barroca à música contemporânea, adquiriu no Portugal pós-25 de Abril um espaço extraordinário quando comparado com o que ocupava, expandindo-se e relevando toda uma constelação de jovens, em todos os seus patamares, o que é verificável em todo o país. Uma realidade a que uma festa com forte vínculo cultural como a Festa do Avante! não poderia ficar alheia.

Este ano, como em anos anteriores com uma presença crescente de jovens, mais se afirmou quando Vasco Pearce de Azevedo cede, nalgumas das obras executadas, a sua batuta à jovem maestra Constança Simas, um valor que se tem afirmado desde que fez a sua estreia convidada para dirigir a Orquestra Gulbenkian. Como sempre, desde que os concertos sinfónicos marcam a abertura da Festa no seu palco principal, a Orquestra Sinfonietta de Lisboa que tem, desde a sua fundação em 1995, por Director Artístico e Maestro Titular, Vasco Pearce de Azevedo, executou com o rigor e o brilhantismo que lhe são reconhecidos o programa musical deste ano.

É um lugar comum afirmá-lo, mas os lugares comuns justificam-se, não se desgastam quando ano após ano o reencontro entre os milhares de espectadores, a orquestra, os seus integrantes, o seu maestro repete com inegável êxito os exigentes programas que são executados num abrir de Festa, uma das suas marcas culturais que se tornou imprescindível.

Uma última referência para a qualidade informativa e pedagógica das notas sobre a programação de música sinfónica insertas no Programa da Festa que são um guia essencial para a compreensão, não só da música que se vai ouvir, como dos objectivos subjacentes às escolhas programáticas. 

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